Trinta e Cinco

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Primeira regra para uma invasão bem sucedida: não invada!

Apertei o moletom contra o corpo e empurrei a porta do quarto de Sarah, já que segundo Augustus, ela já havia saído.

Eu estava há um bom tempo esperando o momento certo para aquela invasão. E uma parte minha,—a maior— estava totalmente animada com a possibilidade de estar em perigo.

O lugar não era grande e nem possuía muitos esconderijos, isso já era de grande ajuda. As paredes eram lisas, apenas algumas manchas espalhadas, mas nada suspeito.

Fechei os olhos e tentei pensar como uma vadia, afinal, não tinha ideia de como ou por onde devia começar a procurar.

Por mais que fosse duro admitir, Sarah era esperta e não deixaria provas importantes como aquelas em qualquer lugar. Mas também não as deixaria fora de seu alcance, de forma que eu só precisaria procura-las, pois tinha plena certeza de que estavam em algum canto desse quarto.

Olhei dentro das gavetas, debaixo da cama, dentro de vasos e todo e qualquer lugar onde se era possível esconder um celular, mas não havia nada. Nenhum mísero sinal.

Uma parte minha queria ignorar a voz insistente em minha cabeça que dizia que eu estava subestimando a inteligência de Sarah, mas a outra parte, aquela exauta, começava a dar razão.

Abri o guarda-roupa encontrando os mais diversos tipos de roupas, o que me fez estremecer.

Eu o deixei sobre a cama, Max! É rápido, só vou pegar e saio. —a voz irritante de Sarah se fez ouvir.

Merda.

Rapidamente enfiei-me dentro do armário, ouvindo-o ranger sobre meu peso. Era apertado e escuro, por isso deixei um fresta para que a luz pudesse entrar e ver o que ela faria.

Observei Sarah adentrar o quarto e fechar a porta com cuidado.

Ela caminhou até a janela e ajoelhou-se, puxando do chão uma madeira solta.

Prendi a respiração, assistindo-a erguer o celular. Sarah tinha sim a prova que eu precisava e eu a tiraria dela.

Cruzei meus dedos torcendo para que ela não levasse com ela minha única esperança e pela primeira vez, funcionou. Ela pegou um papel do bolso guargando-o junto do celular e voltou a madeira para o lugar.

Esperei pacientemente até que ela saísse para finalmente deixar o armário.

Corri até a parte solta do chão e cruzei os dedos novamente. Peguei os dois celulares e o papel e, sem sequer me importar com o que havia lá, joguei-os em meu bolso.

Arrumei a madeira e corri para a porta. Tudo na mais perfeita ordem, isso se eu não tivesse tropeçado em um vaso que se espatifou no chão. Haviam agora pedaços por toda parte e eu, com minha melhor cara de inocência, saí do quarto como se nada tivesse acontecido.

Talvez invasões não fossem mais o meu forte.

                                          ***

Naquela tarde eu fugi novamente.

Precisava ver Dylan e esconder minhas provas recém adquiridas.

Eu sabia que só aquilo não era o suficiente, mas já era um começo. Eu só precisava fortalecer os laços com Augustus e em pouco tempo teria tudo para libertar Ian.

Atravessei a recepção sorridente, mas o semblante desanimado da enfermeira ao me ver, queimou boa parte da minha animação.

Eu sentia meu coração bater rapidamente e isso não era bom. Nunca era. Quanto mais rápido ele batia, mais grande era a certeza de que seria estilhaçado.

E eu não queria que Dylan destruísse meu coração novamente.

—Veio se despedir, querida? —ela perguntou, fazendo minha garganta fechar.

—Como?—perguntei sentindo minha voz falhar.

—Senhora McCarthy não vai mais pagar o hospital, então vai assinar os papéis para que desliguem os aparelhos. —disse.

—Onde ela está? —perguntei.

Com pesar, ela apontou para a última porta do corredor e eu corri até lá. Corri como se toda minha vida dependesse disso e então invadi a sala.

A mãe de Dylan, Lola, me olhou assustada, diferente do médico, que me olhou quase raivoso.

—Não faz isso. —pedi antes que alguém sequer pensasse em chamar os seguranças.

—Eu não posso mais, Alice. — disse, os olhos marejando.

—Eu pago o que for, mas não assina. Não pode desistir dele assim. Não agora, Lola.
—implorei.

—Não posso deixar que pague, Alice.

—É só dinheiro, Lola. E eu daria todo o meu por ele sem hesitar. —dei de ombros.—  Precisa confiar em mim.

Ela hesitou, mas assentiu parecendo aliviada.

Olhei para o médico e respirei fundo, estendendo minha mão:

—Alice O'Connor. —disse.

—Conheço você, garotinha. —disse com desdém, ignorando minha mão.

—Eu não teria tanta certeza, mas isso não importa, já que felizmente nem te conheço.—disse séria. —Preciso assinar algo? —perguntei e parecendo prestes a espumar de ódio, ele negou. —Ótimo! Tenho uma visita a fazer. —disse e saí.

Eu praticamente corri até o quarto de Dylan, apenas para ter a certeza de que ele ainda estava ali e quando o encontrei todo meu corpo relaxou.

—Foi um dia difícil, McCarthy. —disse me sentando ao seu lado. —Merecia ser recebida de olhos abertos, mas tudo bem, deixo passar dessa vez. —disse passando meus dedos por seu cabelo.

Por um bom tempo impedi-me de sequer pensar em Dylan. Obriguei-me a mantê-lo longe de minha mente. Ele não era mais bem vindo. Mas as coisas começaram a ficar difíceis quando aos poucos a raiva foi se dissolvendo para dar espaço a saudade.

Saudades essa que sempre foi muito espaçosa, todos os dias tomava uma nova parte minha.

Dylan me devastou e eu o odiei por isso. Ou pelo menos tentei.

—Você vai sobreviver. Não existe outra opção que não essa. —falei.—Você me destruiu, McCarthy e agora precisa juntar os pedaços. —disse e apertei a mão dele.

Com um longo suspiro fechei os  olhos, mas os abri assim que senti algo em minha mão. A mesma que estava entrelaçada a de Dylan.

Eu sabia que era comum pessoas em coma terem esse tipo de reflexo, mas ainda sim meu coração bateu mais forte.

—Sei que você ainda esta aí e que provavelmente está lutando para não afundar. Então me escuta: você é mais forte que isso tudo.—disse me aproximando dele e apertando sua mão novamente. —E você não está sozinho. Eu continuo aqui, Dylan.
—sussurrei, encostando minha cabeça em seu braço. —Você precisa ficar, não por mim, mas por você! Você sempre teve um futuro brilhante pela frente, precisa ficar e vive-lo.—falei. —Eu sei que você quer viver, então acorda, Dylan. Leve o tempo que for preciso, mas acorde. —implorei.

Coloquei minha mão sobre sua bochecha e me levantei:

—Não vou desistir de você, Grande McCarthy! De nenhum de vocês. —falei. —Ainda existe salvação. Ainda existe esperança. E eu jamais vou deixar de acreditar nisso.

Ouvimos um AMÉM?

Ai gente, esse capítulo saiu na base do empurrão, porque puta merda, dando não. To desesperada já.

Eu nem vou prometer nada porque, não dando mesmo. Minha inspiração deu no pé.

Gente, de coração, desculpas pela demora, juro que não é proposital. To fazendo o possível.

Amo vocês💙

Vermelho é a cor da confusão! Onde histórias criam vida. Descubra agora