Capítulo 9

58 5 0
                                    

Todos os dias ficaram com a mesma rotina. Eu acordava, ajudava a minha mãe com as coisas, almoçava, ia pra piscina, voltava e ficava na rua até tarde.
Infelizmente o mês já tinha virado. Já era fevereiro e em dois dias seria segunda-feira, nosso primeiro dia de aula. Ainda bem que eu não ia passar pelo constrangimento de não conhecer ninguém, pois eram todos da minha sala. Bem que o André podia mudar de escola...
Já estava de noite e a Gabriella veio nos contar uma história sobre a casa mal assombrada de número 756 que tinha no final do condomínio. Pelo pouco que eu já conhecia de todo mundo, a Gabriella adorava essas coisas sinistras, sobrenaturais e gostava de pôr medo nas pessoas, principalmente na Júlia que era super medrosa. A Ludmilla era um pouco revoltada e rebelde, ficava na dela, mas se fizesse algo que ela não gostava, sai de baixo. A Ana Clara e a Alice eram duas doidinhas, eu adorava. Sempre inventavam alguma brincadeira nova e ficavam pregando peça nos outros. O Bruno e o João eram os garotos mais legais do lugar. Muito extrovertidos e extremamente engraçados. O Lucas era mais tímido e na dele, e tadinho, eu tinha pena, ele era muito zoado por todo mundo. O Paulo era o que mais tinha senso e era mais centrado. O André eu nem preciso falar nada...
Enfim, a Gabriella começou a contar que tinha um casal de meia idade que morava naquela casa e eles brigavam muito. Um dia eles tiveram uma briga tão feia que ele a esfaqueou, a enterrou no quintal de casa e se mudou. Então a alma da mulher ficou para assombrar o lugar.
Depois dela ter contando a história a Júlia começou a tremer de medo.
- Júlia, deixa de ser medrosa, é só uma história!
- Você adora essas coisas, Gabi, por isso que não tem medo. Você é uma entidade também, aposto.
- É, nós também somos. - Disse Bruno, e ele e o João ficaram fazendo "ooh" com a boca para irritar a coitada.
- Eu também não to com medo. Por que a gente não vai lá?
- Ana Clara e suas ótimas ideias. - Resmungou Ludmilla.
Como nós somos um bando de crianças que não tem muito o que fazer, resolvemos ir lá de noite só pra conferir. Chegando lá, as meninas começaram a ficar com medo, menos o trio maravilha (eu adorava chamá-las assim) e a Gabi. Ela resolveu sair andando por dentro da casa, que estava aberta, junto com a Ludmilla. O Lucas ficou medo e a Júlia também, então eles ficaram na sala. André e Paulo achavam que era bobeira, permaneceram na sala porque o babaca queria proteger a Júlia, que não queria proteção nenhuma dele. Os outros quatro ficaram fazendo piadas de tudo na cozinha. Sim, eu disse quatro, porque Camila veio falar comigo e nós fomos para outro lugar. Tinha se tornado minha melhor amiga, nos dávamos super bem.
Nós tínhamos nos aproximado muito nesse último mês, e eu não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu estava me apaixonando por ela. Eu sei que é estranho um garoto falando sobre sentimentos, mas eu não podia fazer nada. A cada dia e conversa que nós tínhamos eu começava a gostar mais. E ela me entendia, sabe? E com ela eu sentia que podia ser eu mesmo. Lógico que contava algumas coisas para impressionar, mas isso faz parte, não vai me trazer problema algum.
Ela disse que não queria ficar brincando com o pessoal, que queria apenas explorar o quintal da casa, então nós fomos para o lado de fora. Nós estávamos conversando, quando vimos um vulto no quintal. Ela logo me abraçou e eu percebi que ela estava tremendo de medo. O abraço dela era muito aconchegante. Eu levaria ela em todas as casas de terror só para ter uma desculpa. Nós ficamos abraçados um tempo e eu comecei a fazer carinho na cabeça dela, tentando acalma-la. Até que uma hora ela afastou o rosto, mas eu não queria soltá-la. Nós nos olhamos uns instantes, ainda abraçados e então...

Recomeço - Tempo de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora