Capítulo 1

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- Você é uma idiota - diz Rachel. - Ninguém acredita nessas besteiras.

- As pessoas do passado acreditavam - falo.

- As pessoas do passado procuravam desculpas para o que elas não tinham como explicar.

- As pessoas de hoje que tem medo de acreditar - rebato.

- Elas não acreditam porque não existe - ela insiste.

- Existe sim.

- Parem as duas - fala George. - Enquanto não há provas da existência de vampiros vamos continuar sem acreditar.

- Eu vou provar para vocês - digo irritada e, depois de pagar a minha parte, saio da cafeteria.

Eu não me importo que achem que eu sou louca. Eu não sou. Mas também não quero isso na boca do povo. E se eles querem uma prova eu trarei uma prova. Essa noite.

- Idiotas são vocês - resmungo mesmo que ninguém esteja comigo agora. - Vão ver só.

Como eles podem acreditar que uma raça inteira foi inventada? Como podem não acreditar em algo tão concreto? Em algo tão... real. Claro que vampiros não saem se mostrando por aí à luz do dia, até porque o sol os queima. Mas a quantidade de desaparecimentos, os animais sem sangue, furtos nas reservas do hospital. Eu pesquisei o histórico da cidade e das redondezas e não acredito que exista um local mais macabro que esse. Com certeza, há vampiros aqui.

E eu posso sim provar que estou certa.

Já são quase cinco horas da tarde. Ou seja, ainda vai demorar para escurecer, então dá tempo de me preparar.

Vou para casa e coloco uma calça e uma blusa confortável. Corto um pouco de verbena - que eu tenho guardada para o caso de encontrar um vampiro por aí - coloco numa garrafa plástica e bebo uma parte com o resto do meu chá.

Verbena é uma planta venenosa para os vampiros, além de feri-los com o toque, deixa-os fracos ao ser ingerida, por isso, já tomo há um bom tempo. Pego alguns pedaços de madeira e um isqueiro também, que eu saiba isso funciona com qualquer vampiro. Como os contos não são precisos e alguns autores se permitem fazer alterações nas histórias, tenho que estar preparada para tudo.

Quando o relógio marca dez horas e toda a cidade já está escura, depois de comer, saio de casa com uma lanterna na mão, atravesso a rua e entro na floresta. Esse local não foi nomeado Floresta Negra a toa, as copas das árvores são tão densas que é escura até durante o dia, o lugar perfeito para um vampiro morar, abrigado contra o sol.

Respiro fundo ansiosa. Eu sempre quis provar a existência dos vampiros, mas a preguiça era mais forte do que a motivação para fazê-lo. Separar as coisas, entrar na floresta, lutar contra uma criatura mais de dez vezes mais forte do que eu... também não parecia muito atrativo. Afinal, além de fascinantes são uma espécie perigosa. Porém, agora, com a cidade inteira pensando que eu sou louca, eu vou provar que estou certa.

Alguns dias atrás ouvi Rachel e George, meus primos, conversando sobre isso:

"Ele já devia ter superado a mudança, já faz um ano que está aqui" disse ela.

"Seus pais disseram que sempre foi meio fora de orbita"

"Eu não gosto que ela fique falando essas besteiras sobre vampiros. Meus amigos acham que ela vive chapada e estão parando de falar comigo direito. Eu sei que aceitamos ficar de olho nela mas isso é de mais"

Eu me mudei para cá para finalmente ficar independente. Além de ser um bom país, a ideia de morar próxima a floresta era muito tentadora afinal, já pesquisava muito sobre essa antes. Porém meus pais acham que não tenho capacidade de morar sozinha num outro país, mesmo já tendo VINTE E UM ANOS. Eu não quero meus primos me vigiando ou qualquer coisa do tipo e espero que isso mude depois de provar que estou certa.

The Curses of Schwarzwald - Cursed Plant (knj) (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora