Epílogo

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Um ano após o incidente, Sarah e a filha Lorena esperavam para pegar um ônibus para outra cidade. Na rodoviária, ela encontrou Luan, que foi ao seu encontro.

- Oi - disse ele, abraçando-a. Quer dizer que você vai embora mesmo?

- Tenho que ir - Sarah disse, com as mãos nos ombros da filha. - O tratamento dela tem que ser concluído na capital. Aqui não vou conseguir nada. E estou afastada mesmo...

- Não te deram nem uma previsão de quando poderia voltar à polícia? - Luan perguntou.

- Pior que não, mas não tem problema. Terei mais tempo para ficar com a Lorena. - Sarah suspirou.

- Ela ainda não está falando?

- Nem uma única palavra - Sarah disse, acariciando os cabelos da filha.

Logo após a morte do padre, Sarah fôra acusada de sua tortura e assassinato, mas o advogado conseguira sua liberdade alegando que ela sofrera grande pressão no sequestro da filha, convencendo o júri de que Sarah teria beirado a insanidade na ocasião. Não foi condenada, mas teve de ser afastada das atividades como policial.

Ademais, ela era tratada como heroína pela população do Brasil; foram descobertos corpos das meninas desaparecidas no cemitério da paróquia, junto com o de Ricardo. O caso fez com que todas as igrejas em que o padre havia trabalhado na vida fossem investigadas, e logo montes de cadáveres foram descobertos em outras cidades pelas quais ele passou. Ao todo, a polícia resgatou noventa e três corpos, frutos dos anos de atividade do caçador.

Lorena ficou traumatizada com o que sofreu nas mãos do maníaco, e perdeu a fala. Era a única que havia sobrevivido das meninas que o padre violentou.

- O que vai fazer para ganhar a vida agora? - Luan perguntou.

- Sabe - Sarah abriu um sorriso - recebi inúmeras propostas de casos misteriosos para investigar. Minha fama se espalhou, sabe... acho que tenho chance de virar investigadora particular. Assim teria tempo para a Lorena...

O ônibus delas chegou. Luan deu um último abraço na ex-parceira.

- Se precisar de mim, é só ligar - disse ele.

- Obrigada. - Sarah respondeu.

Quando estava entrando no ônibus, viu Marcos. Ele fez um aceno para ela com a cabeça. Ela o retribuiu.

O ônibus partiu dez minutos depois. Pela janela, Sarah Hoffman via Limoeiro passar, rumo a um futuro incerto.

O CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora