Avalon

Capitulo VIII

- o meu nome...- olhei espantada para o dito 'Hugo'.

- sim - ele respondeu apressadamente, desviando o seu olhar do meu.

- e porquê que é assim? - perguntei da forma mais idiota que eu poderia perguntar.

- eu sou teu irmão Inês... - disse encarando-me de novo - quer dizer, para ser mais concreto, meio irmão.

Meu o quê? Quer dizer a partir do momento em que ele diz que se chama 'Montenegro' passou-me pela cabeça que eu pudesse ser meu familiar ou assim, agora meio irmão? Filho de quem? Porquê que nunca me disseram nada? Porquê que ele tinha que ser incrivelmente parecido comigo para me fazer arrepiar só de pensar?

- como é que isso é seque possível? - perguntei sem conseguir pensar direito nas coisas.

- acho que isso é um bocado obvio Inês, os papás fazem asneiras e nascem consequências... - disse o Rodrigo com um ar de gozo que só me apetecia dar-lhe duas cabeçadas naquele momento.

- TU és estupido meu? - respondi olhando para ele com desprezo, definitivamente eu não gostava dele.

- Bem, acho que o que queres saber primeiro é se eu sou filho do teu pai ou da tua mãe.. - ele começou a falar calmamente, notei nas suas pernas trementes que ele estava tão nervoso como eu - sou filho do teu pai.

- Do meu pai? - mostrei-me surpreendida, mas no fundo não estava tão surpreendida quanto isso. Afinal, dos dois o único que via a trair seria mesmo o meu pai. Espera... porque que eu estou a supor que era uma traição?

- Sim... mas ele não traiu a tua mãe ou assim! - ok, agora tenho a certeza que ele sabe tudo o que eu penso - eu nasci antes de ele conhecer a tua mãe..

- podes explicar tudo com mais calma por favor, e de início ao fim sem interrupções? - contornei o meu olhar 'matador' para o Rodrigo para que ele percebesse que o esfaqueava se ele não se calasse.

- ok princess - ele respondeu, com as duas mãos no ar, ao meu olhar esclarecedor.

- bem, a minha mãe apaixonou-se pelo teu pai quando era mais ou menos da tua idade e ela engravidou dele. O pai da minha mãe não autorizava a relação deles pois a minha mãe tinha que casar com o príncipe Filip, que se encontrava perto da morte, e se ela se casasse com ele herdava Avalon. Então o teu pai deu-lhe a escolher... ele... ou Avalon...

- E ela escolheu Avalon.. Such a bitch

-RODRIGO- gritei - está calado!

- sim, ela escolheu Avalon - ele continuou - Casou-se antes de se notar a sua barriga, e quando estava gravida de 8 meses, tudo mudou.

A minha mãe esperava durante aqueles meses que o príncipe Filip morresse para que ela pudesse procurar o teu pai e pudessem ficar juntos, mas para surpresa de todos o príncipe Filip melhorou e o seu destino mudou, e não morreu permanecendo-se vivo.

O príncipe Filip sabia que o filho não era dele e que a minha mãe não o amava, e então para que ela não visse o teu pai expulsou de Avalon, a ele e a todos próximos da minha mãe, deixando-a na mão dele. A minha mãe agora nunca sai do castelo ou fala com alguém, e quando fala só faz mal as pessoas... esta fria... sinceramente, ela e o príncipe filipe estão bem um com o outro agora...- ele olhou cabisbaixo, e passou a sua mão levemente pelo seu rosto que consegui perceber que se encontrava um pouco molhado, pela queda de uma pequena lagrima.

- e tu? - olhei para ele esperando que ele me contasse a sua vida - o que te aconteceu?

- Vivi com eles até aos meus 18 anos, o príncipe Filip nunca deixara que ninguém soubesse que eu não era filho dele, e então, não me deixava sair do castelo ate ser maior de idade e  disse que quando eu saísse nunca mais poderia voltar e assim foi, nunca mais voltei..

- e a tua mãe?

- continua com ele.. já não os vejo a 6 anos... mas a verdade é que ela também nunca me procurou, e ela sabe perfeitamente onde eu estou agora.

Finalmente silenciei. Era definitivamente hora de parar com o interrogatório. Desde que sai de casa do mestre que só faço perguntas em vez de observar tudo a minha volta e ver que está mais gente lá além de mim.

Tratei mal o Rodrigo por tentar animar-nos, tratei mal o Hugo por tentar aproximar-se da sua família, e o Mathew.. está tão assustado que nem reparava nele á bastante tempo.

Levantei-me sem falar ou pronunciar algum som, e sai. Sentei-me no pequeno jardim na parte de traz da casa, cheio de flores de iris roxas, e pensei em tudo, tudo o que ouvira do Hugo.

 

Como é que, em 3 ou 4 dias a minha vida deu uma volta tão grande como esta?