Dois e meio

3.2K 369 382
                                    

Olá amadinhassss.
Cá estou eu postando um novo capitulo para vocês e divagando como será o desfecho dessa história.

Calma tem muita água pra passar por aqui ainda kkkkkkkkkkk

Boa leitura!

— Joy? Terra pra Joyce! — Saio do turbilhão de lembranças da noite passada e tento me concentrar no que Adiany me diz do outro lado da linha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Joy? Terra pra Joyce! — Saio do turbilhão de lembranças da noite passada e tento me concentrar no que Adiany me diz do outro lado da linha.

— Sim, , desculpe! — Coro mesmo sabendo que ela não pode me ver.

— Ah, não me peça desculpas, minha bichinha, vi na televisão uma reportagem sobre o acidente, imaginei que tu estaria na equipe que atendeu o filho do desembargador.

— Foi uma noite e tanto. — Suspiro cansada.

Depois que conseguimos estabilizar a frequência cardíaca do paciente, tivemos que lidar com outros traumas ocasionados devido a colisão. Três costelas quebradas e o que mais nos deixou preocupados, um inchaço no cérebro, depois da cirurgia para a drenagem do sangue que fazia pressão entre o cérebro e o crânio ele foi enviado para o CTI, onde deve ficar por setenta e duas horas, para que possamos ter uma análise mais detalhada do seu quadro.

— Joy, tu tá me ouvindo? — Percebo a irritação começando a tomar conta da sua voz.

— O que tu disse?

— Nada demais, só fiquei divagando aqui como eu queria ser parte da tua equipe em momentos como esse, sabe? Eu vi o desembargador falar o teu nome na entrevista, não é pouca coisa não. — Eu bem que queria ela na minha equipe às vezes, nem que fosse como aquela pessoa que faz todo o clima pesado se dissipar.

E não sei se o meu nome ser citado durante a declaração do desembargador Moreira e o RP do hospital seja uma boa coisa, principalmente por não sabermos como o quadro do meu paciente irá evoluir.

— Não ligo muito pra essas coisas, tu sabe, Ady, eu num tô em um clima bom hoje, não consigo parar de pensar no que quase aconteceu ontem, acho que preciso de uma boa noite de sono para colocar a cabeça no lugar novamente.

— Eu sei, lindinha. Tu é a alma mais altruísta que conheço, nunca iria tomar isso como uma oportunidade para crescer na carreira, mas como sua melhor amiga e mãe do seu futuro afilhado que nascerá em alguns anos, me sinto muito orgulhosa de tu, saiu daqui e conquistou seus sonhos, agora só falta um amor, mas isso daremos um jeito logo.

É impossível não rir com ela. Até hoje não desistiu de tentar me arranjar um namorado sério. Nunca se conformou com minha vida amorosa inexistente. Mas a deixo bolar o que acha que é certo, se isso a faz feliz, quem sou eu para tirar o doce da sua boca? Mesmo sabendo que não acontecerá.

Num ria não, assim que os preparativos pro casamento estiverem certinhos, vou aí em Mossoró para fazer minha despedida de solteira, mas no caso quem vai curtir um boy magia é tu, já sou bem feliz com meu Júlio, não preciso de outro. — Reviro os olhos ainda rindo.

— Certo, cupida, agora eu preciso ir, minha cama sofrendo com a minha ausência. Beijos de açúcar pra tu.

— Descanse, viu, precisa ficar linda pros boys, beijos de açúcar para tu também!

Desligo e começo a recolher minhas coisas, não estava brincando quando falei em desejar uma boa noite de sono, preciso fazer as pazes com minha cama, urgente.

Saio do meu consultório e faço a última ronda do plantão, pela primeira vez tive que tomar cuidado para não passar na sala de espera onde está a família do meu paciente, que aliás, se chama Luís Augusto Fradick Moreira, filho do desembargador de Justiça Federal João Paulo Moreira, antes de seguir meu caminho para minha casa e penso por um momento que poderia ir ao famoso hotel não muito longe daqui, onde a atração principal é a maravilha da natureza em forma de águas termais que há quem jure serem medicinais. Meu corpo agradeceria, tenho certeza.

Depois de desviar da imprensa que faz plantão em frente ao hospital, finalmente chego ao estacionamento, entro no meu carro e travo as portas para respirar fundo. Nunca que imaginei que ser a médica responsável por um paciente iria me trazer tanto desconforto. Não há fama ou notoriedade que paguem os momentos que passei naquele sala de cirurgia na noite passada, aquela pequena fração de segundo em que ele focalizou meu olhar, me quebrou por inteira e agora a cada vez que fecho os olhos vejo o marrom intenso me fitar suplicante e depois seus olhos rolarem para cima deixando o branco inexpressível.

E se aquela for a última vez que o mundo viu aqueles olhos abertos? E se eu não conseguir me livrar da sensação de desolamento que a sua quase morte me fez sentir? Como poderei voltar a clinicar com esse turbilhão de dúvidas, sentimentos novos e sensações inexplicáveis dentro de mim?

"Chega, Joyce, pare de se martirizar com suposições. Vamos lá, garota, tu deu o seu melhor naquela sala, é normal sentir compaixão com a perda de uma vida!", digo a mim mesma para quem sabe assim a mente consiga fazer o coração entender as palavras que repito uma vez atrás da outra.

Com mais uma sugada forte de ar, ligo o carro e saio do estacionamento do hospital em direção a BR 304. Minha vontade é seguir dirigindo até chegar à casa dos meus pais e buscar o calor dos braços de minha mãe que sempre fazem o mundo parecer menos complicado. Mas essa é outra parte da minha vida que não estou pronta para enfrentar no momento e não sou mais aquela garotinha tímida que usava a testosterona dos irmãos como um escudo do mundo exterior. Eu cresci, mas meus medos e inseguranças ainda continuam aqui, mesmo que tente me convencer que não.

Chego em casa e sou recebida por um chamego gosto de Cárter, meu gatinho de quatro anos. O batizei em homenagem ao vocalista de uma boy band que era fã na adolescência. Ele tem sido a maior e melhor companhia para mim.

— Olá, pra tu também! — Agacho e o pego no colo, junto com as correspondências deixadas pelo porteiro do prédio. — com fome? Claro que , faz mais de seis horas que Beth saiu, não é mesmo?

Caminho com ele até a cozinha e o sirvo da sua ração predileta. Fico parada olhando para ele por alguns instantes antes de me ver perdida em pensamentos nada saudáveis para quem quer manter o foco no trabalho e conseguir meu grande desafio adiante. Pensar e supor situações onde um certo par de olhos cor marrom estariam envolvidos não faria bem algum para mim.

Não sei de onde vem tudo isso, nunca fui do tipode pessoa que se encanta ou impressiona com outra que mal conhece e acima detudo, que está do outro lado da linha que a ética profissional permite. Sacudoa cabeça e sigo para o meu quarto, onde um banho relaxante do tipo que faz tudoficar para trás se faz necessário, deixando minha mente limpa de qualquerpensamento que não seja sobre deitar e dormir pelas próximas oito horasseguidas. Se tiver a chance de dormir tão bem assim.

CONTINUAAAAA

Até o próximo meus amores.
Curtam, comentem e compartilhem com os amigos!!!

Minha cura♥ }☘{♥ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora