Como explicar
Como eu te conheci
Como nosso olhar
Nos fez parar o mundo
O acaso então chegou
Se encarregou de fazer
Você passar por mim
A música Como eu te conheci do Biquíni Cavadão começa a tocar e rapidamente mudo de faixa, tudo que não preciso é depois de quase três horas de viagem ouvir uma música que me faça lembrar do momento que meu olhar travou com o dele e fez tanta bagunça na minha mente.
Acelero e deixo a cidade de Macaíba para trás, já passa do meio-dia e quanto antes chegar lá, mais cedo poderei voltar para Mossoró. Poderia ter me recusado a vir, eu sei, o bom senso me disse para arrumar uma desculpa e não fazer essa viagem, mas é de possíveis doações para o IETM que estamos falando, não perderia a oportunidade de fazer algo que possa ser benéfico para tantas pessoas.
"Vamos lá, querida, já pode admitir que tu quer estar ao lado dele novamente!", minha mente dá o alerta e sei que é verdade, quero ver Luís Augusto novamente, mesmo sabendo que ele nem sabe da minha existência, esteve inconsciente durante todo o tempo que estive por perto.
Paro no estacionamento do INN, desligo o carro e envio uma mensagem para o meu chefe avisando que cheguei, respiro fundo antes de pegar minha maleta e bolsa e seguir para o interior do hospital. Sei que minha vinda até aqui não é agradável para o dono do lugar e saber disso me dá uma determinação extra para fazê-lo, Fred e seu pai terão que me engolir, quer queiram, quer não.
Chego à recepção do saguão de entrada e me informo que quarto Luís Augusto ocupa, a atendente me olha de cima a baixo mesmo depois de lhe mostrar minhas credenciais. Segundos depois ela está fazendo uma ligação ainda me olhando curiosa, não consigo evitar de rolar os meus olhos, só me falta ela achar que estou aqui para sequestrar o paciente que o seu chefe ardilosamente conseguiu remover do IETM.
— Dra. Joyce, se puder aguardar um instante? — pede apontando para uma das poltronas espalhadas logo à frente.
— Tudo bem. — Vou em direção ao local que me foi indicado, mas não chego sequer a sentar e uma figura conhecida aparece na minha frente me fazendo sentir uma irritação imediata.
Jânio Damasceno vem caminhando em minha direção com cara de poucos amigos, desvio o meu olhar para a atendente que se encolhe. Balanço a cabeça para deixar a irritação longe da minha expressão, ele não conseguirá o que quer, não mesmo.
— Dra. Joyce, boa tarde! Não sabia que fazia viagens longas para visitar alguns pacientes? — ele questiona erguendo uma sobrancelha.
— Boa tarde, Dr. Jânio! Não, não costumo fazer longas viagens, apenas em casos especiais, mas desculpe, isso não lhe diz respeito até onde sei. — Noto o canto esquerdo da sua boca tremer irritado.
— Me diz respeito quando isso ocorre no meu hospital — retruca com uma falsa calma.
— Não sabia que havia critérios para visitas autorizadas no seu hospital ou em qualquer outro. — Ele quer medir forças? Adoro uma boa disputa.
— Escute aqui, sua insolente, meu hospital, minhas regras. Você não tem o que fazer aqui, então recomendo que dê meia volta e siga seu caminho de volta pro buraco interiorano de onde veio e nunca deveria ter saído.
Seu comentário preconceituoso merece uma resposta à altura da sua arrogância e prepotência, não é à toa que o filho tem atitudes nada gentis, aprendeu com o pior, mas se ele pensa que irá me tirar do sério, não vai.
— Sr. Secretário, falando assim fica parecendo que as pessoas do buraco interiorano que elegeram aquele que o colocou nesse cargo não são personas gratas a sua pessoa. — Baixo o meu tom de voz. — E eu posso cuidar para que saibam disso, aposto que o nosso governador e alguns membros influentes que residem nos buracos interioranos, ficarão muito felizes em saber das suas opiniões sobre nós.
Sua expressão muda de irritada para assustada, isso dura milésimos de segundos, mas é o suficiente para saber que posso confrontar ele se for preciso.
— Eu acho que você me ouviu mal, Dra. Joyce, mas reitero o que falei anteriormente, não há nada que possa vir a fazer aqui.
Antes que continue com a tentativa de me expulsar de forma discreta, vejo Régia Fradick caminhar em nossa direção, seu rosto demonstra o quanto está cansada, mas há um brilho novo nos seus olhos que não estava lá da última vez que a vi dias atrás.
— Dra. Joyce, obrigada por ter vindo! — O sorriso leve e frágil de Régia me traz uma sensação diferente, talvez pelo fato dela ter pedido que eu especificamente estivesse aqui hoje.
— Sra. Fradick, não recusaria um pedido seu ou do seu marido. — Olho de lado para o Dr. Jânio que parece que engoliu um caroço de pitomba e não consegue retirá-lo da garganta.
— Foi muito gentil da sua parte vir. Se Jânio ou Gilberto não lhes contou ainda, ele tem acordado a cada três horas mais ou menos desde o início da noite passada, mas não falou ainda, apenas olha em volta desorientado e poucos segundos depois volta a dormir.
— O Dr. Gilberto já me falou um pouco, mas preciso conversar com o médico responsável por ele e saber em que a senhora precisa da minha ajuda, aqui tem os melhores neurologistas do estado. — Apesar da raiva que tenho do dono do hospital, não posso negar o nível excelente dos profissionais que aqui trabalham.
— Sim, eu sei que tem, mas nenhum deles me passou a segurança que você, Jânio, não é questão de falta de profissionalismo dos seus médicos, ok?
Ante o olhar que ela lhe dirige ele apenas balança a cabeça com um sorriso forçado nos lábios e se retira. Pegando a deixa, dona Régia me guia em direção ao quarto em que seu filho está. Saímos do elevador no 3° andar e seguimos pelo corredor, por motivos de privacidade Luís Augusto foi colocado no último quarto, o mais distante possível de expectadores curiosos.
Ao chegarmos em frente ao quarto 102 as minhas mãos formigam, minha garganta trava e a respiração se torna ausente quando dou os cinco passos que me levam para estar junto do seu leito. Ele está dormindo, mas já não há um grande hematoma colorindo o lado direito do seu rosto, agora apenas uma mancha quase apagada. Eu não fazia ideia de como ele é bonito, como parece delicado e frágil, fazendo um instinto protetor aflorar dentro de mim, me fazendo desejar colocá-lo no meu colo e proteger. Insano eu sei, mas é um tipo novo de sentimento que ele evoca em mim.
Olho para trás e sua mãe está na porta olhando para o filho, talvez com o mesmo tipo de sentimento que eu ou um ainda maior, eu não sei. Sorrio sem jeito para ela e então viro-me abruptamente para o paciente no leito ao meu lado assim que senti meus dedos das mãos serem apertados com firmeza. Solto um silvo baixo ao me deparar com um par de olhos em tom de marrom intenso que me fitam como se estivesse olhando para alguém que não é real. E meu coração dispara ao constatar que estou ferrada, seus olhos trouxeram aquele calor gostoso novamente ao meu interior, o que não é permitido. Estou perdida em seu olhar e não faço ideia de onde fica o caminho de volta.
Música lançada pela grupo Biquini Cavadão em 2017. Compositores: Alvaro Prieto Lopes / Bruno Castro Gouveia / Carlos Augusto Pereira Coelho / Izabella Brant De Vasconcelos Vieira / Miguel Flores Da Cunha / Theo Lustosa Pereira
Continuaaaaa
Amores até o próximo capítulo ❤
Desde já quero agradecer a vocês que tiram um tempinho para ler minha história.
A coisa vai esquentar aguardemmmmm
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Minha cura♥ }☘{♥ Degustação
Chick-Lit#Aviso Essa história contém cenas fortes e algumas outras de sexo além de linguagem inadequada para menores de 18 anos Em questão de segundos tudo acontece... Vinda de uma cidade do interior, lutando com muito esforço, Joyce é uma jovem médica que q...