O enterro

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Não choveu naquele dia como sempre chove nos livros e filmes. O que acontecera com os céus? Aqueles jovens adolescentes não mereciam suas lágrimas também? Patrícia não se importava com isso, uma vez que as suas lágrimas derramadas já eram mais que o suficiente. Chorara a manhã inteira, chorara ontem, chora quando acordara no hospital quatro dias atrás e chorara quando descobrira que os corpos foram achados.

Havia muitas pessoas vestidas com o fúnebre semblante triste. As famílias das vítimas estavam ali. A mãe de Paulo, os tios de Breno, assim como os familiares de Nathan, Dilan, Flávia, Lorene... Patrícia congelou quando viu a mãe de Luan aos prantos. Aquilo cortou o seu coração. As lágrimas da mãe dele a fizeram se sentir ainda mais culpada. Foi para salvá-la que ele morreu. As memórias daquela noite vieram à tona

"— Eu sinto muito Patrícia, mas eu não vou deixar você morrer. Eu não tenho muito tempo, mas não adianta impedir, pois eu escolhi proteger você."

"— Eu sinto muito, Luan! Obrigada por tudo."

Seu choro se intensificou. Ingrid, sua melhor amiga, também estava aos prantos, chorando por sua irmã, Sabrina. As duas se aproximaram uma da outra e se abraçaram. A deveras dor que as duas sentiam, de alguma forma, agora eram uma só. E assim, as duas puderam confortar uma a outra.

O enterro não se prolongou muito. Estava sendo doloroso demais olhar para aqueles caixões. Era atordoante demais olhar para os lados e enxergar a morte em todos os lugares, sentir o cheiro de flores murchas e principalmente suportar o peso que era olhar para os olhares tristes dos familiares e enxergar neles a mesma culpa. Se eu não tivesse deixado meu filho participar daquela festa — pensava os pais. Entrementes, o que eles não sabiam era que havia muito mais coisas envolvidas. O buraco era bem mais embaixo. Não era privá-los de uma festa que os fariam viver para sempre. Seus filhos estavam fadados à morte no exato momento que a vida deles cruzou com a dela.

Patrícia.

O que ela tinha de especial, afinal?

O cemitério foi esvaziando aos poucos até sobrar apenas uma pessoa. Ele estava ali, de pé, com a cabeça baixa. Seus lindos e lisos cabelos alaranjados escorriam para baixo, cobrindo seus olhos lacrimejados.

Ele criou forças e finalmente ergueu a cabeça. Encarou a lápide de sua querida irmã.

Um calor perpassou seu corpo. Seus punhos se fecharam com força e seu peito se encheu, não somente de ar, mas de ódio também. Uma raiva foi crescendo dentro dele como se fossem grossas raízes de uma gigante árvore.

— Isso não vai ficar assim. Eu juro, Lorene. Eu vou vingar a sua morte.

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