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- Amor? Posso pegar uma roupa sua hoje?

- Claro, pode pegar qualquer uma.

Ten continuou a preparar o café da manhã, enquanto seu namorado se arrumava para ir a faculdade. O pequeno apartamento estava uma bagunça, mas nenhum dos dois tinha tempo para arrumar, já que a faculdade os consumia. Fora que aquela pequena bagunça era um tanto quanto aconchegante. Assim que terminou de arrumar a mesa, Ten se sentou a mesa, tomando seu café e ajeitando os últimos retoques de seu trabalho para a faculdade.

- Não sabia que você tinha esse moletom - disse Johnny, se aproximando da mesa com um moletom vermelho em mãos. - Tem um cheirinho bom, parece cereja.

Ten arregalou os olhos, se levantando da mesa e tirando o moletom das mãos de Johnny, que o olhou confuso.

- Esse não, ele não é meu - respondeu Ten, olhando para o moletom. - É de um... amigo.

- Desculpe - respondeu Johnny. - É que estava no fundo do guarda roupa, então eu pensei que você tivesse esquecido dele.

- Não tem problema meu amor - respondeu Ten sorrindo, para em seguida deixar um beijo nos lábios do namorado. - Agora vá comer, se não vamos nos atrasar.

Enquanto Johnny tomava o seu café da manhã, Ten retornava ao seu quarto para guardar o moletom. O mesmo moletom que Taeyong havia lhe emprestado à quatro anos atrás. Ainda mantinha o cheiro de cerejas, mesmo estando no fundo do seu guarda roupa nesse tempo todo. Ao devolver a peça em seu devido lugar, Ten se perguntou onde Taeyong estaria agora, em que aventuras o garoto teria se metido nesses quatro anos desde a sua partida. O tailandês não admitia, mas sentia falta dele.

- Vamos, Ten - gritou Johnny, da cozinha. - Estamos quase atrasados, já.

- Estou indo, meu amor - respondeu Ten, fechando rapidamente o guarda roupa e tirando aqueles pensamentos de sua cabeça.

Lee Taeyong era passado agora, não fazia mais parte de sua vida.

+++

- Eu tenho uma coisa pra você.

- Já sei que coisa boa não é.

Yuta revirou os olhos, abrindo a sua mochila. Ten o observou revirar a mochila, tirando livros e cadernetas da mesma, até encontrar um pequeno envelope. O japonês sorriu vitorioso, e enquanto guardava suas coisas novamente, disse:

- Eu vou te entregar, mas não mostre para ninguém. Não quero que o Johnny fique sabendo disso.

- E por quê não? Ele é o meu namorado, não tenho nada a esconder dele - respondeu Ten, mordendo o seu bolinho.

- Exatamente por ele ser o seu namorado que eu não quero que ele saiba - replicou Yuta. - É sobre Taeyong.

O coração de Ten deu um salto ao ouvir de Taeyong. Nunca tivera notícias dele desde a sua partida, e até achou melhor assim. Ele prometeu que iria esperá-lo, mas não conseguiu cumprir sua promessa, e se sentia culpado com isso.

- Ele vai voltar? - perguntou, tentando disfarçar o pingo de esperança em sua voz.

- Eu não sei. Eu não abri a carta - respondeu Yuta, olhando para a mesma. - Chegou ontem a noite, mas estava em seu nome. Sicheng ficou bem animado, ele ainda tem esperança de que vocês voltem. Se é que um dia estiveram juntos.

- Obrigado por me deixar mais pra baixo - ironizou, se deitando na grama. - Hoje eu encontrei aquele moletom, lembra? Que ele deixou pra mim? Bom, na verdade foi o Johnny que achou, mas...

O tailandês observou a pequena multidão passar pelo gramado do campus, alguns se sentavam e começavam a estudar, outros só passavam rapidamente, e mais ao longe os alunos de música tocavam violão em uma pequena roda. Era seu último ano na universidade, e ele estava disposto a aproveitar todo aquele clima de despedida que não havia aproveitado durante o ensino médio. Ten havia mudado muito nos últimos anos, graças a Johnny.

- Você ainda não contou pra ele sobre o Tae? - perguntou Yuta.

- Não, eu disse só que era um velho amigo. Fiz mal?

- Hmmm... Eu diria que fez.

Ao longe, Sicheng acenou para os dois, e Yuta sorriu. O japonês se despediu de Ten, deixando com ele o tal envelope de Taeyong. A carta estava um pouco amassada, com selos de várias cidades e países que faziam Ten ter dor de cabeça só de se imaginar lendo todas aquelas letrinhas pequenas contidas naqueles selos. Resolveu guardá-lo em um de seus livros, iria ler depois, com calma. Afinal, Johnny estava vindo em sua direção, e ele se esquecia de tudo quando estava com Johnny.

Até mesmo, se esquecia de Taeyong.

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