Doce Estrela - Parte final

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MEU PLANETA

ESTELA

Minha irmã e eu estávamos brincando de algo que um dia já foi meu sonho...

Nós havíamos afastado todos os móveis da sala para que pudéssemos fazer a nossa imaginação ganhar mais asas. Conseguimos montar um desfile de moda apenas com nossa criatividade infantil. O tapete foi a passarela, os lençóis eram os vários modelitos, os ursinhos de pelúcia eram os telespectadores e nós as modelos mais famosas do mundo. Não demorou para que aquele sonho que tínhamos, ser um sonho só meu.

Um sonho... Era apenas mais um sonho. Ou uma lembrança...

*

Quando abri os olhos, Guto me encarava com os olhos marejados. Ele sorriu, um tipo de sorriso que chegava e ficava em seus olhos.

Ele sussurrou inúmeras vezes que me amava enquanto me abraçava e me beijava desesperadamente.

— Guto...

Shiii — Ele silenciou-me com os dedos sobre meus lábios. Sorri, sentindo uma lágrima cair e ele se apressar pra seca-la. — Vai ficar tudo bem, meu amor.

Neguei com a cabeça, enterrando meu rosto entre a curva de seu ombro e pescoço. Augusto me apertou, me tranquilizou como sempre fazia quando eu ficava mal. Que saudade que eu tinha daquele toque... daquela delicadeza em transmitir a calma que eu precisava naquele momento.

Eu queria dizer que sentia muito, que fui enganada, que sentia sua falta... Queria dizer, acima de tudo, que o amava. Eu o amava com todo o meu coração.

Mas a única coisa que consegui fazer foi chorar e soluçar feito uma criança perdida num supermercado. Chorei como se um valentão da escola tivesse roubado meu lanche. Chorei como alguém que não conseguia mais fingir que aguentava a barra que estava passando na vida.

E ele?

Bem, Guto apenas murmurou e disse que não queria mais saber do passado e que só queria saber que eu estava bem. Que ele ainda me amava e que nunca mais me deixaria ir. E eu não iria. Eu não queria ir.

— Me desculpa, Guto...

— Tá tudo bem, Estrela. — Ele sorriu ao falar o apelido que me dera desde quando me conhecera melhor. Ele me encarou, sorrindo com uma lágrima teimosa escapando de seu controle. — Você é a estrela da minha vida. E você tem que brilhar a onde eu possa sentir, e não apenas ver.

Eu sorri em meio as lágrimas, fazendo com que meus lábios ficassem trêmulos e Guto sorrisse ainda mais.

Meu coração acelerou de tal forma que um pequeno incômodo ganhou destaque. Coloquei a mão no peito, sentindo a dor se intensificar. Augusto franziu a testa, e adquiriu um ar mais preocupado.

— Estela... o que...

Soltei um grito, me encolhendo de dor sobre o colchão do hospital. Escutei alguns barulhos, mas não consegui distingui-los.

— POR FAVOR, ALGUÉM AJUDE! — Guto se levantou desesperado da cama, abrindo a porta do quarto e gritando a plenos pulmões. — POR FAVOR!

Eu só conseguia gemer e me encolher como um caracol naquele momento. Estava insuportável!

O som foi ficando mais abafado até eu não conseguir mais ouvir nada. Minha visão foi escurecendo e a dor em meu coração aumentando...

Estava tudo sem foco, mas eu consegui vê-lo novamente, acompanhando de alguns médicos ou um médico — não conseguir prestar atenção.

Eu tentei gritar, tentei falar, mas o ar não chegava até meus pulmões. Eu também não conseguia mais ouvir nada ao meu redor. Nem enxergar as coisas nitidamente.

E quando o ar finalmente acabou e não consegui dizer que o amava, a dor em meu peito apagou a última imagem desfocada que tinha dele.

Aquela maldita dor também foi capaz de apagar meu coração, mas não conseguiu apagar o amor que estava dentro dele...

*

Eu pensei que o céu era mais iluminado, mas talvez eu não estivesse no céu. O teto do lugar onde eu estava era branco. Aquele ambiente era frio também, podia sentir. Também ouvia barulhos repetitivos de aparelhos e pessoas.

Eu estava toda dolorida. Não tinha forças...

Não sabia o que havia acontecido. Não sabia se estava viva ou morta, bem ou mal... Eu só sabia que ele estava ali.

Guto mordeu os lábios, não contendo suas lágrimas e sorrindo verdadeiramente. Ele segurou minha mão e disse o que tanto eu queria dizer e ouvir também.

— Eu te amo. — Falou com a voz embargada e ficando ao lado do leito. — Eu te amo, Estrela.

Sorri. Guto limpou uma lágrima que escorria por minha bochecha.

— Você sempre vai ser minha Estrelinha...

E você sempre será o meu planeta favorito, Augusto. O planeta que eu não devia ter abandonado em busca de aventura. O planeta que era a simplicidade que eu precisava. O planeta que era morada. O planeta que eu cuidava...

— Minha doce Estrela...

Ele sorriu, inclinando-se um pouco e me beijando de leve nos lábios. Nossas lágrimas nos uniram naquele momento, e nosso amor nos juntou para sempre.

.

.

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##

E esse foi o fim desse conto que de um jeitinho bem fofo mexeu comigo. Sério, eu não esperava que esse bebê fosse ganhar de imediato um lugar no meu coração, mas ele já tá dançando Macarena há muito tempo!  

Espero que você tenha gostado, se emocionado e amado a esses personagens como eu amei. Desculpa o susto nesse último capítulo, mas essa era a intenção mesmo hehehe

Não sei você, mas eu senti duas referências nesse capítulo. Uma é bem famosa (ou bem fácil de perceber) e a outra só vai entender quem já leu "S,A!" 

Se você descobriu, comenta aqui nesse parágrafo. Eu tô curiosa pra saber se vocês descobriram...

 Eu tô curiosa pra saber se vocês descobriram

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Um beijo e até breve!

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