Capítulo V

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Embora estivesse receoso pelo o que poderia encontrar lá, continuei. Andava com muito cuidado, não queria que o "Olheiro" daquele demônio pudesse me notar.

Finalmente cheguei a trilha que levava a caverna, mas preferi andar por fora dela, pois acreditava que estaria fora do campo de visão de qualquer um.

Até àquela hora nenhum sinal de Hannah, onde ela poderia ter se enfiado?

Estava quase chegando a caverna, quando pude ouvir barulhos saindo dela. Me escondi atrás de uma árvore e esperei para ver o que aconteceria.

E da caverna saiu ele, o demônio, engravatado, andando com soberba. Mais atrás veio outra criatura, esse ser usava um sobretudo preto, que cobria seu corpo todo, e com um capuz muito grande. Provavelmente era a mesma criatura que foi atrás de Hannah.

Eles saíram conversando, e foram em direção a mata ao lado da caverna. Esperei um tempo e fui até lá espiar onde tinham ido, mas quando olhei já estavam muito longe, quase invisíveis dentro da mata.

Aquela era a hora, eu iria finalmente acabar com tudo isso.

Entrei na caverna, muita escura, iluminada por pequenas tochas penduradas nas paredes. A entrada era uma descida íngreme, que levava a um grande saguão, mas diferente do que imaginava, era como uma casa, onde havia uma mesa com cadeiras ao centro, um armário no canto esquerdo da caverna, que ficava de frente com uma cama, mas porque haveria uma cama ali, se demônios não dormem?

Fui abrindo o armário, a procura da pedra, eu precisava acabar com tudo aquilo de uma vez. Revirei todo o armário, mas nem sinal da pedra.

Vi então, bem ao lado da entrada caverna, um caixote. Fui até ele e vi que estava cadeado, com certeza esconderia aquela pedra.

Procurei pelas chaves, mas nem sinal delas, no mínimo ele levaria com ele, afinal, era o "coração" dele que estava em jogo. Achei uma bengala ao lado da cama, e usei-o para forçar o cadeado.

Eu estava fazendo muita força, pois o cadeado era muito forte. Mas enquanto eu estava fazendo aquele esforço, escutei uma risada que me fez arrepiar inteiro.

Uma risada de criança.

Olhei para trás, e em um canto mais escuro da sala, vi dois olhos saindo da escuridão, era aquela pequena criança que vi entrando no bosque.

Quando ela saiu para a luz, pude ver seus cabelos loiros e cacheados até os ombros, e um sorriso bem malicioso em seus lábios.

Ela estava abraçada em uma mantinha branca, um pouco surrada, mas quando vi reconheci imediatamente. Era a mantinha usada para cobrir o bebê da mulher que morreu há dez anos na clareira daquela caverna.

Aquela criança só poderia ser o bebê desaparecido!

A criança veio caminhando lentamente em minha direção, tentei interagir com ela, dizendo que poderia ajudá-la a sair dali e que levaria ela para a sua família, mas ela apenas continuava caminhando com aquele sorriso no rosto, nada amigável.

Resolvi ignorá-la, voltei minha atenção para a bengala e para o caixote, eu precisava abrir e terminar com tudo aquilo. Só assim eu conseguiria, me salvar e salvar a criança.

Continuei fazendo muita força, parecia que esse cadeado não iria se quebrar. Procurei por uma pedra, para tentar quebrar o cadeado, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a menina que vinha caminhando em minha direção, pulou e se agarrou em minhas pernas, fazendo com que eu caísse no chão. O que ela tinha na cabeça? Porque ao invés de me ajudar a destruir a pedra e sair dali, ela estava tentando me impedir? O que aquele monstro tinha feito com ela?

O Segredo do BosqueOnde histórias criam vida. Descubra agora