Naquela noite...

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A noite parecia mansa naquele dia. Roger se jogou em sua cadeira, colocou os sapatos em cima da mesa e abriu seu livro de romance policial. Não era todas as noites que isso acontecia, não era todas as noites que eram mansas. Inclusive, aquela também não seria...

O silêncio foi cortado pelo barulho estridente do telefone. Um trincado agudo e arrastado. Roger suspirou aborrecido e deixou o livro em cima da mesa sem ao menos marcar a página que parara. Foi logo atender o telefone.

— Xerife Roger, em que posso ajudar?

— ....

— Alô?

— Xerife... eu... — uma voz feminina estava do outro lado, parecia tentar se acalmar — eu preciso quem venham até o Lago Garner.

— O que tem no Lago Garner?

— Drogas. Há uns adolescentes fornecendo e usando drogas ilegais.

— Hum, sei — disse Roger sem muita convicção.

— Olha, não precisa acreditar em mim. Vocês só precisam vir. Está acontecendo algo mais aqui. Por favor, você tem que nos salvar...

— Se acalme, senhorita... — Interrompeu Roger ao perceber a agitação em sua voz. — Qual é mesmo seu nome?

— Patrícia. Eu me chamado Patrícia.

— Tudo bem, Patrícia, estamos a caminho.

— Obrigada! — Disse Patrícia com a voz sincera e aliviada, o que fez Roger levantar de sua cadeira e pegar a sua arma.

"Você tem que nos salvar..." O que estava acontecendo no Lago Garner? Roger não deixou de notar o desespero na voz da moça. Por que ela inventou a história das drogas? O que ela estava escondendo que não poderia revelar?

É... a noite mansa ficaria para outro dia qualquer. Não hoje.

— Jeff, Rose, Alex, venham comigo. Vamos ao Lago Garner — disse o Xerife ao passar pelos policias que também estavam sentados fazendo coisas aleatórias.

Eles levantaram-se depressa e seguiram porta a fora o Xerife.

///

O silêncio que invadira aquele local era de causar arrepios. O carro da polícia estacionou e ao desligar o motor, encararam por alguns segundos o cenário de pós-festa. Assim que desceram do carro, caminharam pelo caminho de pedra até chegarem na casa. Jeff queria entrar na casa, mas parou ao escutarem o assovio de Rose que estava parada diante de um carro com o para-brisas quebrado e os pneus furados. O que estava acontecendo ali? O que era aquela mancha na grama? Sangue?

— Xerife... — começou Jeff

— Xiiiii — Roger o silenciou, levando o indicador à boca e olhando para o vazio como se estivesse à procura de algum ruído.

— "Essa é por meu para-brisa!" — escutaram vindo de um lugar não tão distante.

— "Essa é por todos que morreram" — escutaram novamente, porém, mais alto, o que fez com que Rose identificasse de onde vinha o som.

— Por aqui — disse Rose empunhando sua arma.

Os outros policias e o Xerife fizeram o mesmo, seguindo-a.

Não demorara muito para se depararem com uma casa pequena que o senhor Garner costumava guardar algumas coisas.

Ouvira mais um grito e foi o suficiente para correrem e escancararem a porta. A próxima cena que viram foi um cara alto, com uma máscara de retalhos segurar uma garota pelo pescoço. Roger não pensou duas vezes antes de atirar. Um tiro acertou a perna no homem alto, o que o fez desequilibrar e soltar a menina, que por vez, caiu, se viva ou não, ainda não era possível saber, ao chão.

— Paty!!!! — Gritava a outra moça

Jeff e Rose mantinham a arma apontada para o homem. Alex correu para socorrer a menina caída.

— Acabou — disse Roger — Mãos para cima ou atiraremos, dessa vez em lugares piores.

— Ela está viva! — Anunciou Alex.

O homem se remexeu no chão, cerrando os punhos. Seu corpo fez menção de se virar para a menina, mas os dedos de Rose foram mais rápidos. Ela apertou o gatilho e o tiro acertou a ombro do homem.

— Estamos avisando, não se mova! — disse Rose.

O homem assentiu.

Roger apressou em algemá-lo. As armas ainda apontadas para ele.

— Certo. Rose, Jeff, vamos levá-lo à delegacia. Alex, fique aqui com as meninas, chame a ambulância. Precisamos levá-las para um hospital.

Chamada: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora