Capítulo X

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Não entendi como, mas acordei já numa cama de hospital.

Estava com meu peito enfaixado, mas quase sem dor.

Médicos me rodeavam, pareciam me examinar, todos com suas pranchetas nas mãos, fazendo anotações. Olhavam meu curativo, tiravam minha temperatura de minuto em minuto, mas eu não me sentia com febre, muito pelo contrário, eu estava muito bem.

Tentei me levantar, mas os médicos me impediram, dizendo que eu não poderia me levantar, pois o meu quadro clínico era instável. Mas aleguei que eu não sentia nada de mais, que eu não tinha dor, que eu queria ir para casa. Nem me ouviram.

Chegou um médico na sala, um homem de aparência mais velha, no momento que ele entrou todos os outros médicos silenciaram e pararam de fazer anotações.

Aquele médico se aproximou da minha cama, sentou-se em uma cadeira que estava ao lado, e me perguntou se eu tinha noção de como era o meu quadro naquele momento. Eu respondi que me disseram que meu quadro era instável, mas que eu me sentia muito bem por sinal.

O médico então se apresentou, seu nome era Augusto, ele estava há 35 anos naquele hospital, e hoje estava sendo o dia mais estranho da vida dele. E ele me explicou o por quê.

Dr. Augusto chegou ao hospital às seis horas para o plantão e, assim que chegou, recebeu a notícia da entrada de um rapaz em estado grave. Encontrado na sala da casa em anexo a igreja, já sem consciência.

O rapaz havia sido baleado no peito, e já tinha perdido muito sangue. Tinham o colocado nos aparelhos, seu estado era realmente muito grave.

Ele estava se preparando para operar o rapaz, colocaram o rapaz na mesa de cirurgia, e quando os enfermeiros estavam quase terminando de preparar as coisas, algo estranho aconteceu.

A bala que estava alojada bem próxima ao coração do rapaz, simplesmente foi expelida pelo corpo, espontaneamente. De algum modo, que ninguém soube explicar, o sangramento se estancou do nada, e a ferida da bala começou a se cicatrizar sozinha. Em todos os anos trabalhando naquele hospital, era a primeira vez que ele tinha visto algo daquele tipo. E por fim, ele perguntou se eu imaginava quem seria aquele rapaz.

Eu?

Perguntei ao médico.

Ele apenas confirmou com a cabeça.

O doutor disse que queriam chamar as autoridades, pois achavam que se tratavam de alguma aberração natureza, mas depois de alguns exames ficou provado que não havia nada de anormal em mim, além daquilo.

Fiquei assustado, eu não queria ser usado de cobaia para pesquisas. Eu não sabia explicar o que poderia ter acontecido, mas acreditava que, agora que estava bem, poderiam me liberar.

O médico, sem dizer nada, se aproximou, retirou lentamente a faixa enrolada do meu corpo, que estava um pouco manchada de sangue. Porém, no local onde havia a perfuração da bala, restou apenas uma pequena mancha vermelha. Não tinha nem cicatriz naquele local.

Todos os médicos que estavam na sala ficaram assustados com aquilo que viram, assim como eu.

Aproveitei que o médico estava ali, e perguntei de padre Miguel, que assim como eu, estava naquela sala, e tinha sido esfaqueado.

Mas infelizmente, o médico apenas confirmou o que eu já tinha visto no local, padre Miguel estava morto.

Eu já estava algumas horas naquele hospital, mas naquela altura, sabia que não seria nada fácil sair dali, mas nem eu conseguia entender o porque desse "milagre" que aconteceu comigo.

Pedi para chamarem o Dr. Augusto afim de conversar melhor com ele, e com mais privacidade. Afinal, quando conversamos da primeira vez, estávamos rodeados de médicos.

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