Capitulo V

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Lentamente, comecei a abrir os olhos. Senti uma forte dor na cabeça, como se tivesse acabado de bater numa pedra com ela. Tudo se encontrava nublado, mas notei que um vulto me estava a abanar e a chamar 'Inês'. A minha visão , aos poucos e poucos, começou a ficar mais nitida, estava em casa e quem me chamava era o Afonso.

-Inês? Acorda! Inês? - ele parecia muito intusiasmado por eu estar a acordar.

-calma.... que aconteceu? - a minha voz estava fraca, eu estava fraca.

O Afonso estava magoado na cara e notei que os seus braços tinham queimaduras, tal e qual como os meus.

- tu não te lembras? - perguntou ele com uma feiçao um pouco surpreendida.

- eu só... eu só me lembro de cair e... mais nada... - respondi lentamente, e um pouco confusa.

- oh meu deus, meu deus - disse afastando-se um pouco de mim e começando a andar pelo quarto com as duas mãos na cabeça.

- Afonso? Importas-te de me explicar o que aconteceu?

Ele aproximou-se novamente de mim, mas desta vez deitou-se ao meu lado.

- Tu...tu foste espetacular. - disse ele com um sorriso no rosto.

- ai fui? -  perguntei mesmo muito confusa.

- Eu nem sabia que era possivel fazer aquilo sem a aliança!

- Desembucha - disse observando com mais atenção as queimaduras nos nossos braços.

-Bem, quando tu 'supostamente' desmaias-te, os dois homens voltaram-se para mim. De repente viu-se uma luz a vir de ti e começas-te a acordar. Os teus olhos estavam pretos e começas-te a flutuar. Os homens estavam estupefactos a olhar para ti. Com as mãos fizes-te duas esferas de fogo, do tamanho de uma bola de basquet e lançaste-as uma para cada um deles. Eu afastei-me e eles começaram a incendiar literalmente, e tentaram apaga-lo mas tu continuavas a mandar mais e mais. Tú ias mata-los. Então eu coloquei-me á frente deles e pedi-te que parasses mas tu não me ouvis-te e mandas-te outra que veio em minha direção. Eu fiz o feitiço de proteçao que o mestre nos ensinou, mas não valeu de nada. A esfera atingiu-me. Os teus olhos quando notaram que me atingiram, tornaram-se brancos. Baixas-te até ao chão e aproximaste-te de mim, e colocas-te as mãos sobre mim e conseguiste apagar o fogo e depois... bem depois.... esquece não é importante-  esta ultima parte ele disse-a um pouco atrapalhado e fitando o teto branco do meu quarto.

- é sim, conta-me por favor. - disse olhando confusa para ele, ainda a tentar gerir aquilo tudo que acabara de ouvir.

- bem... foi só... foi só que os dois homens morreram - disse ainda fitando o tecto.

Eu fiquei um pouco em silencio. Eu não podia acreditar em tudo o que o Afonso acabara de me contar. Eu? Eu fiz aquilo tudo? E como era possivel eu não me lembrar de nada? E EU MATEI DUAS PESSOAS?

- Acho que te vou deixar racicionar tudo - disse começando a levantar-se.

- Não! Espera! Quero que fiques, por favor. - Disse-lhe agarrando-lhe a mão.

Ele sorriu e deitou-se novamente ao meu lado.

Mas porquê que eu fiz aquilo? Mas porquê que eu quero que ele fique ao meu lado? E o mais importante, porquê que ele ficou?

- Quando tempo tive desmaiada? - finalmente perguntei.

- Cerca de dois dias - respondeu seriamente.

- O quê? Que dia é hoje? Que horas são?

- É quinta-feira e são 17 horas mais ou menos... faltas-te ás aulas e ás reuniões e amanha também não vais, a tua mãe não quer. - disse encarando-me.

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