- Caraca, o moleque é bom! - Exclamava Ludmilla com as mãos no rosto.
Eu não entendia a surpresa deles, sabia que era bem fácil agarrar uma bola, mas ao contrário da Camilla, que disse que eu tinha cara de atleta, os amigos dela não concordavam muito.
- Eu disse que ele devia jogar bem! Vai menino, continua o jogo! - Disse ela se direcionando a mim.
Peguei a bola e joguei na coxa do João Felipe, o que fez com que ele fosse queimado. Pelo visto, ele ficou com raiva e tentou me acertar de volta, mas eu agarrei de novo e passei a bola para a Júlia poder jogar.
Ela em uma jogada só queimou a Gabriella. O jogo fluiu , e o nosso time estava jogando bem. Apenas o Lucas e a Júlia estavam queimados, enquanto do outro time havia apenas o Bruno no "campo dos vivos". Ninguém conseguia queimá-lo, até que eu peguei a bola...
- Nossa, ele queimou o Bruno! - Alice deu um grito. Parecia que eu tinha sido o primeiro homem a pisar em Plutão na história da humanidade.
- Tá na minha mira moleque! - exclamou ele, vindo com a bola na minha direção.
Pode ser meio dramático, mas eu juro que tudo começou a ficar em câmera lenta. Ele fez um movimento com a bola, mirando em mim, jogou a bola e... por sorte eu consegui desviar.
- Ganhamos! - Gritavam Ludmilla e Alice correndo pelo campo.
Vi que o Bruno se aproximava - seguido de Camilla - para me cumprimentar.
- Bela partida, garoto, porque você não aproveita que está de férias e joga com a gente mais vezes?
- Tá, claro, pode ser... - ele se afastou, mas ela ficou e, por incrível que pareça, conversou um pouco comigo.
- Eu sabia que você ia jogar bem. Dava pra ver no seu rosto. - Por que de repente ela estava sendo amigável?
- Ah, valeu, eu nem sou tão bom assim... - ficou um silêncio por uns instantes, até que eu consegui quebrá-lo - desculpa perguntar, mas por que você antes não falava direito comigo?
- Bom, não sei, não sou muito boa lidando com pessoas novas, geralmente eu acho que elas vão roubar o lugar dos meus amigos... eu tenho algumas neuroses... mas você me desculpa, né? Eu juro que eu posso ser bem legal.
- Claro, sem problemas. - Eu disse meio sem graça e estendi a mão para cumprimentá-la. Mas fui surpreendido, pois recebi um abraço.
E foi aí que eu notei que todo mundo estava nos observando. Consegui ouvir um grito de uma das meninas exclamando "eita", e quando eu olhei para o lado, o Bruno me olhava, com uma cara não muito boa...
- Para de ser chata, Clarinha. - disse Camila - Ei, não liga pra eles não. - Ela olhou para onde eu estava olhando e percebeu que o Bruno não tinha gostado daquela cena, e então disse - Nem pra ele, ele é como se fosse meu irmão, um pouco protetor e ciumento demais, mas pode deixar que eu lido com ele. - Ela saiu andando.
Depois as meninas, com quem eu tinha me dado melhor daquele grupo, vieram falar comigo. Perguntaram se eu estava gostando da "Mila", mas eu respondi que não. Não tinha como eu gostar de alguém que acabei de conhecer! Amor à primeira vista só acontece em filmes, e é muito ridículo. Mas não adiantou nada dizer isso, elas falaram que uma hora rolava e eu apenas ignorei.
Após algum tempo as pessoas foram indo cada uma para suas casas. Então a Camila disse que ia embora e perguntou se eu queira ir junto, já que minha casa era em frente à dela. Eu respondi que sim, e nós fomos andando.
Consegui ouvir alguns meninos gritando "Que rápido em" e ela depois gritava algo de volta para fazer eles calarem a boca. A gente já estava de saída, quando a Ana nos parou e disse:
- Espera aí, me passa seu número, Gabriel, para eu te colocar no grupo do whatsapp do Condomínio, aí você conversa com a gente e se enturma melhor.
Apenas concordei, passei o meu número, que ela anotava rapidamente com o celular, e saí andando.
Andamos uns 5 minutos até chegarmos às nossas casas. A maior parte do caminho em silêncio, até que ela se despediu com um tchauzinho e entrou.
Cheguei em casa e já ouvi meu pai perguntando:
- E aí, meu filho? como foi hoje?
- Foi normal, eu joguei um pouco de queimado com os meninos da rua e eles até me colocaram em um grupo de conversa no celular, para eu falar com eles.
- Que legal. Meninos e, pelo visto, meninas...
É, o meu pai viu. Parece que eu vou ser bem zoado dentro de casa agora.
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Recomeço - Tempo de Amar
Teen FictionGabriel teve que se mudar de Minas Gerais para o Rio de Janeiro e se adaptar com a sua vida nova. Mas você pensa que a história fica por aí? Se enganou, essa história não é mais um clichê romântico da vida, eu não me chocaria se ela ficasse um pouco...