17: Clara.

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— Tá bom, é hora da pausa! — digo colocando as mãos nos joelhos.

Hoje eu e Dylan resolvemos cumprir a promessa que fizemos ao William e jogar futebol. Até aí tudo bem, mas os dois resolveram me deixar no gol e isso foi horrível. Em primeiro lugar porque eu nunca joguei futebol, levando em consideração que não tenho um irmão e que não era acostumada a andar com meninos na minha escola. Em segundo porque eu tenho um péssimo reflexo, o que resultou em muitos gols dos meninos e muitas risadas deles toda vez que conseguiam um chute certeiro, ou seja, todos os chutes.

— Mas a gente mal começou a jogar! — Willi diz fazendo bico. Não esperava que ele ficasse muito animado com o termino da nossa brincadeira, mas eu já não aguento mais jogar bola. Você pode até dizer que eu sou muito ruim no futebol, ou coisa do tipo, mas pode ter certeza que eu concordo com você. Eu até sugeri que a brincadeira fosse de casinha, mas os meninos odiaram a ideia. Quer dizer, William odiou a ideia. Dylan me disse depois que até aceitaria, contando que ele fosse o famoso "papai". Na hora me lembro muito bem de ter ficado vermelha que nem um pimentão.

— Tudo bem, Willi. Já está na hora de entrarmos — Dylan diz juntando nossas coisas que acabaram espalhadas por todo o jardim. Me aproximo dele para ajudá-lo a juntar todos os brinquedos do Cash que trouxe para que ele se distraísse um pouco enquanto jogávamos bola — Foi muito bem.

— Você só pode estar de brincadeira — digo sem acreditar no comentário do Dylan — Eu não peguei nenhuma bola!

— Exatamente por isso que você foi bem. Willi adorou fazer gols — ele diz, o que acaba nos arrancando boas gargalhadas. Eu admiro muito o fato de que Dylan faz piadas. Quer dizer, eu seria uma pessoa muito mal humorada se tivesse pais tão distante. Mas Dylan não. Ele é um bom garoto.

— Ok, sem mais enrolação, vamos para dentro — digo pegando Cash no colo.

— Tudo bem... — William diz e me olha com o cenho franzido — Como devo chamá-la?

— Hummm — começo a dizer, mas me interrompi. Como ele pode me chamar? Quero dizer, não tive essa preocupação com Cash, já que ele não fala. E com o Dylan, bom, não aconteceu nada de errado quanto lhe contei meu primeiro nome, pode ser que não aconteça nada com William também — Se você prometer guardar segredo pode me chamar de Pétala, sem ser na frente dos outros claro.

— Mas... — ele dá uma pausa para pensar, parecendo um pouco confuso. Por um momento achei que ele negasse meu pedido de mater segredo, ou então perguntasse o porquê de não poder me chamar assim na frente dos outros, mas o que veio a seguir me surpreendeu: — Só amigos guardam segredos. Isso quer dizer... Que você vai ser minha amiga a partir de agora?

— Achei que já fossemos amigos — respondo com um sorriso, mas no fundo estou com muita pena dele. Sua comemoração um tanto exagerada com a notícia me fez pensar: até que ponto esse garoto se sente solitário? Ele ficou feliz de saber que tem uma nova amiga! Deixo o assunto para lá e sigo em direção à porta dos fundos, que dá na cozinha. Eu e Dylan concordamos que seria melhor usar essa porta para entrar, assim ninguém nos olharia com cara feia por estarmos entrando todos sujos de barro. Mas bastou colocar um pé para dentro da porta que descobrimos que isso não deu muito certo. Parada na minha frente com os braços cruzados e a cara emburrada estava Milla.

— Olá, como devo chamá-la mesmo? Ah sim. Babá — ela diz com um sorriso sarcástico plantado no rosto. Acho que nunca vi essa garota sorrindo de verdade, não um sorriso sarcástico ou malvado, mas um sorriso de alegria. Bom, isso não vem ao caso agora. Tenho que me concentrar em não dizer umas poucas e boas para ela, afinal o que ela fiz a seguir me deixa de cabeça quente: — Enquanto você estava perdendo tempo lá fora brincando e quebrando uma regra pelo o que parece ser a milésima vez, eu estava aqui me matando enquanto passava pano no chão da cozinha, que aliás deveria ser trabalho daquela velha, mas isso eu falo para ela depois.

Breaking The RulesOnde histórias criam vida. Descubra agora