Confiar

Tudo bem

As quatros horas de viagem passaram muito devagar, tudo estava me irritando, meu amigos alheios as bagunças, minha bagunça emocional, eles cantavam, faziam piadas, bebiam, jogavam trucos, se enturmaram bem rápido com o pessoal da florestal, as vezes tudo ficava em silêncio e eu agradecia mentalmente. G vendo que eu estava irritada, pediu para guto trocar de lugar com ela e eu agradeci mentalmente por não precisar mais ir ao lado de Letícia fingindo que estava tudo bem.

Quando o ônibus fez uma parada para que os alunos saíssem para usar o banheiro ou esticar suas pernas, todos desceram  menos eu, eu não queria encarar Vitória, como poderia ?
Olhei para a janela procurando por ela sentia uma grande necessidade de vê-la, olhei para todos os lugares e eu não a achava, talvez ela tivesse ido no banheiro, só queria admirar ela mais uma vez, com seu tênis confortável e sua roupa solta, tão diferentes dos saltos e roupas formais, e extremamente sexys que ela costumava usar na cede, mais mesmo assim ela continuava sendo a mulher mais bonita que eu já vi. Ouvi um barulho dentro do ônibus e percebi que era ela, a observei caminhando na minha direção. Merda. Ela iria querer conversar, eram tantas palavras não ditas, sabíamos que precisávamos falar, mas agora não era o momento certo. Poderíamos aproveitar que estamos sozinhas, pra podermos gritar e acusar uma a outra mais sem que ninguém testemunhasse.

Quando Vitória chegou perto encostei a cabeça na janela e fechei os olhos fingindo dormir, eu sabia que ela chegaria bem perto eu saberia se ela estivesse olhando, primeiro senti o perfume adocicado, depois senti seu corpo sentado na poltrona do meu lado, por alguns minutos que parecia uma eternidade, senti seus olhos me fitando, não podia controlar a ardência do meu corpo, eu sabia que ela me observava, estava rezando para ela não me acordar e nem tentasse conversar não tinha condições de conversar com ela naquele momento, mas já me preparava para jogar em cima dela toda mágoa que eu sentia se preparava para acusar ela de se uma cretina, uma filha da puta, uma mentirosa, se ela conversasse comigo naquele momento eu estaria preparada para dar um fim nessa brincadeira infantil e cruel que Vitória fazia desde o momento em que eu pisei na  sala dela,  naquela maldita sexta-feira.

Eu não estava preparada para dar um fim no que eu sentia por Vitória, não estava preparada para ouvir um "sinto sua falta" sussurrado em meu ouvido. Puta que pariu. Não estava preparada para sentir ela se levantar da cadeira ao meu lado e caminhar em direção à saída do ônibus levando com ela o seu cheiro de Primavera e meu coração eu era fraca demais para estar preparada para isso.

[...]

- G, já falei que não é nada, apenas estou com sono, deve ser por causa do remédio para enjôo que tomei antes de embarcar - Eu mentia para minha amiga tentando desviar o foco das suas perguntas.

- Tudo bem, vou acreditar em você, mas você sabe que não consegue mentir para mim por muito tempo, não é? - Ana revirou os olhos - Você sabe que pode confiar em mim e se eu fiz algo de errado eu preciso que você me diga.

- Você não fez nada de errado, G - Eu refletia se contava ou não sobre a minha aventura com Vitória, sabia que seria 5 dias difíceis e precisaria de alguém para me apoiar e me manter longe de Parris - eu sei que posso confiar em você, acredite em mim, só me sinto cansada.

A paisagem tinha mudado um pouco agora estávamos em uma estrada de terra quase chegando no acampamento preparada para receber, algumas pessoas eu observava as árvores enormes e as florestas ainda verde e fechada, eu refletia sobre vidas dos diferentes mundos que existe ali, tudo era diferente da cidade queria aproveitar aqueles dias mas não tinha certeza se conseguiria.

Chegamos no acampamento os grupos foram divididos e logo e recebemos o cronograma com as nossas atividades como a nossa turma era a primeira a se formar, faremos uma aula sobre como evitar um ataque terrorista no avião o que me deixava um pouco mais contente por saber que Thay iria ficar só dois dias lá, pois sua última missão, já estava para ser concluída, cada um no grupo iria ficar com um professor diferente, G, Guto e eu obviamente ficaríamos juntos e dividiriamos com mais 2 estudantes um dormitório.