Paulo e Henrique estavam voltando de carro pra casa. Agora, todos os dias, eles voltavam juntos. Paulo nem desconfiara quando o rapaz se matriculara naquela academia justamente num horário que desse para ele voltar todos os dias com o pai.
O telefone tocou. Cecília queria saber por que Luciano faltara à sessão de controle do vício de drogas. Paulo congelou na hora. Ele disse que nunca mais iria faltar às sessões.
Ligou para o telefone de Luciano. Sabia que naquela hora Cida já teria saído para ir a uma consulta médica, conforme avisara. Luciano estaria sozinho. Tentou duas vezes, mas ele não atendeu. Jogou o telefone no painel, sem se conter de preocupação.
Despistadamente, olhou pelos grupos de drogados no canto da praça, os cigarros e cachimbos de boca em boca...Henrique percebeu os olhos do pai.
_O que foi?_perguntou Henrique.
_Nada não..._Paulo franziu as sobrancelhas preocupado.
_Desculpe, mas você colocou no viva-voz...essa Cecília...não era aquela do grupo para viciados que cuidou do Flávio, Paulo?
_É...
_Quer dizer que o Luciano...
_Não é nada do que você está pensando...há meses ele não usa mais drogas...é só uma precaução...rotina...
_Sinto muito, Paulo. Não dá pra confiar num ex-drogado. Um vacilo da gente e eles retornam às bocas...Flávio foi prova disso.
Tentou novamente falar com Luciano. O telefone tocou até cair. Ninguém atendeu.
_Posso te ajudar a procurá-lo antes que seja tarde. Eu...conheço alguns lugares onde ele pode estar..._começou Henrique fingindo querer ajudar.
_Não, vou te deixar em casa primeiro. Ele pode estar lá...pode ter se distraído...
Paulo chegou em casa e procurou o namorado, primeiro dentro de casa e, finalmente, foi para o fundo do quintal.
Paulo suspirou aliviado ao ver o namorado sentado de pernas cruzadas perto do canteiro para afofar a terra em volta das violetas.
Se aproximou e o enlaçou com força.
Luciano deu um pequeno grito e riu erguendo as mãos.
_Que susto, amor!
_Desculpe, querido...não queria te assustar._disse Paulo aliviado por encontrá-lo.
_Pati...estou todo sujo...vou sujar as suas roupas.
Mecanicamente, tombou a cabeça de lado, como Paulo gostava.
O dentista logo passou o nariz na curva suave do pescoço do namorado e sussurrou aliviado em seu ouvido.
_Por que não foi à reunião, meu anjo? Fiquei preocupado...Cecília também...
_Peraí...que dia é hoje? _arregalou os olhos._ Hoje é quinta-feira? Me distraí com as plantas...queria te fazer uma surpresa...terminar tudo antes que você chegasse...Está ficando tão lindo!
_Claro que está ficando tão lindo, meu jardineiro maravilhoso. Acho que vou ter que organizar a sua agenda daqui pra frente, ou você poderá se esquecer de outras coisas. Já te falei pra não se afastar do telefone. Se é que nem adianta eu te ligar pra te avisar, porque você não se acostuma a levar o celular pra onde você vai. Vou ter que amarrá-lo em seu pescoço?
Paulo continuava a acariciar o pescoço e a nuca do namorado com o nariz, como se tivesse se esquecido totalmente da presença de Henrique.
_Ah...foi só hoje...Acho que o esqueci no quartinho de fertilizantes lá atrás. Fui e voltei tantas vezes que acho que o larguei lá, da última vez. Me desculpe, amor. Prometo não me esquecer mais, tá bom?!_disse Luciano percebendo Henrique parado logo atrás. _Vocês dois gostariam que eu preparasse um lanche?
_Não precisa. Henrique sentiu falta de uma padaria em que a gente costumava comer lá perto do consultório. Não te chamei porque achei que estaria na reunião.
_Claro._Luciano disfarçou um leve ciúme.
_A gente pode tomar um banho gostoso primeiro e retirar toda essa terra antes de você lanchar..._Paulo olhou os pés que se enterravam parcialmente na terra. _Não acredito que você está sujando os meus dedinhos desse jeito.
_Eu e o Thor nos empolgamos e rolamos na terra. Eu quero dar um banho nele, antes de entrar, ou amanhã, a Cida vai me matar...Sabe que ele logo vai querer se sacudir na varanda._disse Luciano já levantando com agilidade e pegando a mangueira que estava no canto do jardim.
Começou a molhar Thor e a si mesmo.
_Luti...não acho que você deveria tomar banho frio...mesmo sendo só os pés...pode se resfriar..._preocupou-se Paulo.
_Pati...está parecendo o seu irmão...não tem problema. Está tão quente e a água está tão morna...olha só..._Luciano respingou água no namorado.
_Luti! _gritou Paulo dando um passo atrás.
_Deixa de ser enjoado, homem, daqui a pouco você irá tomar banho mesmo. Por que não adiantar aqui fora?_riu.
_Já vi que eu vou sobrar de novo...vou subir._disse Henrique finalmente notando que chegara ao limite da tolerância ao ver os dois tão à vontade a ponto de esquecê-lo.
O rapaz temia não se controlar com a cena e externar a sua contrariedade.
"Por que aquele peste tinha que estar em casa, a essa hora, tão comportadinho? Merda!"-pensou.
Luciano continuou a se lavar junto com Thor, enquanto o cachorro pulava nele e se balançava molhando os dois.
_Luti...já chega! Acho melhor entrarmos e você vir comigo pra tomar um banho bem quente. Vamos lá._implorou Paulo visivelmente contrariado.
Luciano voltou a jogar água em Paulo, que gritou irritado:
_Se você me molhar mais uma vez, eu juro que vou morder a sua bunda! _xingou Paulo seguro de que Henrique já não poderia ouvi-los.
_Promessas...promessas...Se você prometer que vai fazer justamente isso...eu vou te molhar de novo...e de novo e de novo...
Luciano deu um grito quando Paulo arrancou a camisa ensopada e saiu correndo atrás dele parecendo com raiva.
_Essa eu quero ver!_disse Henrique interrompendo o percurso até a casa e desejando que Paulo realmente se irritasse com Luti.
Se esgueirou silenciosamente, atrás dos dois, mas a cena que viu dentro da garagem realmente o tirou do sério.
_Pati...eu estou todo suado...todo sujo..._gemeu Luciano sentindo as mãos do dentista em suas nádegas.
_Quando os médicos dizem que é melhor lavar as coisas antes de comer...eles não estavam falando de todas as coisas...algumas são melhores assim...todo salgadinho...suado...não vai dar pra esperar banho nenhum não, pois eu te quero é agora..._gemeu Paulo puxando o namorado com força para que ele se encaixasse firme na cintura dele._Deus, eu amo essa sua flexibilidade toda, Luciano...fico imaginando tudo o que a gente pode fazer, todas as posições...meu amorzinho de borracha...
_Pare de falar e me beije, me beije..._disse Luciano agarrando Paulo pelos cabelos com aflição.
Henrique deu um murro na mão quando chegou ao quarto, após ver os dois se agarrando no fundo da garagem, felizes com a travessura que haviam praticado.
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UMA SEGUNDA CHANCE-Romance Gay
RomanceSinopse: Paulo se sentiu imediatamente atraído pelo rapaz tímido e com o semblante sofrido que adormeceu, exausto, em sua cadeira de dentista. Não teve pressa em acordá-lo para avisar que o exame já tinha terminado. Surpreendeu-se quando um homem de...