15: Clara... ou seria Pétala?

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Já se passaram duas semanas desde o dia da festa. As coisas estavam nos eixos, na medida do possível.

Meu trabalho agora é como babá do Cash, e eu amo o que faço. Estabeleci uma rotina básica, mas muito útil: de manhã eu me divido entre brincar um pouco com o Cash e ajudar a limpar a casa, já que Milla continua não fazendo nada; de tarde eu levo Cash para brincar no jardim e aproveito para estudar para minha prova; a noite eu me concentro em fazer Cash dormir o mais rápido possível (já que ele ainda tem problemas nessa parte) para poder estudar por pelo menos mais uma hora antes de ir dormir. No dia seguinte faço tudo de novo. O que faz o trabalho ser menos estressante e até um pouco relaxante é o Cash. Ele está começando a dar uns passinhos e suas tentativas de falar sempre me fazem rir. Ver seu desenvolvimento a cada dia é gratificante e triste ao mesmo tempo, já que é um pouco difícil de tentar entender o porquê de seus pais não estarem acompanhando isso.

Tasha conseguiu um emprego como garçonete de um dos restaurantes do pai de Julian e com o dinheiro que recebe (que é até bastante para uma garçonete) paga o aluguel de um apartamento. Eu até invejava o salário dela, mas parei com isso após reparar que ela só recebe essa quantia por causa que Julian conseguiu convencer seu pai a fazer isso. Bom, pelo menos não tenho que carregar Tasha pelas costas, sustentando a ela e a mim ao mesmo tempo.

Não vi muito o Dylan desde o dia da festa, isso é, não conversamos desde então. Pelo o que descobri através da dona Mariah o Sr Clarke ficou sabendo da saída para a festa do seu filho e não gostou nem um pouquinho. Principalmente quando descobriu que voltou para casa com uma garota. Por sorte a pessoa que dedurou Dylan não disse quem era a garota, senão nesse momento eu já não estaria mais trabalhando aqui. Por causa de todo esse rolo, Dylan agora trabalha na empresa do pai no período da tarde. Isso impossibilitou que nos víssemos nesses quinze dias. Não sei se fico feliz ou nervosa em relação a isso. Quer dizer, tenho minhas dúvidas em relação ao que aconteceu na festa. Ele iria me beijar só por causa do calor do momento ou ele realmente sente algo a mais por mim? Se ele realmente sente, porque não me procurou para conversar até hoje?

As perguntas rodam pela minha cabeça enquanto observo Cash se manter de pé apoiado no tronco de uma árvore. Hoje não estou nem com cabeça para estudar, o que se mostrou péssimo. Afinal, a prova será daqui alguns dias e eu não tenho certeza se sei o suficiente. Fecho meus livros de estudos e pego meu caderno de desenhos. Modéstia a parte, eu desenho muito bem. Quer dizer, não muito, mas dá pro gasto. Começo a rabiscar algo qualquer na folha e acaba saindo um vestido muito parecido com o último que desenhei. Mesmo deitada de barriga para baixo no gramado verde de um lindo jardim não tenho inspiração nenhuma! Como vou cursar artes desse jeito? Escuto passos atrás de mim e olho para cima.

— Você quase me matou de susto! — digo para Dylan, que solta uma gargalhada gostosa de ouvir para logo depois me olhar com as mãos no bolso de sua calça jeans.

— E então. — ele diz com um sorriso se formando em seus lábios. E que lábios! Parecem tão macios! De repente me pego imaginando como seria encostar meus lábios nos seus. Pera. Por que estou pensando nisso? Devo estar louca ao fantasiar beijar o filho do meu chefe. — Não vai me convidar para me deitar ao seu lado?

A pergunta de Dylan me tira do meu transe. Vou um pouco para o lado como se estivesse convidando-o para se deitar ao meu lado. Ele se acomoda e eu tenho que me segurar para não passar meus dedos por seus cabelos, que parecem muito sedosos. Tento não pensar em como meu corpo está muito próximo do seu, mas acabo falhando miseravelmente. Seu cheiro é tão bom e seu ombro está tão próximo ao meu que consigo perceber como está quente.

— Você desenha?

— O quê? — pergunto, confusa com sua pergunta instantânea. Dylan aponta para o caderno de desenhos a minha frente com o queixo — Ah, isso. É, eu meio que estou tentando desenhar algo interessante, mas o resultado se parece mais com rabiscos.

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