Ela tem um nome!
Isso, de certa forma, é muito bom. Muitas vezes eu ficava sem saber como me referir a ela, ou sem saber como chamá-la, sem que soasse estranho.
É um nome lindo, e além do mais, ela me explicou que, traduzindo do latim, significa "Cheia de Graça", o que chega até ser engraçado, no meu ponto de vista, quando estamos nos referindo a um "anjo".
Fomos dormir, ou melhor, eu fui, já que eu não sabia se ela, necessariamente, precisava dormir.
Mas logo cedo ela me acordou, resolvemos que deveríamos conversar o mais longe possível do bosque, já que, aparentemente, ele poderia induzir-me a sonhar acordado, ou até mesmo invadir meus sonhos, quando eu estava próximo dali.
Fomos até uma cafeteria na região central, eu com certo receio de que outras pessoas não pudessem vê-la, e eu parecer completamente louco. Mas segundo ela, as pessoas poderiam vê-la, enquanto estivesse nessa forma humana. O que me fez acalmar consideravelmente.
Combinamos que o melhor momento para invadirmos a caverna seria de dia, afinal, teria uma melhor iluminação, e teríamos um maior campo de visão se precisasse fugir.
Perguntei se seria melhor se não tentássemos invadir nos próximos dias, pois como ele sabia da existência da Hannah, ele poderia imaginar que ela iria querer que eu fizesse algo para impedi-lo. Ela achou prudente, mas também achou que seria melhor eu passar uns dias fora de casa, até porque, como ele tem acessos aos meus sonhos, ele poderia, de alguma forma, acabar descobrindo e destruindo qualquer chance de chegarmos ao nosso objetivo.
Concordei, afinal eu não teria o que fazer, se eu quisesse impedir alguma coisa, devia manter o plano em mais segredo possível. Não poderíamos sonhar em deixar chegar aos ouvidos daquele monstro, que nosso plano era destruí-lo, pois tentaria impedir a qualquer custo.
Aproveitei a ocasião, e perguntei a ela se por algum acaso, o "Olheiro" pudesse nos pressentir perto da caverna no momento da ação, e viesse a intervir. Ela me acalmou dizendo que, se houvesse outro espírito lá, com certeza ela conseguiria sentir e impedir que algo de mal acontecesse.
Pois bem, acertamos os últimos detalhes, e combinamos em sair para procurar um lugar para que eu ficasse provisoriamente, até que toda aquela dor de cabeça fosse resolvida.
Fomos a um pequeno hotel próximo da região central, para tentar arrumar uma vaga pra mim. Expliquei para ela que, no momento, eu não tinha nenhum dinheiro no bolso para pagar os custos daquele hotel.
Ela disse que não teria problemas. Indo até a recepção, ela ficou alguns minutos conversando com a atendente, até que a atendente lhe entregou as chaves, e subimos os elevadores do prédio.
Ao questionar como ela teria feito isso, ela somente sorriu e explicou que tinha os próprios meios, que talvez ela fosse um pouco persuasiva.
Eu nem quis questionar, cada vez mais eu a achava incrível. Embora eu entenda que tenha que parar de falar isso, não por nada, mas vocês não estão buscando aqui um romance, não é mesmo?
Subimos até o quarto, parei para olhar pela janela. Estava um clima chuvoso, trânsito calmo, tudo aparentemente normal. Ali eu sentia que estava em paz.
Foi aí que me veio em mente: Por que eu deveria continuar com isso? Por que não continuar ali e esquecer tudo aquilo de bosque? Eu poderia muito bem viver por aqui, vender ou até alugar minha casa para outro e continuar vivendo sossegado, sem me preocupar com crianças, demônios e qualquer outra coisa que esteja envolvida com isso.
Não me espantei quando me virei e dei de cara com a Hannah me encarando com aquela cara brava dela, eu não precisaria dizer nada, ela já tinha lido minha mente.
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O Segredo do Bosque
Mystery / ThrillerQuando criança, ouvimos várias histórias que nos assustam e assombram. Eu já ouvi milhares, e contei muitas outras. Mas essa é a primeira vez que uma vem atrás de mim. Anjos e Demônios nos rodeiam, cabe a nós descobrir quem estará ou não ao nosso la...