Sete

4.6K 647 163
                                    

Cante para eu dormir

Eu observei Ian brigar com a máquina, até não suportar mais segurar a risada.

—Eu só vou dizer, pois você está me ajudando, caso contrário eu jamais o faria. A máquina não pifou, ela apenas está de molho, Ian! É um dos estágios da lavagem. — dei de ombros, sentindo seu olhar de fúria me abraçar.

Eu caminhei até a única camiseta rosa que eu havia deixado e pendurei-a no varal, apenas para evitar seus olhos marcantes.

—E você só me diz isso agora?— perguntou e eu me virei com um sorriso.

—Eu não tenho culpa se a princesinha nunca teve que lavar roupa.— falei e ele me encarou profundamente.

—Do que me chamou?— perguntou dando um longo passo em minha direção.

—Princesinha.— cantarolei.—Ou prefere madame? — debochei vendo seus olhos se estreitarem sobre mim.

—Você não sabe o que me trouxe aqui, então não deveria me provocar de tal forma.— falou. —Essas piadinhas podem ser o motivo do seu fim.

Encarei-o profundamente. Havia algo nele que me intrigava.

—Realmente não sei, mas tenho minhas suspeitas.— falei e ele esperou que eu continuasse.

—E quais são?— eu sorri, e finalmente caminhei para fora daquele cubículo que começava a me sufocar.

—Quais são suas suspeitas?— ele insistiu, enquanto me seguia pelo estreito corredor.

—Acho que tem algo haver com cantar "baby" de madrugada no meio da rua. Você tem cara de quem gosta de cantar "baby". — falei com um sorriso, e ele apenas negou rindo.

—E se fosse o caso, qual seria o problema com o meu showzinho?— perguntou e eu o olhei.

—Sua voz e esse cabelo, que para ser ao menos considerado uma imitação barata de Justin Bieber, teria que estar penteado para o lado certo. Ou a menos penteado.— disse fazendo careta para seu cabelo desgrenhado.

Ele passou as mãos pelos fios loiros, bagunçando-os ainda mais.

—Se eu cantasse baby agora, você se apaixonaria. — disse dando um sorriso de lado.

Maldito sorriso destruidor de psicológicos fracos e inconsequentes.

—Para eu me apaixonar por você neste momento o amor precisaria ser cego e surdo. — debochei.

Cego e surdo? Minha mente debochou.

Amaldiçoei aquela bela voz rouca e aquele sorriso de lado.

—Você me irrita!— ele grunhiu irritado.

—Ótimo, porque você também me irrita.

Voltei a caminhar, mas não fui muito longe. Apenas alguns passos até o mundo decidir que meu lugar, quando não no inferno, é o chão.

—McCarthy.— Clark disse com deboche.

—Qual o problema em olhar por onde anda? — eu perguntei sem me levantar do chão. — Você tem dois olhos, grandes por sinal, então use-os.
— resmunguei e ele deu um sorriso malicioso.

—Pode ter certeza que eu estou usando.

Fiz careta e ele estendeu sua mão para mim. Ignorei-a, e antes que eu pudesse me levantar duas mãos firmes envolveram meus braços, me pondo de pé sem dificuldade alguma.

Vermelho é a cor da confusão! Onde histórias criam vida. Descubra agora