Estou em casa bem de boa jogando um jogo aleatória no celular quando ouço a voz da nossa cozinheira, a Sra Jordan. Ela trabalha aqui para nós a anos, e eu adoro ela. Sem falar que a comida dela é deliciosa. Desço as escadas e dou de cara com Willi.
— Depois você joga futebol comigo? — ele pergunta com uma cara de quem necessita muito. Solto uma risada.
— Willi daqui a pouco você tem que ir para a cama, não é mesmo? — pergunto.
— Mas hoje de manhã você prometeu que iria jogar comigo! — ele faz uma cara de quem está irritado e cruza os braços. É verdade, eu prometi mesmo para ele. Mas não deu tempo. Estou lotado de coisas para estudar até o pescoço.
— Amanhã eu jogo — digo bagunçando seu cabelo. Saio dali para me sentar na mesa antes que ele comece um discurso dizendo que eu prometi para ele que iria jogar hoje e não cumpri, que é feio quebrar uma promessa e blá, blá, blá. Me sento na cadeira de frente para Cash, que está em sua cadeirinha ao lado de sua babá, a Srta Menna. Não gosto dela. Ela é meio descuidada com o Cash, grita com ele quando ele chora e não liga para o fato de que ele não consegue dormir sozinho. Ela sempre deixa ele no quarto, e eu sempre acabo indo lá antes de ir dormir para ver se ele está bem, e no final sempre acabo fazendo ele dormir.
— Como foi seu dia Dylan? — minha mãe aparece na sala e se sentando em seu lugar. Minha mãe é dona de uma empresa de moda. Ela passa mais tempo lá do que aqui em casa. Sua desculpa para não passar o tempo necessário com os filhos é que trabalha demais, mas sempre aparece fotos dela nas redes sociais com as "amigas", que geralmente só estão com ela por causa do seu dinheiro. Geralmente eu nem a chamo de mãe quando não estou com ela. Me acostumei a chamá-la de Laura, já que ela mal nos criou e muito menos cumpriu com seu papel de mãe.
— Normal — respondo me servindo. Sei que ela só me perguntou por costume e não porque está super interessada em saber como foi meu dia trancado no quarto estudando. Meu pai chega em casa e tira seu paletó, colocando-o no encosto da sua cadeira. Ele se senta e começa a comer como se não tivesse mais ninguém na sala. Jantamos em silêncio, só se ouvia o som dos talheres batendo no prato e leves barulhinhos vindos do Cash. Depois de terminar de comer meu pai apoia as mãos na mesa e olha para nós, que também já terminamos (tirando o Cash, claro).
— Contratei duas novas empregadas hoje — ele diz simplesmente.
— E como elas são? — minha mãe pergunta. Ela sempre se preocupa com quem vai trabalhar aqui em casa, afinal essa pessoa irá ficar responsável por limpar seus preciosos bens materiais.
— Uma delas é Milla Crewe. Ela alega já ter trabalhado para o Sr Alba. — ele diz tomando um gole do líquido da bebida de sua taça.
— Jura?! Amanhã mesmo vou perguntar para a Sra Alba. — minha mãe diz. O Sr e a Sra Alba são nossos vizinhos e amigos. Meu pai parece pensativo. — E a outra...? — meu pai respira fundo.
— A outra se chama Clara Froy e tem 18 anos. — ele diz com um pouco de receio. Ele sabe que minha mãe vai surtar só saber da idade dela. E foi exatamente o que aconteceu.
— O quê?! — ela se levantou — Você contratou uma adolescentezinha para trabalhar na nossa casa? O que você tinha na cabeça quando fez isso?
— Eu não sei! — meu pai responde se levantando também. Os dois começam uma mini discussão sobre os mesmos assuntos de sempre: minha mãe reclamou que ele sempre está trabalhando demais para dar atenção para ela e ele, por sua vez, alegou que ela usa todo o dinheiro que ele arranja trabalhando para comprar roupas e joias. William estava com uma cara assustada, por isso faço um sinal discreto que ele pode subir e assim ele o faz. A babá parece estar mais interessada na discussão para contar para as outras empregadas do que em cuidar do Cash, que por sua vez começou a chorar.
— Ei! — digo me levantando e chamando a atenção de todos — Dá para parar ou não?
Meus pais parecem ter finalmente reparado que aquela discussão não iria dar em lugar nenhum, porque se sentaram e fingiram estar muito interessados em seus pratos vazios.
— Com licença — a babá diz se levantando apressada e levando Cash para seu quarto. Claro que ela vai querer se retirar só depois de ter escutado a discussão deles, assim ela vai poder passar todas essas informações para as empregadas. Me levanto também e vou me dirigir ao quarto quando meu pai me chama.
— Dylan — me viro para ele — Você ficará responsável por analisar o trabalho da Srta Froy. Qualquer deslize que ela cometer ela será diretamente mandada para o rua, entendido? — ele me diz sério. Tenho um pouco de medo quando sua expressão está muito fechada assim.
— Sim senhor — respondo e sigo para o meu quarto. Não gostei do que ele sugeriu que eu faça. Quer dizer, eu primeiro preciso ver quem é essa garota e analisar se ela está fazendo tudo de acordo com o que ela tem que fazer. Mas vou ter que ser discreto. As regras aqui em casa são bem claras. Se eu fazer ela quebrar uma delas porque preciso saber um pouco sobre ela pode ser que eu tenha que despedí-la. E essa não é a minha intenção. Estou indo em direção ao meu quarto quando, ao passar em frente a porta do quarto do William, eu escuto um choro baixo. Abro a porta bem devagar e entro no local pé ante pé. William está deitado em sua cama soluçando. Ele nunca soube lidar muito bem com meus pais brigando entre si, o que é bem estranho, já que meus pais estão sempre brigando e isso faz parte da nossa rotina; uma rotina bem estranha que ninguém sonha em ter em casa . Me sento ao seu lado e começo a fazer cafuné em seus cabelos. Ele levanta seus olhos vermelhos de choro para mim.
— Por que eles sempre estão brigando? — ele me pergunta deitando sua cabeça em meu colo.
— É...— penso no que dizer — Eles não estavam brigando. Eles só se desentenderam — digo, mas eu sei que ele não acreditou em mim.
—Por que mamãe nunca está em casa? — ele me pergunta virando sua cabeça para olhar para mim.
— Hoje é o dia das perguntas difíceis Willi? — pergunto fazendo ele sorrir. — Você não precisa se preocupar com nada disso, ok? — ele concorda com a cabeça e se senta direito — Agora eu tenho que ir para o meu quarto dormir — digo me levantando. Estou quase saindo do quarto dele quando ele me chama. Me viro para ele, que diz:
— Amanhã você vai jogar futebol comigo, não é mesmo? — ele me pergunta e eu sorrio.
— Claro — digo e saio dali, finalmente indo para o meu quarto. Me jogo na minha cama. William tem dez anos e sempre quer saber em quem deve se basear quando crescer. Faço o meu máximo para que ele seja um bom garoto, mas me espanta o fato de que ele muitas vezes imita tudo o que eu faço. Não me considero um espelho para um garotinho. Sei que pareço pegar muito pesado comigo mesmo, mas esse sou eu: o irmão mais velho inseguro. Nem um pouco correto, não é mesmo? Solto um longo suspiro. E então meus pensamentos se desviam para a nossa nova empregada. Como será que ela é? Por que, com apenas dezoito anos, veio pedir trabalho bem para o meu pai? Fecho meus olhos e durmo com várias perguntas em relação a essa menina girando na minha cabeça.
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Breaking The Rules
RomanceClara Froy é uma garota de dezoito anos que acabou de se mudar para a cidade grande e está em busca de um novo emprego. Quando consegue trabalho na casa de Cristian Clarke, um dos maiores empresários do país, ela não imaginava que isso lhe causaria...