Estava á espera da resposta do Rodrigo, quando a porta se abre e um grupo de homens fardados e com armas entram por ele e nos faz alevantar.
Quando este grupo acabou de entrar, entrou um homem mais velho, com um ar sério. Usava um termo e tinha cabelos grisalhos. Foi fácil chegar á resposta de quem ele era, já que a sua coroa dizia tudo.
- bem, bem, bem, que temos nós aqui? a rainha bem me tinha dito, mas tinha que ver com os meus próprios olhos. Huguinho? Há tanto tempo! - o tom da sua voz mostrava ironia e frieza. Ele fitava o Hugo como eu fitava um rato, com superioridade.
- Filip, tem andado a comer demasiado? engordou? - o Hugo falou de uma maneira como eu nunca o ouvira falar. Estaria com medo?
O rei ignorou-o e aproximou-se de nós, e á medida que passava por cada um de nós ia dizendo os nossos nomes.
- Inês... Montenegro. Há tanto tempo que eu não ouvia este nome... interessante.
Não me pronunciei nem o ia fazer. Eu por mais que não quisesse, tinha medo dele. Afinal ele e a minha família não eram propriamente as 'Melhores amigas'.
Ele aproximou lentamente a sua mão da minha cara, e quando me tocou foi quase como se eu paralisasse quando senti a quantidade de raiva que ele estava a sentir naquele momento.
- Hey, não lhe toque. - falou o Rodrigo afastando a mão do Rei da minha cara.
Mas o Rei, sendo ele quem era, fez um feitiço e fez o rodrigo encostar-se contra a parede com tanta força fazendo-o dar um grito e cair no chão.
-Rodrigo! - tentei afastar-me do rei e aproximar-me do Rodrigo, mas fui impedida pelo rei que me agarrou.
- tu vens comigo. Assim como tu.
Tanto eu como o Hugo ficamos numa espécie de transe. Ouvíamos, falávamos, cheirávamos, só não controlávamos o nosso corpo que segui-a involuntariamente o Rei.
Enquanto gritava para aquilo parar, notei que estavam todos a tentar ajudar-nos, mas eram demasiados homens contra eles. E então finalmente desmaiei. Tudo ficou preto. Quase como se tivesse deixado de existir.
**************
-Inês? INÊS!
Abri os olhos lentamente. Sentia-me zonza. Sentia dores por todo o meu corpo. Vi um volto á minha frente, e quando a minha visão voltou ao seu estado normal vi que era o Hugo.
- onde estamos? que aconteceu?- perguntei tentando levantar-me com a ajuda do Hugo.
- numa das selas do rei. E acho que o rei nos enfraqueceu os poderes, não consigo fazer anda para sair daqui.
- o quê? ele pode fazer isso? - eu falava a sussurrar assim como o Hugo, encostamo-nos a uma parede de pedra, nem força para nos zangar tínhamos.
- bem, tecnicamente não, mas ele é o rei. Não podemos fazer nada quanto a isso.
- e... agora? o meu pai vai me matar se souber que deixar roubarem me os poderes. - o Hugo sorri um pouco.
- estás preocupada com isso agora? Sério? É possivel recupera-los, só temos que rezar para que os teus amigos nos venham tirar daqui.
- então temos um problema. - o Hugo sorriu novamente. - e afinal de quê que te ris? Estás a tirar a vez ao Rodrigo?
- não, é só que tu.... não sei explicar. porque não te acalmas? estás sempre tão tensa, tão preocupada, tão assustada, temos que ter fé, não achas?
- fé? em quem? O Mathew é a pessoa mais medrosa que eu alguma vez conheci, o Afonso não consigo confiar em uma palavra que esse diz, e o Rodrigo, bem acho que era o único capaz de nos vir salvar, mas era uma missão suicida, pelo menos para ele. E... Espera... SÓ se... oh meu deus. - desencostei-me da parede a sorrir, um pouco mais animada mas ainda assim com poucas forças- a aliança! Nós fizemos a aliança! Nós pudemos mesmo ser salvos! Tenho a certeza que os que ficaram em casa, a Matilde, o José e a Maria já sentiram que eu fiquei sem poderes, eles vao vir eu tenho a certeza!
O Hugo sorriu.
- Tenho a certeza que sim. - deixou-se cair e ficou sentado encostado á parede. - agora aconselho te a sentares -te, estamos demasiado fracos para nos mantermos em pé.
E assim o fiz. Mas mesmo assim o meu coração saltitava devido a um conjunto de sentimentos. Alegria, medo, esperança, raiva, tudo junto.
-Qual é a tua cor preferida Inês?
- o quê?
- estou só a evitar um silencio constrangedor.
Sorri. 'Isso é estupido' respondi. Silenciei um pouco, e apercebi me que ele tinha razão, e alinhei naquela conversa que não ia levar a nada, só a novos conhecimentos.
-Azul.
- Azul ahn? sabias que a cor preferida de uma pessoa pode dizer muito sobre ela?
- ha sim? então porque?
- por exemplo, agora eu sei que tu és leal, fiel, sutil, idealista e sonhadora. As cores dizem te muito mais do que tu pensas.
- e tu sabes o significado das cores todas?
- diga-mos que sou um artista Inês, tenho que saber.
- e então e tu, qual é a tua cor preferida?
-verde. - ele sorri. - mas sabes que se eu quisesse escolhia a que tem melhores características, mas é mesmo o verde.
- e o que significa?
- calma, esperança e vigor.
- isso é treta, és família, e na nossa família não há grande demonstração de calma - ambos sorrimos.
- talvez, mas é a verdade.
- eu...
- tu?
- esquece.
- não, por favor, agora diz.
Provavelmente eu não devia. Mas também não devia ter dito uma coisa na qual eu não acreditava. Talvez devia ter ficado calada. Tudo bem, temos um pouco do mesmo sangue, mas ele não é meu irmão. Só somos filhos do mesmo pai, só isso. Dize-lo em voz alta se calhar vai magoa-lo, ou talvez não, apenas pense exatamente como eu. Demasiados talvez.
- Inês desembucha lá.
- Eu só.. á bocado disse que eras da família, mas ... é quase como se eu não acreditasse nisso entendes? Não te vejo como meu irmão.
- Só isso? - ele sorriu. - eu também não te vejo como irmã. queres saber uma historia um pouco embaraçosa?
- claro - eu sorri.
Ele baixou a cabeça, numa tentativa falhada de esconder a sua face vermelha.
-Quando decidi procurar-te só pensava ' por favor que ela seja horrível , bem eu tive azar nisso. também que estava a espera? mais ou menos que isto da beleza e da excelente personalidade é de família.
Ambos sorrimos. Com o passar do tempo começamos a ficar cansados e cada vez mais fracos, não se ouvia nada e tudo o que conseguimos ver era aquelas grades e aquelas pedras a contornar-nos. Um silencio quase matador acabou por nos envolver, fazendo-nos adormecer.
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Avalon
Fantasy'Nós eramos 6 amigos, 6 aprendizes, 6 poderosos. Eu chamo-me Inês, e julguei ter tudo controlado e achei-me poderosa, quando por fim...perdi toda a gente que amava em busca da casa que nunca foi minha.'