Fim de jogo

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Sarah estacionou logo atrás do carro do padre. Seguiu por uma trilha curta até a cabana de madeira apodrecida, com a arma de prontidão. Passo a passo ela se aproximou, os ouvidos atentos ao menor ruído vindo do interior. Quando chegou à soleira, uma voz conhecida gritou de dentro da casa:

- Sarah Hoffman! - a voz do padre despertou o ódio dentro dela. - A policial mais competente e irritante de Limoeiro. Fique parada aí. Eu tenho sua filhinha Lorena aqui, e meu canivete está no pescoço dela.

- Solte-a - Sarah falou, e ouviu quando Lorena gritou "mamãe!" de dentro da cabana. Depois, um baque surdo lhe indicou que o padre dera um soco na menina. - Seu negócio é comigo, você sabe disso - ela deu mais um passo. - deixe-a ir e nós acertamos as contas.

- Ah, mas nós vamos acertar as contas, com certeza... - o padre falou. - mas antes, quero que você jogue sua arma aqui para dentro pela janela. Faça isso ou mato a menina.

Sarah não tinha outra opção; jogou a arma pela janela à direita, onde ela bateu na madeira podre e caiu com estrépito dentro da cabana.

- Muito bom. Boa menina. É mais obediente que sua filha... - ele sorriu. - agora, jogue as chaves das algemas que você carrega.

Sarah percebeu onde ele queria chegar, mas não tinha outra opção. Pegou as chaves das algemas e jogou também para dentro da cabana.

- Muito bom - o padre aprovou. - agora pegue suas algemas e coloque nos seus pulsos.

- Você podia ter fugido - Sarah tentou distraí-lo. - O sacristão te avisou. Você poderia simplesmente ter ido embora. Mas não foi.

- Não poderia ir sem antes dar uma lição em você - ele disse, irritado. - agora coloque essas algemas. O pescoço da sua filha é bem fino.

Sem saída, Sarah colocou as algemas nos pulsos, onde elas fizeram um som característico ao serem travadas.

- Muito bem - o padre ouviu. - agora afaste-se um passo.

Sarah afastou-se de costas, com as mãos algemadas. Ouviu quando o padre caminhou até a janela e pegou a arma e suas chaves. Em seguida, ele abriu a porta da cabana, cauteloso, apontando a arma para fora.

- Ora ora.. parece que você fez tudo certo. - o padre sorriu, apontando a arma para ela. - Você não desgrudou da minha cola, vadia. Esse é o preço que você paga por interferir nos meus negócios.

- Seus negócios... aqueles que se resumem em matar meninas inocentes, seu filho da puta? - Sarah retrucou.

O padre se aproximou e deu uma coronhada na testa da detetive. Ela caiu no chão, com o supercílio cortado e sangrando.

- Parece que temos uma mulher bem boca-suja. Deus não aprova isso, sabia?

- Deus vai te jogar no fogo do inferno, onde é o seu lugar - Sarah cuspiu na cara dele. - E eu vou ajudar.

O padre deu um chute no estômago da detetive. Em seguida, arrastou-a pelos cabelos até a cabana. Ao entrarem, Sarah viu Lorena a um canto, nua, coberta de cortes e hematomas, mas respirando.

O padre pegou um pedaço de madeira e começou a golpear a detetive, até a madeira podre rachar.

- Puta. Vadia. Cachorra. - ele xingava a cada golpe. Sarah só pôde proteger a cabeça com os braços, mas algemada não conseguiu se defender dos ataques.

Após algumas pauladas, Sarah sangrava profusamente. O padre enfim parou de atacar e pegou as chaves para as algemas. Abriu-as e levantou a detetive, algemando-a em pé a uma viga de madeira da casa.

- Você me causou muitos problemas, sua putinha - o padre disse, passando o cano da arma pelo pescoço da detetive. - Mas agora eu estou no controle.

Ele passou a mão pelas partes íntimas de Sarah.

- É uma pena que você seja tão velha.. - ele lambeu os lábios. - se fosse mais jovem poderíamos ter nos divertido tanto... - ele sorriu. - mas, em compensação, eu e sua filha brincamos muito! Ela me deixou satisfeito...

Sarah nada dizia. Apenas olhava-o.

- Eu a fodi com força, sabia? - o padre se aproximou do rosto da detetive, falando em sussurros. - comi o rabinho dela sem dó. Ela sangrou e chorou. Chamava todo o tempo pela mamãe...

Sarah deu uma tremenda cabeçada, certeira, no rosto do padre. Ele cambaleou e caiu para trás, com a testa sangrando. Sarah cuspiu sangue na cara dele.

- Seu imundo! - ela gritou. Eu vou te matar!

- Ah vai, é? - o padre gargalhou, sádico. - E como vai fazer isso, já que está algemada e...

Nesse momento ele se calou. Ouvira o som de passos lá fora. Correu a olhar pela janela e viu que Luan vinha caminhando cautelosamente em direção à cabana, a arma à frente.

- Sua puta mentirosa! Eu disse para vir sozinha!

- Eu vim sozinha - ela disse. - e não fui seguida por ninguém.

- Então como você explica o fato de que aquele seu parceiro está lá fora? - O padre estava furioso.

- Eu.. eu não sei - Sarah respondeu.

O padre analisou a situação por um segundo. Queria ter mais tempo para fazer a vadia sofrer... mas até isso roubaram dele.

- Pois que seja assim - disse ele, apontando a arma para a detetive. - Eu pretendia matar você lentamente, mas terei que acelerar o processo. - ele mirou entre os olhos dela.

Ela o olhava com determinação. Não havia medo.

- Você é corajosa, Sarah Hoffman - ele disse, sorrindo. - mas é fim de jogo para você. Seja livre agora.

E apertou o gatilho.

O CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora