Aquele jardim era realmente belo. Nunca pensara que com uma casa nas condições daquela continuasse com um jardim como este, tão bem cuidado e arranjado. O vento cá era quente, mas bom. Estava-se bem. Conseguia ouvir o som de alguns pássaros, o som de água que ainda não conseguira decifrar de onde vinha, o som dos ramos e das folhas das arvores que abanavam com e vento e um som... bem um som que parecia um animal o qual ainda não descobrira também.
Estava tranquila até que me apercebi que o som do animal estava a aproximar-se. Cada vez mais próximo, e mais próximo e mais próximo. E depois foi como se ele estivesse mesmo á minha frente e eu não o conseguisse ver.
- hey! Hugo! - chamei na esperança de ele me ouvir, agora o som estava incrivelmente alto e eu encontrava-me de pé, quando senti algo que me empurrou fazendo me cair de costas.
- socorro - gritei desta vez, não era normal, estava ali qualquer coisa comigo, eu ouvia e sentia que algo além de mim estava ali.
- Inês? - ouvi-os aos três quase em sintonia
- que estás a fazer deitada no chão? - perguntou o Mathew tão inocentemente.
- está aqui alguma coisa! eu sei! não ouvem?
- não ouvimos o quê? de certeza que não bateste com a cabeça ou assim? - perguntou o Rodrigo com o seu sorriso idiota na cara.
Levantei-me o mais rápido que consegui e olhei seriamente para o Rodrigo.
- Não idiota - contornei o meu olhar para o Hugo - estava aqui alguma coisa, e essa coisa empurrou-me, eu juro.
O Hugo caminhou um pouco para a nossa frente citando 'Ostendit quid latet in obscuro'. Não me era estranho o que ele acabara de dizer, lembrei me de uma aula o mestre nos ter falado sobre este feitiço. Falou-nos que havia uma mistura de dois animais capazes de se esconder á vista do olho dos feiticeiros e humanos e que eram preparados para atacar quem o seu mestre deseja-se. O mestre ensinou-nos que com aquele feitiço conseguiríamos com que ele aparece-se aos nossos olhos. Mas espera.... então quer dizer?
O meu pensamento foi interrompido quando me deparei com o animal que se encontrava em frente ao Hugo. Eu naquele momento não me conseguia pronunciar. 'O que era aquilo?' Era tudo o que me passava pela cabeça.
- O meu Deus! - ouvi o Mathew dizer e a manter-se um pouco atrás de mim, como se eu fosse a sua guardiã ou assim.
- awesome! - ouvi o Rodrigo. Aquele rapaz não tem noção do perigo que estamos agora?
O animal, que agora percebera que era uma mistura de Leão com... talvez uma aguia? Começou-se a aproximar lentamente de nós, o Hugo apenas dizia 'tenham calma e não façam movimentos bruscos', e então o meu cérebro raciocinou quando o animal avançou o Hugo e se dirigiu a mim, ao Rodrigo e ao Mathew. Ele não apareceu ali por acaso. Ele apareceu a mando de alguém para nos atacar a nós. Mas afinal nós somos o quê? Pensei eu. Levantei uma das minhas mãos e formei uma bola de fogo onde ataquei o pobre animal. Porém, ele não era assim tão pobre quanto isso. A bola de fogo retornou para nós para minha admiração.
-Baixem-se! - Eu gritei, assim o fizemos. A bola acabou por atingir a casa que se incendiou automaticamente.
- TU ESTÁS TOLA Inês? - gritou o Hugo. Sim eu estava, estava tola de medo. - FUJAM!
E então eu e o Mathew começamos a correr e, para minha admiração, o Rodrigo ficou para trás.
- Rodrigo? Corre! Não são horas de te armares em idiota!
O Animal aproximava-se do Rodrigo sempre lentamente. Eu, o Hugo e o Mathew observamo-lo sempre, e um sentimento de incapacidade talvez, me invadiu o corpo. Mas então, olhei com atenção para o Rodrigo. Ele continha na sua mão direita um canivete suíço, bem grande por sinal, mas mesmo assim... ele era maluco? Como é que ele ia sobreviver só com aquilo?
E então o grande animal preto saltou para cima do Rodrigo. Só pensei em como naquele momento eu era insignificante, como eu era inútil naquele momento. O Rodrigo ia morrer, por causa de um Homem ou Mulher que nem sonhávamos quem pudesse ser. Na verdade, pensei seriamente que era morreria logo quando o animal se mantivesse em cima dele... mas não.
Para surpresa de todos, ele estava a dar-lhe luta. Apesar de o animal se encontrar em cima dele, ainda não tinha conseguido tocar-lhe uma única vez. Eu não conseguia perceber o que o Rodrigo lhe estava a fazer, mas o Animal mantinha sempre a sua boca afastada do rodrigo, e então... ouvi-mos um grito por parte do Rodrigo.. e um grito por parte do animal.
- RODRIGO! - gritei e corri até ele, quase sem pensar no perigo que corria.
- INÊS NÃO! é muito perigoso! - gritou o Hugo. Mas eu não queria saber. Que iam pensar as nossas famílias se soubessem que o tínhamos deixado assim? Tinha que tentar ajuda-lo.
Quando cheguei perto deles. O animal estava deitado em cima do Rodrigo e no chão estava uma grande mancha de sangue.
Os meus olhos começaram a ficar enxaguados, e apesar de não acreditar em nenhuma religião, naquele momento eu rezei.
Rezei com todas as forças que tinha para que nada lhe tivesse acontecido.
Rezei para que ele estivesse vivo e pudesse continuar connosco a dizer as suas idiotices.
Mas, o animal estava morto. Empurrei-o, com bastante dificuldade para o lado, e vi uma faca no seu estomago, e depois vi o rodrigo.
Estava desanimado, abanei-o e chameio, mas nada. Eu dava tudo para neste momento o conseguir sentir, saber se ele tinha dores ou se estava a sofrer, mas pelo menos eu sabia que ele estava vivo e que acabara de nos salvar a todos. TODOS.
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Avalon
Fantasy'Nós eramos 6 amigos, 6 aprendizes, 6 poderosos. Eu chamo-me Inês, e julguei ter tudo controlado e achei-me poderosa, quando por fim...perdi toda a gente que amava em busca da casa que nunca foi minha.'