Me fiz em mil pedaços

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Clara ficou olhando séria para Marina. Não acreditou nas palavras que a namorada falou. Era irresponsável, perigoso, e com muitas possibilidades de dar errado.

-Não, não e não. – Clara interrompeu a fotógrafa e a tirou de seu colo, ficou em pé e começou a andar pelo quarto. – Você não vai fazer nada disso. É perigoso e pode dar errado.

-Você nem me deixou terminar. – Marina rebateu a namorada brava.

-Porque você não vai fazer isso. – Clara aumentou o tom de voz.

-Por que não? – Marina fuzilou Clara com olhar. Laura olhava de uma para outra e preferiu ficar quieta, entendia o que a morena estava sentindo, porém tinha a impressão que Marina não mudaria de ideia.

-Porque você não vai pra linha de fogo, nem ficar exposta pro Cadu. De jeito nenhum, nem por cima do meu cadáver. – A morena respirava irregular e andava para tentar aliviar a tensão.

-E por acaso você tem uma ideia melhor? – Marina disse. – Claro que tem, eu fico em casa trancada enquanto você sai por ai atrás de um psicopata.

-Eu não vou sair atrás de um psicopata, mas óbvio que não vou colocar você em perigo.

-Eu não vou quebrar Clara. Eu não sou de porcelana. – Marina falou o mais alto que podia.

-Pra mim você é de porcelana. – Clara rebateu no mesmo tom.

-OK, chega. – Laura levantou e ficou no meio das duas. – Vamos respirar, sentar e voltar a falar desse plano, civilizadamente.

-Não se...

-EU DISSE CHEGA MARINA. – Laura aumentou a voz para interromper a filha. O olhar que Marina dava de raiva para Clara, agora era direto em Laura. – E nem adianta me olhar assim. Senta – Laura apontou para a cadeira que Clara estava antes. Marina ficou encarando a mulher até a mesma aproximou-se da fotógrafa.

Clara parou de andar e ficou olhando as duas. Era tudo que ela precisava, intervir numa briga delas. Porém, para sua surpresa Marina mesmo queimando de raiva, sentou e cruzou as pernas. Quando Laura virou-se para a morena, Clara sentou na cama sem nem precisar ouvir nada.

-É um bom plano, funcional. Só temos que pensar nas variáveis, antecipar o que pode dar errado. – Laura disse depois de uns segundos.

-Tudo pode dar errado. – Clara falou.

-Tem mais alguém de confiança que pode ajudar? – Laura perguntou.

-Você não vai ajudar. Eu não confio em você. – Marina falou olhando séria para Laura.

-Eu não me importo, eu vou participar. – Laura respondeu para a filha. – Quem mais pode ajudar?

-A Ju. – Clara disse vencida. – Se nós vamos com isso adiante, ela pode ajudar.

-A Sarah também. – Marina respondeu e sentiu o olhar de Clara fuzilar ela. – Ela é da polícia, e está cuidando do caso, e eu confio nela.

Clara revirou os olhos e bufou, claramente irritada com aquilo tudo. Laura conduziu o resto da conversa. E aos trancos e barrancos, as três conseguiram acertar um plano, que se desse certo, elas acertariam Cadu em cheio. A mãe da fotógrafa verificou que ainda faltava algumas horas para o sol aparecer, então mandou as duas irem dormir e disse que se encarregava de chama-las quando fosse a hora de partir.

Marina entrou no quarto delas primeiro. Não falou nada e jogou-se na cama, virando de costas para o lado que Clara deitaria. Ficou a cargo da morena, arrumar as roupas delas e deixar a mochila pronta pra volta. Clara ligou seu celular e depois de milhões de notificações de chamadas perdidas aparecerem, a morena mandou uma mensagem informando a amiga que estava bem, e pedindo para passar a informação para sua família. Clara jogou o celular dentro da mochila e deitou ao lado da fotógrafa.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora