Capítulo 8

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Examino o garoto, que não parece uma ameaça - e acredito que já teria me atacado se quisesse - nem ser uma pessoa agressiva.

- Por quê? - pergunto irritada. - Qual o problema desse cavalo?

- Nenhum, é que esse cavalo é do NamJoon. E ele não gosta que mexam nele - ele sorri e pisca.

- Ah... - falo triste. Agora vou pensar duas vezes antes de chegar perto dele. - Ok.

Vou em direção à casa.

- Eu... - ele me puxa, levemente, pelo pulso, virando-me para si - Eu te mostro onde estão os outros. Quer dizer, se quiser.

- Pode ser... - olho uma última vez para o cavalo e sigo o rapaz.

Era o mesmo animal da última vez, algo nele me atrai.

Sacudo a cabeça tentando esquecer esse pensamento, mas o garoto me vê e desvia o olhar, rapidamente, rindo.

Olho pra baixo graças a vergonha e fico assim até chegarmos.

É um pouco afastado da casa principal, mas não chega a ser cansativo andar até lá. Além de valer a pena. De fora, já da pra ver que o lugar é imenso. Quando entramos, podemos ver vários cavalos, mais de vinte, eu acho, e muitas celas. Sorrio maravilhada lembrando da fazenda na qual fui criada. Só queria montar em um dos animais e sair correndo daqui.

Vou até um que chama minha atenção.

- Que lindo - falo fazendo carinho.

- É uma égua - ele diz rindo.

- Como sabe? - pergunto desconfiada.

- Sou amigo do NamJoon - já sabia que não era um empregado.

- Por quê? - ele ri novamente. Que pessoa em sã consciência seria amiga dele?

Queria perguntar à namorada do JiMin, mas não tive tempo.

- Somos amigos de infância - ficamos em silencio por um tempo enquanto faço carinho na égua - Ele é ruim assim?

- Ele é... Péssimo - Não sei o que dizer sobre ele, não posso dizer: Ele é muito ruim mas não é tão ruim.

- Qual o problema desses caras com garotas? - ele pergunta baixo e de costas, mas ouço.

Distraio-me com o que disse e passo a mão muito perto do olho do animal, que relincha, afadtando-se.

- Ei, ei - falo acalmando-o. - Desculpa.

Como se NamJoon me visse como garota, quer dizer, não é como se ele quisesse me agarrar pelos cantos da sala, só quer me matar e se ver livre de mim. Eu estou mais para uma refeição pela qual ele está esperando, como a ceia de natal.

- Senhor Jung - eu quase pulo de susto, mas ele, simplesmente, olha para a empregada que, pelo visto, estava nos seguindo. - O senhor Kim está te esperando.

- Até a próxima - ele diz e beija minha mão.

Quem beija a mão dos outros?

- Se ele ainda não tiver me matado até lá, te vejo por ai - falo sorrindo para mostrar sarcasmo e ele sai do estábulo rindo.

- Senhorita - a empregada fala. - O senhor Kim pede para que volte para seu quarto.

- Ou...? - não é a mesma empregada que fica na porta do meu quarto.

Sim, eu já estou num ponto no qual irritar o NamJoon se tornou divertido.

- Qualquer coisa de ruim - ela diz como se fosse óbvio. - É o que acontece ao contrariá-lo.

- Não vou - digo sem interesse.

- Depois não passe o dia chorando quando alguém não acordar - diz cínica.

Encaro-a com raiva, quem essa idiota pensa que é? Ela é empregada também afinal.

Sigo-a só porque não tenho nada para jogar em sua cabeça. Quando chegamos à porta do quarto, ela diz:

- E, se eu fosse você, pararia de falar mal de quem te deu comida e acolheu em casa - ela fecha a porta na minha cara.

- COMO SE ELE NÃO TIVESSE ME SEQUESTRADO E FORÇADO A FICAR AQUI DENTRO - grito irritada sem saber se ela já foi ou não.

...

Já faz alguns dias desde o nosso encontro e o Sr. Jung ainda me intriga, por que alguém que não é vampiro anda com um vampiro?

Quer dizer, eu não sei se ele é ou não, mas não parecia. Mas, parando para pensar, também não parecia humano...

Respiro fundo. Tenho que parar de pensar nisso, não muda nada na minha vida mesmo. Acho que só estou com a cabeça cheia, afinal já faz dois dias desde a última vez que sai do quarto para fazer alguma coisa. E nem cheguei a pisar fora da cada.

Então, depois de pensar muito, resolvo que vou sair. AGORA. E problema do NamJoon se ele não quiser deixar. Eu preciso de ar fresco, sair daqui, nem que por alguns minutos.

Abro a porta, mas a empregada chata está lá, como sempre, me vigiando. Fecho a mesma e avisto a janela, por que não?

Saio pela abertura e quase caio porque esqueci que estou no segundo andar, mas consigo me segurar em uma parte de uma janela impedindo o tombo.

- Aonde pensa que vai? - NamJoon pergunta assim que coloco os pés no chão e reviro os olhos.

- Dar uma volta - digo seca passando por ele.

- Quem deixou? - suspiro irritada, não aguento mais isso, nem ao estábulo que é dentro da propriedade ele deixou eu ir.

- Estou cheia de feridas - falo, mas na verdade elas estão bem melhor. Já faz tempo que ele não me machuca. Na verdade, nem o vejo tanto assim. - Não é difícil saber onde estou - desafio.

- Não importa - fala firme. - Continua sem poder...

- Eu só quero sair dessa porcaria de casa - interrompo-o encarando seus olhos. - Daqui a umas duas horas, você me sequestra de novo - sugiro - ou eu volto sozinha.

- Não me provoque - parece que essa é a frase favorita dele.

Ele me empurra contra o muro com o antebraço no meu pescoço. Encaro ele séria, até se ele matar alguém na minha frente não vou achar tão horrível, dado ao meu nível de estresse por ficar trancada.

- Eu estou desenvolvendo uma claustrofobia lá dentro - falo séria, nunca fiquei tanto tempo presa em um lugar.

Espero ele dizer algum insulto mas, surpreende-me ao dizer:

- Ainda não aprendeu que a floresta é perigosa? Mesmo depois de ter sido atacada duas vezes? - pergunta afastando-se. Ele só pode estar zombando de mim.

- Idiota, foi você que me atacou - falo irritada.

- Não me chame de idiota - diz também se irritando. - E, uma das vezes, foi o jungKook.

- Então me siga, eu vou na frente você alguns metros atrás. Pra não pensarem que estamos juntos - digo com deboche.

- Os animais? - ele pergunta no mesmo tom.

- Foi só pra não dizer que eu não gosto da sua presença.

Ele segura meu braço com força.

É a mais pura verdade, mesmo que ele seja lindo e, as vezes, cuidadoso, sua atitude não é atrativa para nenhuma mulher.

- Esqueceu quem manda nessa relação? - ele pergunta irritado.

- Parece que vou precisar de mais roupas que escondam as marcas roxas. E... - tento puxar meu braço. - Não temos uma relação.

- Você vai se perder - ele diz com a mandíbula travada.

- Não vou - tento puxar novamente.

Ele aperta mais um pouco e me olha nos olhos, depois me surpreende, soltando. Ele se coloca para o lado, como se para deixar que passe e fico perplexa por alguns instantes.

Ele realmente está me deixando ir?

The Curses of Schwarzwald - Cursed Plant (knj) (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora