Cadeia ou morrer ?

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- Ana, espera - Daniela tentou dar dois passos mas Luana se colocou na frente, ainda com os punhos fechados preparados para desferir um golpe rápido, forte e sem piedade em Daniela.
 
- Nem pense em chegar perto dela - Luana se pronunciou com a voz alterada - não depois de tudo que a fez passar.

- Eu vou atrás dela - disse Vitória  mantendo a voz firme mas Felipe a segurou pelo braço.

- Melhor não Vitória .

- O que está acontecendo? - olhou para Daniela  com medo do que viria a seguir - o que você fez? - Daniela nada respondeu. - Três costelas quebradas, várias semanas internada, pesadelos, depressão, insônia, ataque de pânico, tentativa de suicídio... - Felipe vomitava as palavras, sua voz não
era nada calma como a de Vitória  e Luana não ficava para trás, Vitória  aos poucos entendia quem era Daniela  na vida de Ana.

- Eu não tive culpa - Daniela tentou se defender.

- Ana não teve culpa, você sim teve, eu juro que se você chegar perto dela vou deixá-la muito pior do que da forma que a deixou.

- Luana, acalme-se, não vale a pena ficar aqui discutindo, você não pode ficar nervosa - Felipe interferiu ainda segurando o braço de Vitória , Luana  se afastou de Vitória e caminhou em direção a saída.

- Vamos Fee.

- Cuidaremos de Ana - Felipe olhou para Vitória  - Cuide da sua prima. Saíram batendo a porta atrás de si e deixando Vitória  aflita por não poder falar com Ana. A última lembrança de Ana era a visão de seus olhos murchos e escuros, emanando desapontamento e medo, virou-se sem querer encarar Daniela. Sua prima com o braço ainda coberto de gesso estava atônita.

- Vito… - engoliu em seco - Vitoria, que mundo pequeno, não é mesmo? - sua voz saiu fraca e trêmula.

- Daniela - Vitória fechou os olhos e encheu os pulmões de ar - você vai calar a porra da sua boca - Abriu novamente os olhos para encarar a prima e deu alguns passos para a frente fazendo-a recuar - você só vai abri-la para falar que merda foi essa, porque Ana saiu sem dizer nada depois que te viu, porque Felipe e Luana ficaram tão nervosos, o que você fez para Ana?

Daniela confirmou com a cabeça piscando lentamente os olhos e deixando algumas lágrimas molharem seu rosto, sentou-se no sofá e Vitoria a seguiu puxando um puff para se sentar de frente para a prima.

- Ana... - Daniela sorriu ao pronunciar o nome como se saboreasse cada sílaba contida nele - Ela está linda - olhou para as mãos pensando no que falaria a seguir - os dreads caíram bem, o piercing combinou com seu rosto…

- Eu posso ver - Vitória  a interrompeu rispidamente.

- Ela já está se formando? - Vitória  negou com a cabeça, sua perna apoiada na ponta do pé balançava para cima e para baixo demonstrando impaciência - então ela entrou um pouco mais tarde na faculdade, certo?

- É o que parece e parece também que estou prestes a descobrir os motivos.

- Luana , a sua irmã… eu não a conhecia - sorriu fraco - é realmente idêntica…

- Daniela …

- Eu a amei, Vitória  - Daniela tentou tocar a mão da prima, mas Vitoria retirou assim que percebeu o movimento - de verdade.

- Então conte logo o que aconteceu pois estou perdendo a paciência, Daniela .

- Você quer saber o que? - Daniela se levantou e começou a andar de um lado para o outro - Por onde quer que eu comece? Quer que saber como nos aproximamos? Como Ana sorria e olhava para mim, me assistia a dar aulas com os olhos pregados em meus decotes? Quer saber dos primeiros presentes, das primeiras
cartas? Das promessas? Quer saber o que senti quando ela me beijou de surpresa após o término de uma aula, de como seus olhos queimavam feito brasa em cima dos meus? E como eu me perdi neles e continuei me perdendo até o fim?

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