Capítulo VIII

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Não conseguia falar nada, apenas me afastei com alguns passos, ele também não falou, muito pelo contrário, ele apenas me olhou no fundo dos olhos.

O medo começou a me consumir, senti minhas pernas bambearem. Consegui dar mais alguns passos para trás, por mais que ainda não tivesse feito nenhum mal para mim ainda, o fato dele ter aqueles olhos negros me amedrontava muito.

Ele não foi em minha direção, mas preferi me afastar cada vez mais. Quando notei que estava longe o suficiente, sai correndo em direção da mata, do lado oposto daquele ser de sobretudo.

Eu corria como nunca corri na minha vida, minhas pernas já estavam doloridas, mas toda vez que olhava para trás, ele estava muito próximo.

Até o momento em que acabei tropeçando e caindo, senti meu tornozelo doer muito, acreditava que havia torcido.

Assim que me virei, ele estava logo atrás de mim, bem acima de mim.

Estendi meu braço sobre o rosto, mas no mesmo momento em que fiz isso, lembrei de minha visão.

Fiquei em choque, será que assim seria minha morte? Será que o padre estaria na entrada da caverna logo agora?

O ser de sobretudo continuava me encarando.

Falei com ele com o meu pensamento, tentei perguntar para ele o real motivo dele estar atrás de mim.

Mas digamos que ele não respondeu da maneira que imaginei.

Ele estendeu sua mão sobre minha perna, senti um calor intenso, mas logo depois senti minha perna muito melhor. Acreditei que ele seria então uma espécie de anjo, cuja afirmação ele respondeu com uma boa gargalhada:

"Estou longe de ser um anjo. Sou, como posso dizer, extremamente o contrário."

Então perguntei se ele seria um Demônio, ou alguma espécie de "espírito das trevas", e ele me explicou:

"Sou bem mais que um 'Espírito das Trevas', e muito mais que um Demônio. Eu sou 'O Demônio'. Mas a humanidade me conhece por vários nomes: capeta, Lúcifer, diabo. Contudo, prefiro que me chamem como algumas pessoas me apelidaram 'carinhosamente': Tio Lú. Mas meu propósito aqui é outro: estou aqui para te ajudar."

Fiquei sem entender, como assim me ajudar? O Tio Lú, como assim ele preferiu ser chamado, veio a me procurar, me oferecendo ajuda.

Isso estava ficando cada vez mais confuso, demônios e anjos, e agora o próprio Demônio "bate a minha porta". Eu realmente estava sem entender.

Ele, vendo a minha confusão, tentou ajudar.

Explicou que a milhares de anos ele vem governando o "mundo inferior", e sempre há demônios rebeldes, que se acham deuses, por serem mais fortes que os humanos. E desde sempre ele vem pondo cada demônio em "seu lugar".

Contudo, ele explicou que haviam demônios que eram mais difíceis de lidar, caso dos demônios que vinham me perturbando.

Ele me explicou que, assim como Hannah me explicou a dez anos atrás, os anjos tinham sim seus propósitos, mas esses anjos estavam em desordem. Há um anjo criado para manter o equilíbrio das ações do demônio que você conheceu há dez anos. Esse anjo deveria limitar as ações desse demônio, coisa que não aconteceu. Muito pelo contrário, ele o aliciou, e a fez se corromper, ela então começou a trabalhar para ele.

O que fez com que o próprio Diabo intervisse que, segundo ele, não era nada comum.

Mas as atitudes independentes daquele demônio, eram uma afronta para o poder dele. O que eu não entendi, era por qual razão eu estava no meio de tudo isso. Por que eu teria que estar nessa história?

O Segredo do BosqueOnde histórias criam vida. Descubra agora