Sete meses
Ian se mantinha em silêncio, enquanto arrumávamos os livros.
—Porque bateu na Sarah?— ele perguntou tirando uma pilha de livros de meus braços.
Dei de ombros.
—Porque não beijou ela? — perguntei.
No mesmo instante ele soltou a pilha de livros com força sobre a mesa.
—Isso não é da sua conta!— ele gritou, me olhando com raiva.
—Tudo bem senhor "só eu faço as perguntas aqui".— debochei. —Dá o fora daqui. — disse apontando para a porta.
Ele me olhou profundamente e saiu.
Respirei fundo e olhei em volta. Eu iria sobreviver.
Guardei todos os livros no lugar. E passei e a varrer.
O lugar não era de todo ruim e talvez passasse a ser o meu favorito, uma vez que era cercado da coisa que eu mais amava: livros.
Passei pela prateleira que eu e Ian havíamos derrubado e bufei.
Eu não devia ficar tão frustrada só pelo beijo não ter acontecido. Não era como se eu quisesse aquilo.
Eu não queria aquilo. Definitivamente não.
***
Quando eu me joguei na cadeira de frente a enorme pilha de papéis, não havia uma parte sequer do meu corpo que não doesse.—O que eu tenho que fazer com isso? —reclamei analisando os papéis que mais pareciam fichas de alunos.
Talvez, porque fosse exatamente isso.
—Ordem alfabética. É isso.— resmunguei começando a separar os papéis cujas letras quase nem apareciam por conta da poeira.
Puxei um dos papéis, pronta para joga-lo do outro lado da mesa, mas parei e estreitei meus olhos sobre a foto antiga:
—Sarah? — sussurrei.
Eu nunca havia me perguntado o que tinha levado Sarah até esse lugar, talvez porque no fim, não me importava nem um pouco, mas algo me fez amassar aquele papel e guardar dentro do bolso grande de meu moletom.
—Ei garota!—Rose gritou, entrando na sala.
—Quando terminar isso daí encontre McCarthy no jardim para o castigo de vocês.
—disse ela animada, deixando a sala com a mesma rapidez com que entrou.Revirei os olhos e me voltei para os papéis.
Quando novamente a porta se abriu eu me preparei para jogar uma daquelas cadeiras enferrujadas em quem quer que fosse o próximo a testar minha paciência, mas relaxei ao ver que era Max.
—E então Alice, o que tem aprendido com seu castigo? —o diretor perguntou se encostando na mesa onde a qual eu voltava a me concentrar.
—Aprendi que se eu tivesse jogado a Sarah da janela muita coisa poderia ter sido evitada, e quando digo muita coisa é muita coisa mesmo.— falei. —Aliás, agora eu sou o que? Uma funcionária daqui? Alice tira pó, Alice lava, Alice arruma, Alice quando terminar aqui vá limpar aquele espaço que, cá entre nós parece mais um cemitério do que um dia foi grama. —resmunguei, enquanto ele me olhava com um sorriso divertido.
—Eu gosto do seu humor!— ele disse, puxando uma cadeira para se sentar.
Revirei os olhos e apoiei meu queixo nas mãos para poder olha-lo:
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Vermelho é a cor da confusão!
Storie d'amoreCapa feita por @Naty_Soares_1001 (Obrigadaaaaa❤) Ser condenada ao inferno nem sempre é fácil, muito menos quando se ainda está viva. Ao ser condenada a um reformatório apenas por manchar o nome poderoso de sua família, Alice se vê obrigada a sobrev...