Olá meus amores ❤
Pois é Joyce precisou se afastar do seu novo e inusitado vício. Mas será que ela conseguirá esquecê-lo????Boa leitura
Desembarcamos no aeroporto de Mossoró no início da noite, Guilherme parece ter entendido que meu humor não estava dos melhores e manteve silêncio durante todo o percurso. Eu, por outro lado, mantive uma conversa interna comigo mesma, tentando entender o que estava acontecendo com a minha mente, os porquês da sensação de vazio que não existia até poucos dias.
— Gui, você se importa de me dar uma carona até a rodoviária? — pergunto sem saber ao certo o que estou pretendendo fazer.
— Tem certeza? — Seu olhar preocupado me diz que devo estar parecendo uma doida nesse momento.
— Sim. — Não titubeio ao responder.
— Tudo bem, vamos lá!
Estamos seguindo rumo a BR 304 quando me dou conta que Carter ficou sozinho por um dia inteiro. Pego o celular e mando uma mensagem para Beth, minha diarista, pedindo que passe lá pela manhã e o alimente. Não tenho um plano formado, mas sei que preciso de um tempo isolada, os três dias de folga que o Dr. Gilberto me presenteou caíram como uma luva, não sei se teria condições de clinicar ou fazer alguma cirurgia com a cabeça tão confusa.
— Quer que passemos na sua casa para pegar alguma coisa? — A voz de Guilherme me desperta dos pensamentos vagos.
— Não, será uma viagem rápida, na segunda estarei de volta.
Com um aceno de cabeça ele pisa fundo no acelerador e seguimos pelas ruas de Mossoró, ao chegar na rodoviária compro uma passagem para São Felipe, minha cidade natal, que não visito há alguns anos, doze para ser mais precisa. Sento próxima a plataforma 4 onde será o embarque e aproveito para responder e-mails e mensagens do Whatsapp antes que o ônibus chegue, uma vez dentro dele estarei incomunicável pelos próximos três dias.
Meia hora depois estou sentada na poltrona número 23 com a cabeça junto a janela, aguardando o momento em que o ônibus seguirá viagem. Pego meu celular e busco minha playlist para momentos de reflexão, em pouco tempo a voz de Gal Costa enche meus ouvidos, Vapor barato fazendo as emoções presas em mim ficarem à flor da pele e então deixo as primeiras lágrimas caírem depois de anos que não tinha contato com elas.
O ônibus sai da rodoviária e segue pela 304, enquanto as luzes de Mossoró vão ficando para trás choro o que não me permiti ao longo dos anos, de alguma forma tudo que vim guardando e arquivando para manter a mente focada na faculdade, residência e agora meu emprego e possível promoção, vêm à tona e deixo que saiam do meu sistema. Não sou mais aquela menina franzina que saiu de São Felipe com apenas sonhos na bagagem, sei que não sou, mas ela ainda está aqui e mesmo com vinte e nove anos sinto que preciso superar tudo antes que a viagem chegue ao fim.
Ao descer desse ônibus preciso ser a vitoriosa que todos esperam que volte para o lar um dia. Eu devo isso à mulher que me tornei, aos meus pais e àquela menina assustada que comeu o pão que o diabo amassou e jogou fora depois de três dias, por ela vou esquecer toda essa baboseira que meu coração insiste em querer sentir por alguém cujo mundo nada tem a ver com o meu e está definitivamente proibido pra mim.
— Senhora? — Sinto uma mão tocando meu ombro.
Pisco os olhos desorientada, então vejo o uniforme da empresa de ônibus que o moço ao meu lado está usando e lembro onde estou. A voz de Renato Russo cantando Vento no litoral tocando no meu fone de ouvido, boca seca e um gosto amargo nela, me dizem que dormi todo o percurso.
— Chegamos! — ele diz com um olhar culpado, provavelmente por ter me acordado.
— Oh, obrigada! — Sorrio já levantando e saindo do ônibus.
Por não ter nenhuma bagagem comigo sigo direto para o ponto de táxi, minha falta de sorte dá as caras quando tenho que esperar por quarenta minutos até que o primeiro táxi apareça. A cidade é pequena e não têm tantos assim, principalmente as três da manhã.
O carro para em frente à casa de paredes amarelas claras até a metade, logo abaixo chapiscada com cimento, uma forma de proteger o reboco com a passagem da água da chuva, o telhado que vem alguns centímetros à frente para proporcionar sombra à entrada durante a maior parte do dia. Olho para ela por alguns instantes, as lembranças da minha infância flutuando em minha visão.
Tudo está tão igual, mesmo depois de tantos anos desde que saí: a rua de paralelepípedos, as calçadas com um pé de acácia na frente, que faz sombra depois das três da tarde, permitindo que as mulheres se reúnam para jogar conversa fora até a hora que entram para assistir novela, o ar limpo e fresco que não foi afetado pelo trânsito, a calmaria que faz meu coração sossegar.
Pago o taxista e saio do carro, ele por sua vez não sai do lugar esperando que eu entre como disse que faria. Bato na porta duas vezes de leve e espero, sei que o sono do meu pai é o mais leve possível e não demora muito para que eu ouça passos se aproximando da porta. Então a fechadura da porta gira e a parte superior é aberta, revelando o corpo magro e queimado do sol do meu pai, seus olhos um tanto sonolentos aumentam de tamanho ao me ver parada na sua porta.
— Joyce? — Estreita os olhos enquanto curva-se para abrir o ferrolho que mantém fechada a parte inferior. — Venha aqui, minha menina!
Dou um passo à frente e logo estou envolvida pelos braços que me carregaram durante toda a infância, que me ajudaram a levantar depois de cada tombo e se abriram para me receber após receber o diploma de cada uma das etapas da minha vida acadêmica. Sugo o ar e inalo seu cheiro forte de sol, mel e terra molhada. É impossível segurar as lágrimas que começam a rolar pelo meu rosto, elas são de alegria ao reencontrar meu porto seguro, meu primeiro lar. Sim, finalmente sinto que estou em casa.
Até o próximo capítulo amoressss ❤
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Minha cura♥ }☘{♥ Degustação
ChickLit#Aviso Essa história contém cenas fortes e algumas outras de sexo além de linguagem inadequada para menores de 18 anos Em questão de segundos tudo acontece... Vinda de uma cidade do interior, lutando com muito esforço, Joyce é uma jovem médica que q...