CAPÍTULO 15-LUCIANO AJUDA PAULO A SE ALIVIAR

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Como por telepatia, Leonardo ligou pra ele, minutos depois.

—Não precisava ter mandado o rapaz sair do meu quarto como se fosse uma ameaça para mim, Leo. Ele deve ter ficado ofendido!—atacou Paulo já de início.

—Antes ele ofendido do que meu irmão tolo com o pau e as bolas detonadas...não viu o estado do pobre diabo?

—Pensou que eu iria agarrá-lo, seu pervertido? O pobre mal se aguenta em pé!

—Pensei que ele iria agarrá-lo, seu idiota! O cara é um viciado, vadio...

—Eu já te falei que ele é uma vítima desse desgraçado que era namorado dele, quantas vezes eu vou ter que repetir isso?

—O mesmo número de vezes que eu vou ter que repetir que, mesmo que seja verdade, isso não limpa o sangue sujo que corre pelas veias dele. Peguei o resultado dos últimos exames. Realmente confesso que não tem AIDS, mas talvez, só não tenha AIDS, acredite. Êta sangue ruim, viu? Você ouviu ele falando...fixos eram 6, os outros, eu não sei...conta outra que ele não estava conivente com essa vadiagem do namorado. Como ele não fugiu da situação? Talvez até gostasse...

—O namorado disse que o entregaria para a polícia depois que o obrigou a praticar alguns assaltos...—começou Paulo.

—Não, pare...pare agora mesmo!—rosnou Leonardo do outro lado da linha.— O que você tem dentro de casa é um marginal confesso, Paulo! Ladrão, drogado, prostituto...

—Vítima de um namorado cruel...que eu mesmo vi com ele...

_Uma vez...no seu consultório...e isso serve de justificativa incontestável para o seu veadinho vadio ser o seu mártir particular? Se ele contou tudo isso, fico imaginando o que ele não contou! Aliás, talvez o certo a se falar não é contou e sim inventou...e se você não quiser dar um pé nessa bundinha, eu mesmo poderei dar...—ofereceu Leonardo.

—Quer saber? Eu não vou ficar perdendo o meu tempo com você...—Paulo desligou o telefone na cara do irmão.

Começou a andar pela sala de estar. No fundo, sabia que Leonardo estava certo, que o irmão tinha todos os motivos para duvidar da idoneidade de Luciano e que só queria proteger a vida de Paulo.

Porém, Paulo, depois de tudo que vira e percebera, não conseguia julgar o rapaz com uma balança tão rígida quanto a de Leonardo.

Várias coisas pesavam a favor de Luciano. Além de tê-lo visto com Marcos, com o próprio Thor, que o aceitara como se ele fosse Flávio reencarnado...ainda tinha tido aquelas experiências com o espírito de Lurdinha. Paulo começava a acreditar até mesmo nas palavras de Cida que dizia que o próprio Flávio escolhera Luciano para ele. Aliás, a própria Lurdinha tinha afirmado isso também.

Esperou até passar o tempo para que Luciano dormisse. Sabia que aquela era a última noite que ele dormiria em sua cama. Paulo não pode negar que, naquela última noite, se mantivera acordado até tarde olhando o rosto do rapaz que ressonava baixinho ao seu lado, enquanto ele começava a notar os primeiros indícios de um carinho todo especial nascendo dentro dele em relação a Luciano.

Quis abraçá-lo, beijar aqueles lábios tão bem desenhados e afagar aqueles espessos cabelos negros, mas se controlou. Luciano não seria abordado de maneira tão leviana pelo dentista, que já dera o fora de elogiá-lo daquele jeito. Seu gatinho escaldado, com certeza, agora teria medo até de água fria.

De repente, Paulo não pode deixar de sentir o cheiro do outro que o envolveu numa velocidade que o assustou. O corpo se acendeu de maneira insuportável e o médico saiu lentamente da cama, se refugiando no banheiro.

UMA SEGUNDA CHANCE-Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora