CHAOS - HATE OPERATION [EM HIATUS]

0.3

Realidade, cruel realidade...

Ashley

Mal entramos na sala e Karoll já se joga no grande sofá de cor vinho, exigindo algum filme chato e romântico para vermos. Eu me pergunto o que um filme desse gênero tem de tão interessante para tantas e tantas pessoas verem...
É sempre um que morre no final. Ou é a mulher ou é o cara. Mas, na maioria das vezes, é a garota que sempre se ferra do final. Os baseados em livros é a prova viva disso.

Não a impedi de ficar insistindo. Até eu quero fugir um pouco da "rotina". Um filmezinho clichê não irá me fazer tão mal assim.

Depois do filme, ficamos sentadas no sofá, sem fazer nada, apenas olhando para a TV desligada. Mas Karoll parece avoada, perdida em seus pensamentos. Não quero atrapalhá-la, mas isso está começando a me preocupar.

- Kah, você está bem? - Ela parece voltar à realidade em um passe de mágica.

- Ah... Estou... - Parece hesitar em continuar falando. Ah, mas não vai ficar por isso só! Onde já se viu? Ela sempre me contou as coisas... Por que só agora ela quer se fechar?!

- Kah, eu sei muito bem quando você não quer contar as coisas, e agora não está diferente.

Parou alguns segundos, parece pensar. Com certeza está em dúvida se quer me contar a boa nova ou não. Mas ela sabe que sempre a vou escutar, independente da nossa situação. Karoll está estranha, e eu vou descobrir o porquê nem que esse seja o último dia da minha vida.

- Olha - ela finalmente abre a boca. -, eu não queria perguntar isso porque eu sei que você detesta esse assunto. Mas isso me deixa cada vez mais preocupada com a sua saúde, Ash. Sabe, depois daquilo... eu meio que não vejo mais a antiga Ashley de antes em você.

Sim, ela acertou. Eu odeio esse assunto mais do que tudo. Principalmente o motivo desse assunto. E não, não estou falando da minha mãe, apesar dos meus piores machucados sentimentais. Eu acho que deveria falar sobre isso com alguém, mas eu não aguentaria os primeiros segundos da minha história e começaria a desabar. Não gosto de chorar na frente de ninguém, mesmo essa pessoa sendo alguém que eu gosto e admiro muito.

- Por favor, me diga: por que você e Thomaz são assim?! Poxa, vocês dois eram tão inseparáveis... O que aconteceu? - Como Salle, Karoll não sabe da morte da minha mãe, e nem pretendo contar. Isso é tão doloroso para mim que não vale a pena espalhar esse sentimento obscuro e triste. Mesmo sendo alguém com mais rancor do que felicidade no coração, detesto ver as pessoas chorarem.

- Nada, Karoll. Foi apenas uma briga boba que resultou nessa merda toda. - Digo indiferente, sem desviar os olhos do ponto fixo que tanto encaro ao invés dos olhos de Karoll.

- Cara, isso está tão feio que não perece o resultado de uma "briga boba" - Faz aspas com os dedos.

- Karoll, eu não gosto de falar sobre isso, ok? Eu te contei tudo. Foi apenas uma briga que tivemos e nada demais. - Invento várias desculpas para que ela se convença. Eu consigo manipulá-la com apenas palavras vãs. Fui completamente feita disso há três anos atrás. Agora, essa porcaria se tornou um maldito hábito tão inútil quanto a existência de certas pessoas nesse planeta. Pelo menos hoje isso foi uma bela saída para mim, senão eu surtaria se somente falasse a primeira letra do nome daquele lixo de pessoa.