Beco

815 33 37
                                    

 - Você é abusada hein garota - Luana se levantou da mesa olhando para Camila.

- Vitória - disse Felipe - você é tonta?

A loira ainda estava paralisada olhando para a porta, Ana tinha saído furiosa e com toda a razão, a mais velha ignorou o que Felipe disse e se levantou da mesa indo na mesma direção de Ana se dando conta da mancada que tinha feito ao não cortar Camila assim que a viu.

- Vou atrás dela.

- Aleluia - disse Luana.

- Espera Vi - Camila se levantou também e foi atrás de Vitória  - eu fiz algo errado?

Vitória parou de caminhar e se virou para Camila.

- Não, foi eu que fiz, com licença Camila, preciso ir.

Ana bateu a porta furiosa e caminhou raivosamente com as mãos dentro dos
bolsos do vestido, chutava as pedras e tudo o que conseguisse enquanto caminhava até o final daquele beco, se remoía por dentro por não conseguir controlar a insegurança que
sentia ao lado de Vitória . Se sentia pequena, fraca e o pior, sentia que não era suficiente para aquela mulher. Vitória era uma mulher perfeita aos olhos de Ana e apesar de
todas as declarações de amor, das mensagens, dos afetos e principalmente das atitudes,
Ana não conseguia se sentir à altura. Como poderia controlar seu ciúme assim?

Ana sabia que precisava tomar uma atitude, sabia que tinha o coração daquela mulher e queria entender porque se sentia daquele jeito. Sentia que perderia Vitória a qualquer
momento, ouvia as palavras de Thay gritando em sua cabeça, dizendo que Vitória  enjoaria daquele romance e arrumaria outra. Parou no final do beco e encostou as duas mãos na parede, respirou fundo colocando o máximo de ar que conseguia nos pulmões e soltando devagar. Tentava se acalmar para conseguir voltar para aquela mesa de cabeça erguida. Entraria triunfante, daria uns tabefes na cara daquela menina abusada e se
precisasse puxaria seus cabelos até deixá-la careca, arrancaria sua cabeça e a penduraria em uma estaca para que servisse de exemplo para as outras. Ana sorriu. Obviamente
não faria nada daquilo. Apenas ficaria ali, parada naquele beco aproveitando a solidão até que pudesse voltar e não encontrá-la mais.

- An… Ana….. ANA.

Ana abriu os olhos e percebeu que estava virada de costas para o muro, Vitória a segurava por um braço e tinha um semblante assustado.

- Você está bem? - Vitória analisou cuidadosamente a expressão de Ana, a
garota parecia estar em outro mundo - estou te chamando há um tempão…

- Por que veio atrás de mim? - Ana perguntou tentando soltar a mão de Vitória de seu braço.

- Você está pálida - Vitória ergueu o pulso na altura da testa de Ana para conferir a sua temperatura, mas Ana a impediu.

- Por que não volta para a sua “amiguinha”? - fez aspas com os dedos e cruzou os braços.

- Ana…

- Você estava adorando a companhia dela, não estava? Me deixe aqui e vá se foder.

É claro que Ana não queria que Vitória a deixasse ali, seu rosto estava vermelho como um tomate e Vitória apenas observava sem nada responder, de sua boca saía apenas longos suspiros enquanto suas mãos acariciava os braços da sua namorada.

- Saia daqui - e Ana por mais que lutasse contra, começou a chorar, se sentia uma completa idiota, colocou os dedos por dentro do óculos nas pálpebras fechadas, , para tentar limpar as lágrimas que saiam, sentia vergonha de abrí-los, de encarar Vitória , era algo estranho aquilo que Ana sentia. Sentia ciúmes e achava que tinha razão, sentia vergonha por achar que estava exagerando.

ConfiarOnde histórias criam vida. Descubra agora