E foi então que percebi

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Clara encarou a sogra e sentiu o coração gelar. Ficou em pé e como se o perigo estivesse ali presente, tomou a frente de toda a família.

–A Laura...- A morena começou a falar e Regina tratou de interromper.

–Não, nada com ela. – A mãe da fotógrafa sorriu fraco. – Foi um acidente com o Ricardo e o Luiz.

–O Ricardo tá bem? – Marina perguntou rapidamente, deixando clara a preocupação com apenas o amigo.

–Ele está em cirurgia, teve ferimentos internos, não saiu nada certo ainda. – Regina se aproximou do casal, e Clara puxou a cadeira para a sogra sentar. – O Luiz morreu na hora.

–Não acredito. – A fotógrafa levou uma mão ao coração e outra ao ombro da mãe. –E o Roberto?

–No hospital, esperando. Ele mandou eu ir pra casa e acabei lembrando que não tinha avisado vocês. – Regina respondeu distante.

–Bó bó – Gio chamou do outro lado da mesa e a mulher deu um sorriso para a neta.

–Oi minha princesa. – Regina levantou e foi até os netos.

Clara segurou o braço da fotógrafa e a afastou um pouco de onde a sogra estava.

–Quem é Luiz? – A morena perguntou baixo e com vergonha.

–O filho mais velho do Roberto, o mala sem alça. – Marina respondeu com um sorriso fraco. – Acho que vou levar a mãe em casa e depois ir pro hospital com ela.

–Isso, vai com ela, eu cuido dos pequenos e você me mantém informada. – Clara abraçou a esposa.

Voltaram para a mesa, onde Regina se distraia com os netos em meio as lágrimas que desciam pelo seu rosto. Marina falou que acompanharia a mãe e mesmo que a mulher tenha negado, a fotógrafa foi mesmo assim.

–Semana passada ele deu o nosso presente de casamento. – Regina comentou a caminho do hospital.

–Como o Roberto está? – Marina perguntou segurando a mão da mãe.

–Não quero nem pensar o que vai ser desse homem se o Ricardo não sair dessa.

–Ele vai sair. O Ricardo é forte, ele vai passar por essa. – A fotógrafa tentou passar coragem, porém pelo que tinha ouvido, o acidente tinha sido muito desastroso.

Chegaram no hospital, Regina encontrou o marido do mesmo jeito que ela o havia deixado. Sentado com a cabeça apoiada nas mãos, quieto. Marina abraçou o padrasto e falou as conhecidas palavras de consolo e força para o momento. Ficou a noite inteira ali, se comunicando com Clara por mensagens, uma vez que a morena não dormiu.

No início da manhã a fotógrafa retornou e encontrou os filhos acordados e fazendo manha.

–Que bagunça é essa? – Marina fingiu uma voz mais séria para os pequenos. – É só eu sair de casa que vocês começam a aprontar?

–Não não – Enzo respondeu, mas Gio esticou o bico e não quis saber de facilitar para as mães. A fotógrafa ajudou a morena terminar de dar o café para as crianças, trocaram as roupas deles e deixaram os dois livres pelo jardim.

–Como estão as coisas? – Clara perguntou fazendo a fotógrafa deitar com a cabeça em seu colo, enquanto as duas vigiavam os filhos.

–Felizmente o Ricardo vai se recuperar. Um órgão foi atingido pelas ferragens do carro, mas não foi um vital, o médico falou lá, mas o alivio do Roberto foi tanto que nem me liguei. – Marina respondeu respirando fundo. – Minha mãe ligou pra empresa e pediu pra secretária dela tomar as providencias quanto ao Luiz. Nem a ex mulher do Roberto e nem ele, querem velório.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora