Capitulo X

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- o que era aquilo? - apos perceber que o Rodrigo estava apenas desmaiado, contornei a minha atenção para o Hugo, esperando que este me desse algum tipo de explicação.

- aquilo é um grifo...e para nossa sorte o grifo real. Logo dentro de meros segundos ou a minha mãe ou o rei Filip vão estar...

E então, impedindo o Hugo de continuar, uma poeira branca formou-se á volta do grifo. Fez-me tossir um pouco, a mim e ao Mathew, e senti-me um pouco zonza. Aquela poeira branca foi-se tornando cada vez mais escura, até ficar completamente preta.

Aquela poeira definitivamente estava-nos a fazer mal, tanto que, eu e o Mathew acabamos por nos sentar no chão de tanto tossir.

- acho que a brincadeira já chega mãe. - disse o Hugo e com uma varinha na mão, vinda não sei de onde, fez com que o fumo desaparecesse.

Espera... varinha?

E então, quando a poeira desapareceu, vi uma mulher.

Era Alta, bem mais alta que eu ou até mesmo o Hugo. Tinha uma pele tão pálida como a neve, um cabelo escuro que lhe chegava ao meio das costas. Uns olhos escuros que nem conseguia distinguir a pequena iris do olho. E uns lábios vermelhos como o sangue que nos corre no corpo. Ela era bela, tão bela. Usava um longo e justo vestido preto, tão belo quanto ela.

- Ora, Ora... que temos nós aqui? - a maneira como ela falava, andava, tudo o que ela fazia, mostrava-me o quão poderosa, confiante, e até mesmo cruel ela era.

Tudo na alma dela era escuro.

Tudo nela era incrivelmente assustador.

Ninguém lhe respondeu. Estávamos os três a observa-la fixamente, enquanto o Rodrigo se encontrava ainda desmaiado bem atrás de nós.

Ela começou-se a aproximar lentamente de nós.

E então parou, bem á minha frente, e o seu olhar percorreu todo o meu corpo.

- Então tu és a famosa Inês? Deixa-me adivinhar... Inês Adelaide Montenegro? Diria eu... - ela sorriu. Um sorriso sinistro e assustador.

A sua maneira de falar como se controlasse tudo, começava a irritar-me profundamente. Mas... como é que ela sabia que o meu segundo nome era Adelaide? Nunca o dissera a absolutamente ninguém, simplesmente porque nunca gostei dele, e ela agora, do nadas, sabia-o?

- Pensas tu... como eu sei o teu nome afinal? - ok ela, como eu, consegue ler tudo o que estou a pensar.

- tu chamas-te Adelaide? - o Hugo olhou para mim um tanto surpreendido.

- Eu sei que não é o melhor nome do mundo, mas não é assim tão mau para te surpreender Hugo. - Respondi lhe confusa com a atitude dele.

- não é isso, é que..

- EU chamo-me Adelaide. - ela olhou-me tão fixamente que parecia que me queria comer viva, literalmente. - parece que o teu pai nunca me esqueceu... não é Adelaide?

- O meu nome é INÊS - falei num tom um pouco ameaçador, erro meu - e o meu pai ama a minha mãe. - esta ultima frase nem um pouco me convenceu, afinal quem é que eu queria enganar? 

Todos aqueles anos a trata-la como se fosse a sua empregada. A trata-la como se fosse um animal de estimação. A gritar-lhe e a culpa-la por tudo o que acontecia. Lembro-me tão bem, de todas aquelas vezes, que a minha mãe se sentiu inferior a ele por ser uma simples humana. As vezes que ela se fechava na casa de banho e chorava. Das vezes que ela tinha que trabalhar, mesmo que estivesse com 42 graus de febre e ainda chegava a casa e ouvia o meu pai dizer que ela não servia para nada.

- Bem Adelaide, ambas sabemos que isso é mentira. - ela virou -se de costas para nos, e caminhou sempre a nossa volta. - sabes o que significa Adelaide? Significa que pertences a família nobre, e o teu pai pensou nisso desde Inicio. Achas que é por acaso que tens esse nome? Que tens esse poder que não consegues controlar? Que tenhas um meio irmão filho da rainha? Que consigas ler mentes como eu? bem.... nada, absolutamente NADA, é por acaso.

O que ela queria dizer com tudo aquilo? Família nobre?

- És a famosa Inês Adelaide Montenegro que, desde que o meu filho renunciou ao trono, todos os patéticos habitantes de Avalon anseiam que suba ao trono, quando o meu marido morrer... porém isso não vai acontecer.... - ela sorria de uma forma tão maldosa que um friozinho me percorreu o corpo. - sabes porque? Porque tu vais morrer!

E então ela tirou uma varinha preta comprida do seu vestido. E tudo o que aconteceu depois foi tão rápido que nem eu percebi.

O Hugo gritou um 'não' metendo-se a minha frente e do Mathew, mas a Rainha prendeu-o numa árvore, impedindo-o de fazer o que quer que fosse. Eu e o Mathew começamos a correr , impedindo-a de nos acertar. Nós não estávamos prontos. Não sabíamos o que fazer, a não ser correr.

Mas não íamos aguentar eternamente. Comecei a achar que ia morrer ali. E nunca mais ia ver ninguém.

E então eu senti. Senti algo como se todos... A Maria, O José e a Matilde, estivessem dentro de mim. E pensei:

«NÃO, NÃO VOU MORRER AQUI, TENHO QUE PROCURAR O AFONSO E NÃO DESAPONTAR NENHUM DOS QUE ESTÃO EM CASA.»

Parei de correr.

Fechei os olhos com toda a força que tinha.

Fechei os meus punhos e neles também fiz toda a força que pude.

E então senti-me novamente a arder. Pensei que ia desmaiar, mas depois notei... não era doloroso, já não era doloroso. Era suportável. E ao invés de dor, sentia poder, como se agora o conseguisse controlar. Senti juntamente com o meu poder, o poder do Mathew, da Maria, do José e da Matilde.

Duas bolas de fogo formaram-se nas minhas mão, olhei para a rainha boquiaberta com o que estava  a acontecer. E lancei-as.

O fogo não atingiu a rainha, mas sim uma das arvores da floresta. e quando reparei, a rainha desapareceu. E agora estava a arvore, e a casa a arder.

- como fizeste isso? - perguntou o Mathew aproximando-se de mim.

- eu não sei... mas.... mas está tudo a arder! - quase gritei.

- calma, eu apago isto. - e assim foi. O Hugo pegou novamente na sua varinha, depois de o feitiço sobre ele desaparecer, e apagou o fogo. Porem não impediu que a casa  ficasse um pouco destruída.

- podes nos explicar o que acabou de acontecer? - o Mathew estava com uma cara de uma pessoa que acabara de ter um ataque de pânico.

- bem... eu não sei. sei que de repente foi como se a Maria, o José e a Matilde estivessem aqui comigo, entendem?

- isso é por causa da aliança. eles ajudaram-te a controlares o teu poder Inês. - explicou então o Hugo.

E de repente ouvi-mos um  som. E  então lembrei-me.. O RODRIGO.

Corremos todos na sua direção. Ele estava a acordar. E por mais que ele fosse irritante, eu estava inteiramente feliz por ele estar bem.

- Que cheiro a fumo... oh Inês, estás 'on fire'?  - ele sorriu olhando para mim.

- Cala-te idiota - sorri-lhe de volta ajudando-o a levantar-se.

Após o Rodrigo ganhar novamente todas as suas forçar. Decidimos partir para a aldeia de Avalon, e continuar a nossa busca pelo Afonso.

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