Capítulo 14

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Ele me puxa para si, colocando algo gelado perto da minha traqueia, provavelmente uma faca.

- Eu sei que está aí, venha salvar sua querida irmã - ele passa a lateral da faca na minha bochecha e minha respiração vacila. - Venha, NamJoon.

O vampiro aparece no meio das árvores.

- Está perdendo seu tempo. Ele não se importa - falo lembrando da conversa de ontem.

- Ele vai deixar mesmo eu matar sua pequena irmãzinha? - ele brinca com a faca em meu pescoço.

- Sim ele vai - tento me soltar mas ele segura meu cabelo perto da raiz, travando minha cabeça no lugar.

- Você não me teste. Nem você, NamJoon, eu estou falando sério - sinto a lâmina começar a cortar a pele do meu pescoço, o suficiente para me deixar em pânico, mas não para me matar.

Não procuro ver a reação do meu suposto irmão, concentro-me em não me mexer de mais e esse maluco acabar me matando.

- Você está sendo imprudente - ouço sua voz ainda dentro da floresta

- Imprudente é você, que achou que me fez de idiota por todos esses anos - o prefeito fala. - Diga, essa quantidade de sangue já é suficiente para que queira matá-la? Por que algum de nós dois vai acabar fazendo isso. Até que é bonitinha - segura meu queixo examinando meu rosto e me beija.

A partir daí já não me importo se ele tem uma faca na mão. Tento empurrá-lo, mordo sua boca, mas, mesmo sentindo o gosto do sangue, ele não me solta.

- Nojento - falo quando se afasta ofegante. Ele ri e me puxa novamente para si. - Não - continuo tentando me soltar.

Depois disso, tudo que aconteceu, aconteceu muito rápido.

NamJoon vindo em nossa direção.

Um tiro.

NamJoon caindo.

O prefeito me jogando no chão.

NamJoon queimando com o sol.

O homem que atirou aparecendo e dando mais dois tiros nele.

Os dois rindo ao ver o garoto agonizando no chão.

Encaro seu rosto, vermelho e com bolhas de queimaduras. Ele fala sem som "corra" três vezes, mas não consigo parar de olhar para as feridas.

O tempo passa bem devagar até que ele grita.

- CORRA.

Então eu acordo do transe e pego a faca que está perto de mim.

Eu não vou correr.

O prefeito vem em minha direção e me puxa de novo.

- Realmente nutre sentimentos por essa garota? Você é mais decepcionante do que eu pensava. São como irmãos mesmo, ou se apaixonou por ela?

- Eu não tenho sentimentos - fala com um sorriso cínico na face queimada. - Muito menos me apaixono.

- Não? - ele dá um soco em meu estômago, NamJoon avança e leva outro tiro. Eles continuam rindo.

- Você é só o primeiro dessa sua espécie nojenta, vou caçar todos os seus amigos monstros e matar um por um. Quem sabe eu até te poupe para você ver isso acontecer.

- Você é muito mais monstro que ele - tento fazer sombra no garoto que se contorce no chão.

- Que pena que você não pode fazer nada em relação a isso - fala.

Enfio a faca na barriga do prefeito e depois o uso de escudo contra o cara que tenta atirar em mim.

- Idiota - o prefeito grita.

Ele tenta me atacar, mas empurro-o em cima do outro e NamJoon morde a perna do mais novo, chamando sua atenção e fazendo com que leve mais um tiro, mas isso é suficiente para eu segurar na arma junto com ele.

Ele dá uma cotovelada no meu rosto mas não solto o objeto mesmo sentindo o sangue escorrer por meu nariz. Então NamJoon o joga no chão e eu fico com a arma. Colocando-me no caminho entre eles e o vampiro, que ainda tenta se proteger do sol.

- Pode ser bala de madeira, mas fere tanto quanto as normais. Então saiam daqui antes que eu atire - falo o mais séria que consigo, tentando não tremer.

Quando os ouço rindo, atiro na perna do mais novo e o prefeito fica dividido entre encarar-me com raiva ou socorrer o parceiro.

- Certo - diz em pura raiva. - Mas não pense que isso acabou.

Os dois vão embora lentamente enquanto continuo com a arma apontada para eles, com certeza não acertaria um tiro nessa distância, mas não saio da posição de ataque até que sumam no meio das árvores. Então viro-me para NamJoon, com dificuldade, ajudo-o a levantar e levo ele até a sobra. Apesar disso, ele não parece melhorar.

- Onde aprendeu a lutar? - pergunta com o sorriso presunçoso de sempre.

- Eu não aprendi. Foi sorte - falo tentando encontrar todos os tiros que ele levou, talvez se eu retirar as balas dê tudo certo.

Ele ri mais e segura o abdômen com dor.

- E a atirar? Foi sorte também?

- Não. Foi meu pai.

- O.K.... mas continua... incrível - ele se encosta numa árvore e começa a fechar os olhos.

- Não, não, não. Fique acordado - falo desesperada.

- Não se preocupe, em algumas horas... em algumas horas estarei bem.

- Tome - estendo o pulso para ele.

- Não - ele vira o rosto para o outro lado.

- A esse ponto já não devo ter mais verbena no meu organismo. Além disso, te devo uma por ter me salvado dos lobos.

- Eu já disse que não - ele quase não consegue empurrar minha mão para longe.

- NamJoon - reclamo.

- Eu não vou conseguir parar - fala olhando nos meus olhos. - Eu estou com fome. E, quando disse que não cheira bem... era mentira, você... Não.

Corto meu pulso com a faca e encosto o mesmo na sua boca, instintivamente ele começa a sugar, afinal está em sua natureza, ele não pode lutar contra. Mas, mesmo assim, ele tenta. Posso sentir algumas vezes ele parando e voltando, infelizmente só torna isso tudo mais doloroso e torturante.

- Não fique parando e voltando. Dói - ele me encara apreensivo soltando meu pulso.

- Está bom.

- Não está, você continua... assim. Só faça de uma vez.

- Tem certeza?

- Sim.

Ele pega meu braço, puxando-o para si e morde no mesmo lugar dessa vez sugando com vontade, assustando-me com a velocidade com que vou ficando fraca. Mas, em compensação, a melhora nele é nítida, as queimaduras vão sarando numa velocidade absurda.

Depois de mais ou menos um minuto, ele para.

- O que foi? - pergunto.

- Se beber mais vou te matar - informa.

- Não é o que queria? - rio o quanto consigo. - Beber meu sangue até a última gota? Me matar?

Ele me olha com ressentimento.

- Acha mesmo que eu faria isso com você?

- Você disse...

- Eu sei - interrompe e passa os dedos de leve pelo meu rosto, provavelmente examinando as feridas. Mas o gesto me cala mesmo assim.  - Eu te mandei correr.

Um tiro não me deixa responder

- Vá matar aqueles idiotas.

Ele assente e posso vê-lo sumir antes de desmaiar.

The Curses of Schwarzwald - Cursed Plant (knj) (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora