A madrugada seguia fria e tranquila com seu silêncio respeitoso cortado pelo som dos grilos. No pequeno cemitério atrás da igreja um homem caminhava silenciosamente, deslizando como uma sombra entre os túmulos. Levava nos ombros um cadáver enrolado em panos brancos que outrora fora Vivian, uma jovem cheia de vida e sonhos.
Ela enfim não resistiu aos ferimentos e morreu no segundo dia de cativeiro, não sem antes proporcionar horas e horas de prazer sádico ao seu algoz. Ele, agora satisfeito, cumpria o fim de seu ritual, o enterro da jovem junto de suas iguais. Orgulhava-se da estratégia para esconder os corpos; primeiro, quando capturava sua vítima, escolhia o melhor túmulo do cemitério para enterrá-la. Na primeira madrugada ele cavava até chegar ao caixão do dono original; em seguida, cobria o buraco com uma lona e jogava um pouco de terra por cima para escondê-lo. Como o cemitério pertencia à igreja e era bem pequeno, não havia necessidade de um vigia noturno. Quando enfim ele "libertava" as prisioneiras, levava o corpo até o túmulo cavado e depositava os corpos ao lado do falecido original. Depois disso era só cobrir o túmulo com terra outra vez, e elas adormeciam para sempre.
Essa estratégia fôra muito bem pensada, pois evitava que os corpos ou parte deles fosse descoberta, o que inevitavelmente ocorreria se ele as jogasse no rio ou coisa assim. Como pouca gente visitava os túmulos, visto que eram muito antigos, a terra tinha tempo para se reassentar e apresentar um aspecto de normalidade.Vez ou outra, claro, ele era visto por algum bêbado que passava ao lado do cemitério na madrugada, mas conseguira ludibriar a população contando a história de que "rezava pelos mortos" a mando de Jesus. Os trouxas sempre caem nessa.
Quando enfim ele chegou ao túmulo que havia preparado para Vivian, depositou o cadáver ao lado e pegou a pá. Retirou um pouco de terra para descobrir a lona preta e puxou-a de cima do buraco aberto. Na penumbra da madrugada não conseguia ver nada, mas sabia que o caixão estava aberto só pelo cheiro.Ele deu uma última olhada no corpo enrolado. Desenrolou-a e pegou na bunda morena e perfeita, onde ele tanto se esbaldara no dia anterior. Já estava esfriando, mas seu pênis apertou a calça. Ele pensou em se divertir mais um pouco. Porque não? Aposto que agora ela não vai se importar.
Colocou o cadáver de quatro apoiado em um túmulo um pouco elevado, de mármore, que estava próximo. Abriu o zíper e puxou o membro rígido para fora, penetrando-a devagar e profundamente. Vai-e-vem, vai-e-vem, começou a acelerar. Gemeu baixinho enquanto xingava o cadáver de Vivian, sua respiração ofegante. Retirou o pênis da vagina da falecida e introduziu-o com dificuldade no ânus. O cadáver soltou gases fétidos, mas ele não se importou. Estava acostumado com isso, era apenas o corpo liberando os vestígios intestinais. Sentiu até certo prazer doentio.
Quando enfim liberou o sêmen, sentou-se por um instante no chão de terra, satisfeito. Logo, porém, teve de se levantar. A madrugada ia alta e as quatro da manhã se aproximavam. Ele teria que encher o túmulo novamente com terra até as seis horas, que era quando o sacristão chegava. Depositou o corpo novamente enrolado junto ao antigo morto, fechou o caixão e começou a jogar terra.
A pá trabalhava com um ritmo incansável e quase totalmente perfeito. Pegava a terra ao lado e depositava no buraco com disciplina, encobrindo seus pecados. Poucas vezes ele parou para descansar.
Quando enfim o sol surgiu e as seis da manhã se aproximaram, ele terminou sua tarefa. Limpou a pá e guardou-a na casinha de ferramentas que era feita de madeira. Em seguida foi tomar um banho relaxante e um café saboroso. Perfumou-se para eliminar qualquer vestígio do odor fétido dos corpos.O sacristão se atrasou quinze minutos, mas isso era comum. O que não era comum, definitivamente, era ele aparecer acompanhado por dois policiais. O Padre viu quando os oficiais entraram acompanhando o sacristão, um homem e uma mulher, com armas nas cinturas.
Já estava preparado para isso, pois sua última vítima viera até a sua igreja; contudo, o plano que armara para que ninguém pudesse desconfiar dele era tão genial quanto enterrar cadáveres no cemitério. Estava tranquilo.
- Bom dia - disse a mulher, quando chegou suficientemente próxima a ele. - O senhor seria o Padre Pedro?
- O Senhor é o nosso pastor - ele disse, sorrindo. - Eu sou apenas um homem. Mas sim, sou Pedro.
- Muito bem, meu parceiro Luan e eu temos algumas perguntas sobre Vivian Macedo. Conhece?
- Vivian? Claro que conheço! - ele abriu um sorriso bondoso, seguido por uma expressão de tristeza. - Uma pena que tenha desaparecido. Rezo para que Deus toque no coração da pessoa que a levou e a faça devolvê -la para nós. - ele voltou - se para a detetive. - Ela eu conhecia muito bem, mas você eu não conheço, Sra...
- Sarah. - a detetive respondeu. - Sarah Hoffman.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Caçador
Mystery / ThrillerUm sádico em busca de sanar seus prazeres carnais sequestra, abusa e mata jovens meninas na pacata cidade de Limoeiro. Uma policial tentará de tudo para descobrir sua identidade e pará-lo. Mas nesse jogo de gato e rato, qualquer um pode se sair venc...