Dez

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      Barulho da salvação

Eu me levantei, enquanto todos me olhavam surpresos.

—E então? Onde fica a sala? — perguntei novamente.

Ian se levantou.

—Eu te levo. — ele disse.

Dei de ombros e olhei para Augustus, que sorria.

—Vou preparar sua festinha de boas vindas, meu anjo!— ele falou.

Revirei os olhos e caminhei até a porta. Quando eu a abri o moletom de Clark caiu, fazendo com que eu o chutasse para longe.

Olhei para ele com interesse e quando a porta se fechou atrás de Ian eu o peguei do chão.

—Isso é maluquice. Vão te pegar. Esse lugar tem câmeras, quando te descobrirem, vão te isolar e eu não desejo aquilo a ninguém. Talvez para o Augustus, mas só para ele.— disse Ian, enquanto eu passava o moletom por minha cabeça.

—Se for para pegarem alguém, vai ser o Augustus. — disse com um sorriso.
—Coloca teu capuz. — ordenei.

Ele puxou o capuz e passou à minha frente, para mostrar onde era a sala.

—Isso não vai dar certo. — ele murmurou.

Não era preciso muito esforço para saber que Ian estava se sentindo culpado.

—McCarthy. — eu chamei, quando adentramos em um corredor estreito.

Ele parou e me olhou, esperando que eu continuasse e foi o que fiz:

—Esse corredor já é estreito o suficiente para nós dois, então deixa sua culpa do lado de fora, pois ela está tão grande e palpável que estou me sentindo sufocada e olha que ela nem é minha.

Ele me olhou e seus ombros cederam, como os de alguém cansado:

—Você não precisa fazer isso.— ele disse.

—Essa é a sua forma de pedir desculpas por me meter nessa? — perguntei e ele revirou os olhos.
—É um reformatório Ian, eu não esperava um joguinho idiota de verdades e acredite vai ser moleza comparado a todos os outros desafios.
— falei e o vi tentar esconder um pequeno sorriso, virando-se para frente.

Antes que ele voltasse a caminhar eu o chamei novamente:

—Ian? Eu aceito suas desculpas.

—Vamos logo, garota!— ele disse me puxando.

A única coisa que eu não entendia era o motivo. Sarah era podre por dentro, mas era bonita por fora. Ian poderia tê-lá beijado. Só o fato de ela estar do lado de Augustus não era motivo o suficiente para todo o ódio que imundou os olhos de Ian.

—Por que não beijou ela? — perguntei cansada de minhas próprias conclusões.

—Não importa. — ele disse ríspido.

Estreitei meus olhos sobre ele e antes que eu pudesse despejar um monte de outras perguntas, ele parou.

Olhei em volta encontrando a porta da diretoria.

—Onde ficam as câmeras? —perguntei.

Ele apontou para o canto da parede, onde uma luz vermelha piscava.

—O moletom não vai funcionar. — ele falou.

Sorri para ele e puxei o moletom de forma que ele cobrisse meu rosto e então segui até a porta com a cabeça abaixada.

Abri a porta com cuidado e entrei.

Com os pés sobre a mesa um segurança dormia tranquilamente.

—Droga. —praguejei ao notar que ele estava muito próximo da mesa do diretor.

Caminhei na ponta do pé pela sala, tomando o máximo de cuidado para não esbarrar em nada.

Sobre a mesa estavam diversos papéis, alguns meio queimados, pelo que acredito ser cigarro. Passei meus olhos por ela, vendo um molho enorme de chaves.

Quando eu peguei as chaves uma movimentação na cadeira me fez gelar e derrubar as chaves.

Fiquei imóvel, esperando minha morte lenta, mas tudo que veio foi o ronco do segurança.

Guardei o meu suspiro de alívio para mais tarde e me ajoelhei ao lado das gavetas, começando a procurar a chave certa.

Puxei a única que estava envolta de uma fita branca suja e implorei que pela primeira vez o óbvio fosse o certo.

Quando a chave abriu a gaveta, eu comemorei internamente.

Vasculhei com os olhos a gaveta, mas não havia nada, literalmente nada, a gaveta se encontrava completamemte vazia e algo dizia que Clark sabia.

Comecei a juntar as mais diversas ofensas para fazer a ele e só parei quando o segurança de meia idade se sentou ainda meio perdido.

Entrei em desespero. Eu iria morrer. Claro que iria.

Olhei para debaixo da mesa, vendo bem no canto um botão que acionava o alarme de incêndio. Eu me lembrava de ter visto alguns espalhados pelos corredores.

Olhei para cima, fechei os olhos e o apertei, torcendo para que aquilo me salvasse.

Logo que eu apertei o botão um alarme estridente começou a tocar.

Era o barulho da salvação.

—Adolescentes idiotas, espero que não tenham colocado fogo na cozinha!— ouvi o segurança resmungar enquanto eu ouvia seus passos pesados irem para longe.

Levantei-me em um pulo e corri para fora, mas parei ao ver um maço de cigarros no lugar onde o segurança estava.

Eu faria Augustus engoli-lo.

Peguei-o e guardei em meu bolso, correndo para fora.

Quando estava longe o suficiente daquela sala uma mão me puxou. Meu corpo estava praticamente colado a outro, e eu não entendia o motivo.

—Você quase foi pega. —Ian sussurrou. —Vamos.— ele me puxou, vendo que eu não era capaz de reagir.

—A gaveta estava vazia.— falei,  quando começamos a subir as escadas para o depósito.

—O que? — ele quase gritou.

—Augustus sabia, eu tenho certeza.— falei.— Peguei isso do segurança.
—disse balançando o maço entre meus dedos.

Ian estava com raiva, sabia disso pois o aperto em meus dedos havia aumentado.

Soltei minha mão de Ian para tirar o moletom, e instintivamente eu senti falta do calor da sua mão na minha.

Coloquei o maço de cigarros no bolso do meu jeans e pendurei o moletom na maçaneta como estava antes.

Assim que pisei dentro da sala, meus olhos se encontraram com os dele. Clark estava sentada em uma cadeira do outro lado da sala, em seus lábios havia um sorriso vitorioso.

Caminhei lentamente até ele e sentei em seu colo, mantendo meus olhos nos seus.

—Não havia nada na gaveta...— comecei e ele riu.

—Eu pedi um maço de cigarros, você não trouxe,  o que significa que agora você é minha. — ele disse colocando suas mãos em minha cintura.

Sorri para e tirei do bolso do meu jeans o maço. Sua boca se abriu em um perfeito O, facilitando muito meu trabalho. Amacei o maço entre meus dedos enfiando-o em sua boca.

—Você queria um maço de cigarros, não queria? —  perguntei saindo de seu colo. —Então aqui está seu maço de cigarros.

OLHA QUEM VOLTOU💙

Desculpem a falta de revisão :(

Meus amô, dêem uma olhadinha no livro da @IaraTumbllr, o nome é "Uma ruivinha nada fácil"💙

Amo vocês💙

Vermelho é a cor da confusão! Onde histórias criam vida. Descubra agora