25: Clara

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Há uma eletricidade quando meu batom
Vai em direção ao seu beijo
É patético como nós ficamos
Meio ferrados, grudados uns no outro
Estamos nos antecipando agora,
Deveríamos ir devagar?
Deveríamos ir devagar?

Pois estou ficando com uma leve tremedeira sem você

Uh huh, acho que você
Está se aproximando demais
Mas acho que é o que meu corpo mais quer
Uh huh, não sei o que é isso que sinto
Mas sei que sou minhas emoções a todo vapor
Mas eu sei que são minhas emoções a todo vapor

A todo vapor
A todo vapor

(Uh huh-Julia Michaels)

Vergonha. Isso é só o que eu consigo sentir. Parece até aquelas histórias clichês em que a menina desmaia, o garoto a socorre e eles vivem felizes para sempre. Se tudo fosse tão simples assim... Mas tudo o que eu consegui pensar ao acordar e levar uma "bronca" do doutor por não ter comido foi em como eu descumpri com o meu papel ao deixar o Cash sozinho por não sei quanto tempo e não ter terminado de lavar as roupas formais do Sr e da Sra Clarke.

— Você me assustou — levei um susto ao ouvir a voz de Dylan, que está parado na porta com uma expressão um tanto estranha e indecifrável no rosto.

— O quê?! — pergunto ao franzir o cenho.

— Quando eu entrei na lavanderia e te encontrei caída no chão eu entrei em pânico — ele diz saindo de onde estava ao fechar a porta e se aproximando da cama onde estou deitada calmamente — Tudo o que eu conseguia pensar era em como havia uma grande possibilidade de eu perder uma pessoa já considerada muito importante para mim sem nem ao menos dizer isso a ela.

Me arrepio ao ouvir suas palavras. Palavras essas que talvez não tivessem a intenção de me deixar tão nervosa, mas que assim fizeram, ao ponto de meu coração bater fortemente e meu ar faltar. Eu sou uma pessoa importante para ele? Assim, do nada? Não que eu possa julgá-lo por me considerar assim, eu só acho estranho ele chegar e dizer isso com tanta coragem. Eu particularmente não conseguiria.

— Também o considero de extrema importância para mim — digo. Pera. Eu disse isso em voz alta?! Mas, como? Eu mal consigo expressar meus sentimentos para minha mãe através de palavras, imagine para um garoto!

Mas, agora que já falei mesmo, tudo o que me resta fazer é analisar a expressão de Dylan, que antes estava tão indecifrável e agora está parecendo um livro aberto. A surpresa estampada em seus olhos logo é substituída por alívio.

— Achei que era o único fora da lei em relação a isso — ele diz e nós dois rimos.

Me sento de maneira mais confortável na cama, tomando cuidado com o soro no meu braço. Odeio agulhas! Não que eu tenha medo delas, mas porque não consigo parar de pensar que não precisava estar passando por isso se tivesse me alimentado devidamente.

— Está melhor? — Dylan pergunta ao parar ao lado da minha cama, suas mãos posicionadas dentro do bolso de sua calça jeans e seu rosto assumindo uma expressão preocupada.

— Estou — forço um sorriso, que não deve ter convencido Dylan, já que ele arqueou uma sobrancelha e me olhou como quem diz: "Duvido". Solto um suspiro. Como foi que Dylan aprendeu a me ler tão rápido? — É que eu me senti mal por ter deixado de terminar meu trabalho e ter praticamente abandonado Cash, tudo porque não me alimentei direito.

— Não foi culpa sua — Dylan tenta me consolar e se aproxima ainda mais da cama, seu rosto muito perto do meu e sua mão posicionada ao lado da minha, de modo que eu pude sentir sua temperatura sem nem ao menos tocá-lo, mas com uma ânsia muito grande de assim fazê-lo. Seus olhos azuis rondavam todo o meu rosto, e isso me fez queimar de vergonha. Dylan sorri de lado ao perceber minha timidez e seus olhos finalmente encontram os meus. E então eu perco toda minha timidez, porque eu finalmente percebo que Dylan está presente em mim, e que não preciso ter medo de acabar mostrando isso a ele quando nossos olhos se encontram, porque eu consigo me encontrar perdida em meio às suas íris azuis, do mesmo modo que ele deve estar se vendo em meu olhar.

Breaking The RulesOnde histórias criam vida. Descubra agora