20: Clara.

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— Talvez fosse mais fácil comer logo esse pão, afinal daqui a pouco você vai ter que acordar o Cash, e fazer seja lá o que você faz com ele — dona Mariah diz, me desviando temporariamente dos meus pensamentos, mas logo depois volto a me aprofundar neles.

A verdade é que eu realmente deveria tomar meu café da manhã, já que, contudo que aconteceu ontem, eu acabei por não ter jantado, mas a única coisa que eu consigo sentir ao ver o prato de comida e a xícara de café na minha frente é o estômago embolando,e não uma vontade imensa de comê-lo.

— Clara! Estou falando com você! — dona Mariah diz ao parar na minha frente com as mãos na cintura. Abro minha boca para tentar falar algo que soe corrente, mas de dentro dela só sai ar — Você não escutou nada do que lhe perguntei? Você está meio aérea hoje Srta Froy!

— Me desculpe dona Mariah — digo. Se ela me chamou formalmente significa que eu realmente devo estar fora de mim hoje — É que eu... não estou com fome.

Minha resposta deve ter deixado a cozinheira um pouco confusa, afinal falta de apetite não tem nada a ver com estar aérea. Mas eu não estou nem um pouco afim de explicar aonde meus pensamentos estão agora, porque isso desencadearia mais de um zilhão de perguntas das quais não estou afim de responder.

— Com licença — digo me levantando e seguindo em direção á porta, deixando os gritos da dona Mariah dizendo que tenho que comer para trás.

A verdade é que a conversa com o Dylan não sai da minha cabeça.Ou melhor, a visão dele sentado naquela cama não sai da minha cabeça. Meus dedos coçavam para passar as mãos nos seus cabelos desarrumados ao ponto em que meus olhos insistiam em encontrar os seus. O único pedaço de consciência que ainda existia em mim gritava que ele estava muito perto, enquanto meu corpo insistia em dar sinais de que a distância era comprida demais para ser suportada. " No que você está pensando Pétala? Se concentra! Você só tem que se afastar dele e..."

— Ai! — estava tão concentrada em subir as escadas sem tropeçar em meus próprios pés que acabei tropeçando em alguém.

— Me desculpe, eu estava... — a pessoa diz. Começo a levantar minha cabeça lentamente. Meus olhos passam por tênis all star branco desamarrado, calças jeans pretas e a camisa azul por fora da calça, para então pousar em seus olhos. Droga! Meu plano de me manter afastada dele foi por água abaixo — ... distraído.

Talvez eu não devesse estar reparando em como seus lábios sobem lindamente ao sorrir e como prefiro seus cabelos bagunçados ao invés de os fios milimetricamente arrumados. No que estou pensando?

— Hummm — digo olhando para os meus pés. Estava tão distraída que nem havia reparado que já subi a escada e estamos parados no meio do corredor do segundo piso — Acho que...eu tenho que ir.

— É... — Dylan responde dando um passo para frente ao mesmo tempo que eu.

— Ai! — reclamo ao sentir meu nariz batendo contra o seu peito. Cubro ele com a minha mão e olho para Dylan, que não sabe se ri ou se desculpa — Está bem, talvez estejamos um pouco desajeitados hoje.

— Só um pouco — ele diz em meio às nossas risadas. Só paramos de rir quando ouvimos um som de porta se abrindo e fechando em algum dos muitos cômodos do extenso corredor — Acho melhor eu ir tomar o café da manhã.

— Concordo -— digo sem me mexer nenhum milimetro. Dylan acaba se prontificado para dar o primeiro passo, tentando levantar seu pé direito, mas acaba não conseguindo. Olhamos para baixo e só então percebemos que, ao darmos aquele passo minutos atrás, acabei pisando em cima de seu cadarço, o deixando preso em baixo do meu pé.

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