O que eu fiz para você?

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Patrícia permanecia em choque. Ela escutara até ali atentamente. Tudo que Chris havia relatado. Então fora assim que o jogo da Seita surgiu. Uma adaptação do jogo que Roger criou. O jogo que acabou matando Melissa.

Os jornais que Patrícia havia trazido consigo apertavam em suas mãos. Ela se segurou para não ler tudo, pois queria saber da boca dele o que aconteceu. Mas ela não aguentaria escutá-lo contando com suas próprias palavras como ele matou cada um daqueles jovens naquela noite.

Chris a observou colocando os jornais em cima da mesa com o olhar. Ela abriu na página que destacava o ocorrido. A primeira foto que apareceu foi de Sarah.

— Ela gritou muito quando acertei meu machado no joelho dela. Clamou por misericórdia, mas eu cortei sua língua com um alicate. Ela não atendeu a ligação. Salvou Roger e por isso morreu. É incrível o que uma lâmina faz quando corta o pescoço de alguém.

Patrícia se segurou para não chorar. Aquilo lhe trazia lembranças e ela sabia exatamente como era a sensação de ter alguém querendo te matar. Era horrível.

— Cale-se! Eu não pedi para que me contasse como vocês os matou.

— Não era você que queria escutar a verdade. A verdade dói, não é?

— Seu desgraçado!

Ela tentou se acalmar. Não deixaria que ele a deixasse mais alterada emocionalmente do que já estava.

Ela passou para a próxima página e encontrou a foto de Thales, depois a de Murilo, Yago, Fernando, Roger e por conseguinte a de Amanda e Gabriele.

Ela chegou ao fim do jornal.

— Claro, ela não estaria aqui, não é? O que aconteceu com Larissa?

A respiração de Chris se alterou ao escutar esse nome. Parecia nervoso.

— Tem algo nessa história que não se encaixa, Chris. E é por isso que eu vim aqui entender.

— Vocês fazem parte de um grupo chamado Seita. Você faz um aniversário surpresa para sua namorada e o jogo que Roger inventou a acaba matando. Você e a irmã dela resolvem se vingar e adaptar o jogo para que todos sofram com ele. Até aí eu entendi, agora sei como o jogo surgiu, como o lance das chamadas surgiu. Mas, por que, Chris? Por que você decidiu vir atrás de mim? Eu só queria entender. O que eu fiz para que você me odiasse tanto a ponto de querer arruinar a minha vida. O que diabos eu fiz para merecer tudo aquilo? Você matou meus amigos, me fez sofrer! Eu realmente não entendo. Até agora você contou tudo que aconteceu, mas em nenhum momento da história eu entro. Em nenhum momento eu pude perceber o que eu fiz para você. Diga logo, Chris. O QUE EU FIZ? — gritou Patrícia, armada com sua astúcia.

— VOCÊ NASCEU! — gritou ele de volta, a desarmando por completo.

— Como assim? — ela perguntou encarando seus olhos, tremendo como uma vara verde.

— Se você não tivesse nascido, se você não tivesse ao menos existido... VOCÊ ARRUINOU A MINHA VIDA.

— Como? Como eu posso ter arruinado a sua vida se eu nem te conhecia? Eu nem era nascida...

— Claro que AINDA não era nascida. E isso fez toda a diferença.

— Chega de joguinhos. Chega de segredos. Eu exijo que você me conte agora, o que eu tenho a ver com isso tudo?

Chamada: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora