Nunca Mais Vista

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Sarah empenhou-se em encontrar pistas sobre os desaparecimentos nos dias que se seguiram ao início oficial do caso. Tentou encontrar informações com os policiais responsáveis da equipe de buscas, mas eles tinham pouquíssima coisa a oferecer; no final eles é que pegaram informações com ela.

- Bando de inúteis - ela falou, batendo a porta do carro ao entrar. Luan a esperava para juntos interrogarem os familiares das garotas desaparecidas.

- Você está mais estressada que o normal - Luan disse, dando a partida. - precisa relaxar um pouco. Desde que começamos as investigações você não parou um minuto sequer.

- É porque eu tenho cada vez mais certeza de que essas meninas sofreram um destino terrível - Sarah tentou arrumar os cabelos, sem muito sucesso. - Sabe o que esses incompetentes da equipe de busca me disseram? "Uma hora elas aparecem"! Olha que absurdo!

- Eles não estão habituados a reconhecer padrões de desaparecimentos - Luan tentou justificar. - São oficiais de uma cidade pequena, não detetives do FBI.

- Também somos policiais dessa mesma cidade, e nem por isso somos incompetentes - Sarah retrucou. - A questão é que eles querem acreditar que essas meninas fugiram, é mais fácil que realmente procurá - las.

- Contra isso não tenho argumentos - Luan admitiu.

Os dois não disseram mais nada durante o trajeto de carro. Estavam indo até a casa da última garota desaparecida, Vivian, sobrinha do chefe de polícia. Ela havia sumido misteriosamente na manhã de terça feira, três dias atrás, e nunca mais foi vista. Marcos cobrava todos os dias alguma evolução para o caso. Agora que é com a sobrinha dele esse merda se importa, pensou Sarah.

Luan estacionou o carro em frente à casa amarela onde moravam os parentes da menina. Sarah bateu palmas quando constatou que não havia campainha.

Após alguns minutos de espera uma mulher veio atendê-los. Parecia extremamente abatida, os olhos fundos e escuros com aspecto de que choravam constantemente. Atrás dela surgiu também um homem carrancudo e quase totalmente careca.

- Bom dia - Sarah disse. - Meu nome é Sarah e este é meu parceiro Luan. Somos os detetives encarregados de investigar o desaparecimento de Vivian Macedo, e gostaríamos de falar com os pais dela. Imagino que você seja a mãe, correto?

A mulher olhou-os por um instante, mas nada disse. Depois, só assentiu para indicar que realmente era a mãe de Vivian.

- Entrem - disse ela por fim, abrindo espaço e indicando o interior da residência. Luan e Sarah entraram, murmurando "com licença".

A mulher indicou um sofá e os dois detetives sentaram-se. A senhora sentou defronte deles, mas o homem carrancudo esperou em pé, mirando-os com os braços cruzados e expressão de intenso desagrado.

- Bem - Sarah começou. - seu nome é Maria do Rosário, correto? Tenho em minha ficha as suas informações. Senhora, primeiro eu gostaria de saber a sua versão sobre o desaparecimento de Vivian. O que ela disse ou fez na terça feira, com quem se encontrou.. todas as informações que puder me passar serão de grande ajuda.

A mulher ia responder, mas o marido dela foi mais rápido:

- Ah, quer dizer que agora vocês querem saber disso, né? - ele descruzou os braços, apontando um dedo aos oficiais. - Quando aqueles seus colegas idiotas vieram aqui só quiseram saber sobre a vida amorosa da minha filha, e só tinham duas teorias; ou que ela fugiu com um amante para não se casar ou fugiu pelas drogas. O cúmulo foi quando disseram que podiam ser as duas coisas juntas! Isso é uma falta de respeito com a nossa menina!

Sarah se mexeu desconfortável no sofá. Luan foi quem tentou acalmar o homem:

- Senhor, acredito que seu nome seja Carlos, correto? - Luan perguntou. - Deixe-me pedir imensas desculpas em nome do departamento de polícia. Não deveríamos ter feito nada tão doloroso a vocês. Mas minha parceira e eu estamos aqui agora para ouvi-los e tentar de tudo para encontrar Vivian.

- Não descansaremos até encontra lá – Sarah disse – e não acredito que ela tenha fugido. Há relatos de pelo menos vinte e oito desaparecimentos com as mesmas características deste.

- Vinte e oito? – a senhora respondeu, e ficou claro que Sarah dissera a coisa errada. Deixara a mulher apavorada. – E nenhuma delas foi encontrada?

- Bem – Sarah disse, olhando de lado o parceiro. – Não. Nenhuma foi encontrada, mas temos boas pistas do paradeiro delas – Mentiu para tranquilizar a mulher. – Bem, vamos à pergunta agora? Pode me responder?

- Ah, posso – a senhora enfim começou. – Vivian... é uma menina muito alegre e inteligente, sabe? Dessas que botam os filhinhos de papai ricos no chinelo. Conseguiu passar para medicina em uma grande faculdade, claro, depois de tentar algumas vezes, mas conseguiu. Pois bem, ela foi cursar o primeiro período, mas não gostou e trancou o curso. Disse que não era pra ela. Mas uma coisa boa foi que ela conheceu o Ricardo no curso, e começou a namorar ele..

- Esse rapaz – Sarah interrompeu-a – é Ricardo Dutra, noivo de sua filha, correto?

- Sim, esse mesmo – ela continuou. – Garoto de ouro, ele. Está muito abatido com o sumiço dela. Eles iam se casar no mês que vem..

A mulher caiu no choro. Sarah e Luan ficaram desconcertados, sem saber como prosseguir. Contudo, o pai de Vivian continuou pela esposa:

- Ela saiu de casa três dias atrás, como vocês sabem – Disse ele. – Foi até a igreja onde seria feito o casamento para acertar os detalhes com a administração paroquial. Desde então não tivemos notícias.

- E a igreja foi realmente o último ponto onde ela foi vista? – Luan perguntou, anotando as informações em um bloco de notas.

- Não, não foi – Carlos continuou. – Uma câmera de segurança de um supermercado a duas ruas da igreja mostra que ela estava se dirigindo ao ponto de ônibus, provavelmente para vir para casa. É a última imagem que temos dela.

- Vocês têm essas imagens? – Sarah perguntou.

- Sim, temos. Paguei uma nota por elas. Seus colegas poderiam ter conseguido de graça, mas.. deixa pra lá.

O homem se levantou, foi até outro cômodo e voltou com um pendrive.

- Tomem, fiz uma cópia. Podem levar esse.

Sarah recebeu o pendrive e guardou no bolso.

- O senhor tem mais alguma informação a acrescentar ao depoimento? – Luan perguntou.

- Já disse tudo o que sei aos seus colegas – Ele respondeu. – Só quero que achem a minha menina... minha Vívian.

- Mais uma coisinha – Sarah disse, apontando um lápis para ele. – O senhor saberia me dizer com quem exatamente Vivian falou na igreja? Temos de contatar essa pessoa.

O homem ficou em dúvida.

- Acho que com a coordenação da paróquia.. Não sei realmente.

- Fale com o padre – Maria finalmente dissera algo.

- Com o padre? – Sarah anotou a informação. – mas porque ele?

- Ele com certeza vai ajudar vocês. – Maria continuou, ainda chorosa. – ele me amparou muito depois que ela sumiu. Foi ele quem deu a ideia de pegar a fita do comércio onde ela aparece pela ultima vez. É uma alma pura e gentil, aquele homem.

- Certo – Sarah falou. – e qual é o nome dele?

- Pedro.

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