Não consegui enxergar o caminho de volta pra casa no carro da diretora. Não saberia dizer como terminou a conversa na diretoria, como entrei no carro ou em que ruas passamos até o momento em que avistei minha casa cercada de pessoas e viaturas policiais. Escancarei a porta do automóvel e abri caminho desesperado em meio às pessoas que se aglomeravam ao redor. O que eu veria depois se tornaria a imagem mais gélida e apavorante de toda a minha vida até aquele dia.
Vários policiais cercavam um rapaz sentado na calçada com um aspecto estranho, parecia estar meio tonto. Sua pele branca tinha um aspecto doentio e seu cabelo negro estava ensopado de sangue que descia através das maçãs do rosto como um filete escarlate até o queixo.
- O senhor vai ter que nos acompanhar até a delegacia, Senhor Blake. Embora haja várias testemunhas que o isentem da culpa, é preciso colher algumas informações e o seu depoimento sobre o acontecimento detalhadamente. – a voz de um dos policiais era firme e robótica.
- Blake? – pensei atônito. Não podia ser eu só conhecia uma pessoa na cidade que tinha esse sobrenome, eu não podia crer no que os meus ouvidos ouviram. Blake era o sobrenome dele, o sobrenome da família dele. Brandon.
Minha tia Maria pulou em cima de mim envolvendo-me com seus braços gordos e macios. As lágrimas escorriam pelo seu rosto e encharcavam os meus cabelos. Aquilo serviu para me acordar do transe em que eu me encontrava. Desvencilhei-me do seu abraço acolhedor e caminhei aproximei-me do policial.
- Onde está minha avó?! O que fizeram com ela?! – notei que minha voz estava esganiçada, as perguntas saíram como um berro de um animal assustado na floresta.
- O Senhor é neto dela, correto? A Senhora Flores infelizmente foi atropelada e veio a óbito no local. – explicou ele com um olhar de pena.
- Atropelada? Como? Onde foi isso? QUEM ATROPELOU A MINHA AVÓ?! – gritei desesperado. Fez-se um silêncio total em volta, todos os cochichos e vozes cessaram.
- Fui eu..f-foi sem querer. – disse uma voz tremula e instável. A voz vinha do garoto de cabelos negros bem a minha frente. – eu estava passando pela rua e ela pulou na frente do carro, eu não tive como evitar. – completou em meio a soluços.
- Parece que o gatinho de estimação dela correu para o meio da rua e ela tentou salvá-lo. – explicou outro policial.
- Veludo? O meu gato? – senti todo o meu corpo petrificar como se tivesse olhado para o rosto da Medusa.
- Ela morreu sorrindo, meu filho. Morreu sorrindo porque conseguiu salvar ele. – minha tia me agarrou novamente aos prantos. – você sabe o quanto ele era importante pra vocês dois desde que o acharam ainda pequeno na rua.
- Você matou a minha avó... – minha voz saiu quase como um som inaudível. – Você matou a minha avó... – repeti. VOCÊ MATOU A MINHA AVÓ! – berrei afastando minha tia para o lado e pulando em direção ao garoto.
Agarrei o pescoço dele com minhas mãos e ambos caímos no chão por causa do impacto. Apertei o pescoço dele com toda a força que eu podia reunir naquele momento – com certeza não era muita – enquanto ele me olhava assustado com lágrimas nos olhos. Senti várias mãos me agarrarem por trás e me arrancarem de cima dele enquanto eu esperneava e gritava como uma criança que acabara de sair da barriga de sua mãe.
- Eu sinto muito, me perdoe, por favor. – o garoto implorava chorando. – Eu juro que eu não tive culpa, me perdoe, por favor. – sem nenhum aviso ele me agarrou mesmo com todos os policiais me segurando, ele me abraçou.
- Eu também perdi meus avós, eu jamais faria mal a ninguém, me perdoe. – implorou ele enquanto afundava a cabeça no meu peito.
"A pureza é a luz da alma, Will. Mantenha-se puro e a luz da sua alma mostrará sempre o caminho."
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Forbidden Flower ~ Original Story
RomanceWill acabou de concluir o seu ensino médio e está prestes a mudar totalmente de vida. Ele é apaixonado por Brandon, um garoto misterioso e muito popular, o atleta Nº1 da escola e recordista em campeonatos universitários. Em um país diferente, Will...