Breaking The Rules

10: Clara.

Acordo com o despertador tocando. Será que eu não poderia ter só mais umas horinhas de sono? Nunca exigi isso(mentira). Me levanto e me arrumo, o que demora só 15 minutos. Sigo em direção a casa dos Clarke e, quando entro na cozinha, avisto Dona Mariah preparando o café da manhã. Na realidade todos que moram aqui, tirando os empregados (menos a Milla), acordam daqui a mais ou menos uma hora, mas nós temos que acordar antes para poder deixar tudo arrumado para quando eles acordarem. No início achava isso muito estranho, mas agora já me acostumei.

— Bom dia — digo para a dona Mariah assim que entro na cozinha, lhe dando um beijo na bochecha e pegando uma maçã da pilha das frutas que ela ainda vai cortar e descascar.

— Bom dia! — ela me responde alegre. — Pronta para sua nova função no trabalho?

Suspiro fundo e me sento na cadeira. Ontem, quando Sr Clarke me chamou para sua sala, foi para fazer uma proposta: irei ficar uma semana como "experimento" cuidando do Cash para ver se sou uma boa babá. Se eu provar ser, meu cargo não será mais de uma empregada, mas sim de babá. O que mais me maravilhou nisso tudo foi o fato de que se isso acontecer meu salário irá aumentar. Mas confesso que estou um pouco insegura de cuidar de uma criança, principalmente sendo filho de quem é. O que me fez aceitar (tirando a proposta de aumento de salário, claro) foi o fato de que eu sei que o Cash precisa de uma babá melhor, só não sei se eu sou quem ele precisa.

— Não sei Dona Mariah, não sei — a respondo por fim. Ela termina de cortar as frutas e eu a ajudo a colocar a mesa, que, como sempre, está farta de comida.

— Obrigada por ajudar, mas agora você precisa subir para acordar Cash e trazê-lo para tomar café da manhã — Mariah diz sem deixar de sorrir.

Agradeço a ela e subo as escadas em direção ao quarto do Cash, que já limpei várias vezes. Ele é muito fofo, em tons de beje e verde água. Tem umas nuvenzinhas pintadas na parede e balões pinturados no teto. Abro a porta bem devagar, como se adiasse o despertar do Cash. O avisto deitado em seu berço ainda dormindo, sorrindo como se sonhasse com algo muito bom que o deixa alegre. Chego ao seu lado e dou leves sacudidas em seu corpinho quente, dizendo seu nome baixinho para acordá-lo. Seus olhinhos azuis abrem e me encarando como se dissessem que estou incomodando seu sono.

— Vamos levantar lindinho? — pego-o no colo enquanto escolho uma roupinha para vestir nele, optando por macacão  e uma regatinha. Troco sua fralda tampando um pouco o nariz ao sentir o cheiro do seu cocozinho. — Seu fedorentinho! — digo a ele, que me olha sorrindo, como se essas palavras não lhe causassem nenhuma ofensa. Rio da sua reação e o coloco no chão enquanto arrumo suas coisas no devido lugar. Detestava quando vinha limpar seu quarto e suas roupinhas estavam todas jogadas por cima dos armários.

Sr Clarke me falou algumas coisas sobre Cash, como por exemplo que ele não anda. E não fala. E não come sozinho. Ou seja, ele não é muito desenvolvido para sua idade. Prometi tentar trabalhar isso nele. Ele ainda não vai para a escolinha, ou seja, vou ter que passar o dia inteiro com ele. Também vou ter que dormir em um quarto de hóspedes que há ao lado do dele, já que, segundo o Sr Clarke, Cash tem dificuldade para dormir. Saber ele sabe, mas cuidar que é bom nada.

Estou saindo do quarto de Cash com o mesmo em meus braços quando esbarro em alguém. Levanto meus olhar para dar de cara com Dylan. Esqueci que seu quarto fica no mesmo corredor que no de Cash, mais exatamente na frente do quarto que irei dormir, o que significa que vou ser vizinha de frente do Dylan.