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Finn mentiu. O próximo bebê não foi nosso e nunca seria.
Eu era infértil.

Quando tinha seis anos minha mãe sentou comigo na cama, falou que um dia eu entenderia seus motivos para me colocar de castigo. Minha mãe disse que eu veria como era precisar de alguém mais do que precisava de ar e que eu seria uma ótima mãe, assim como era com minhas bonecas.

Minha mãe também mentira para mim. Quando o resultado daquele exame temido chegou Finn estava me abraçando de leve e tinha o nariz encostado ao meu pescoço.

— Sinto que não posso fazer isso, Finn. — sussurrei, olhando para nada em especial. — Não consigo fazer isso.

— Millie... — Ele levantou a cabeça, virou meu queixo com o dedo e ficou a minha frente.

Não conseguia encarar ele. Finn queria filhos, eu sabia disso, com todas as minhas forças, e essa era a única coisa que eu sabia que não tinha poder sobre.

— Olhe para mim, Millie. — ele sussurrou passando o dedo levemente por minha bochecha.

Os olhos do meu noivo estavam nublados, preocupados e apreensivos; além de amorosos e compreensivos.

— Eu estou aqui, não vou deixar você. Esse teste não vai nos definir, você entende isso, meu amor?

— Finn...

— Eu preciso que você acredite em mim. Caso tenhamos um bebê ou não isso não afeta meu amor por você. Vamos seguir em frente, lado a lado. — ele encostou nossas testa, na sala de espera do laboratório. — Vamos criar cem cachorros, adotar mil crianças se isso te fizer feliz. Amo você.

— Millie Brown! — o recepcionista chamou e me entregou o pacote de exames.

Nosso médico ficou triste quando abriu os papéis. Disse que poderíamos tentar a adoção após o casamento, que vários casais eram felizes com isso e nós também seríamos...

Eu não me sentia feliz.

— Preciso ficar sozinha. — falei baixo.

— Não. Você precisa de mim, do nós. Você não está sozinha, Millie. — Finn falou baixo, me abraçando. — Vamos para casa.

As lágrimas não ficaram presas na minha imaginação. Foram horas, sendo ninada, abraçada e beijada por Finn. Suas mãos escorregavam pela minha barriga lisa e eu engasgava com minha própria tristeza.

— Está tudo bem... — ele sussurrava me apertando contra si. — Tudo bem...

Foram meses até que eu levantasse a cabeça e dissesse que estava tudo bem. Finn sempre ao meu lado, limpando minhas lágrimas, beijando minhas mãos, afagando meu cabelo.

Nosso casamento seria no mês seguinte, enquanto eu estava triste todos se empenharam em preparar cada detalhe para o dia. Da decoração até os sapatos que Finn usaria.

Meu vestido era uma releitura do que minha mãe usara, meu pai me viu duas vezes nele e chorara tanto que fiquei com medo de acabar escorregando ao caminho do altar no dia.

Os ensaios sempre acabavam com Finn tirando qualquer que fosse a roupa que eu usava, ele falava que toda a ansiedade o deixava feliz demais.

Duas semanas antes do grande dia, eu e Wolfhard começamos a preencher os papéis para visitar o orfanato. Minha mão estava tremendo quando fui preencher o espaço para nossos nomes e Finn me abraçou por trás, tirando a caneta da minha mão e completando o processo.

— Preciso que você relaxe, Mills. — ele sussurrou contra minha nuca, dando um beijo suave nela. — Não podem nos deixar ver crianças se você acabar desmaiando na entrada.

Party girl. | Fillie Onde histórias criam vida. Descubra agora