Back to Sky

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Como um pássaro que tem a asa ferida, Otabek seguia seus dias em um pouso forçado.

A vida já não tinha mais graça, tinha perdido a única pessoa que lhe dava razões para querer voar. Tinha perdido suas asas, os músculos. Perdera o ar. E agora que Yuri tinha se mudado para longe, o cazaque apenas existia. Sua essência se fora junto aos pássaros que migraram.

O sul nunca fora tão convidativo.

O frio congelante daquele fim de inverno combinava perfeitamente com o estado de espírito em que o moreno se encontrava.

A mais de dois meses não via Yuri, não ouvia sua voz, não fitava aqueles olhos que sempre demonstraram tanta força, como se nada nem ninguém fosse capaz de pará-lo. Olhos firmes, um soldado sem medo, já traumatizado pela guerra. Guerra? Talvez fosse isso que passasse em seu peito.

Mas a última lembrança que Otabek tinha daqueles olhos não eram essas. Eram de orbes vermelhas, distantes. Olhos que choram. Eram olhos de chorar.

Yuri não conseguia encará-lo, não conseguia lhe olhar nos olhos enquanto dizia que já não o queria mais. E era por esse motivo que Otabek tinha certeza que não tinha acabado. Amava Yuri, amava mais do que um dia imaginou ser possível, e sabia que o russo sentia algo por si também.

Afinal, se ele realmente não amasse Otabek, não hesitaria em gritar isso para o alfa.

Yuri era forte, ninguém seria capaz de detê-lo, e se ele foi capaz de mudar-se de país, somente para não ter de lidar com o cazaque, deveria significar alguma coisa. Ninguém foge daquilo que não se importa. Yuri temia algo. E Otabek iria descobrir o quê.

Só não fazia ideia de como.

Viktor não disse para onde Yuri tinha se mudado, na firma onde o mesmo trabalhava não se podia passar nenhum tipo de informação. Yuri não atendia o celular e não respondia seus e-mails, mas Otabek sabia que ele os recebia.

Então a exatos sete dias, desde o dia que Viktor havia mencionado a mudança de país, Otabek enviava mensagens de bom dia e boa noite, agindo como se os dois estivessem juntos, dizendo o quanto amava o loiro, e que sentia saudades.

Sabia que poderia parecer um maluco, afinal Yuri tinha dito com todas as letras que não queria mais ser procurado, que o relacionamento deles não iria dar certo. Mas Otabek não podia aceitar aquilo. Yuri era seu par, tinham sido moldados um para o outro, e mesmo que não fossem, ele não desistiria, tinha se apaixonado por aquele pequeno ranzinza, e não podia não lutar por ele.

Era fato que nunca tinha sido uma pessoa confiante, aliás, fora sua insegurança que o afastou de quem amava, como Viktor havia dito, ele não ofereceu nada a Yuri. Embora em sua mente, ele soubesse o quanto o amava e o quanto estava disposto a fazer qualquer coisa para ficar com ele, ele não deixou que o advogado soubesse.

Não o pediu em namoro, e fora por isso que Yuri não considerou o relacionamento deles como de verdade.

Não teve coragem de de lhe contar sobre o apartamento que comprara, bem como a vontade que tinha de ter uma família com ele. Eram coisas muito óbvias na cabeça de Otabek, mas Yuri nunca poderia saber, porque a insegurança do Altin, não o permitiu dizer, e era por isso que ele precisava encontrá-lo, para provar o quanto o amava, e que era sim, merecedor daquele ômega que tinha virado sua vida do avesso.

Ele iria atrás de Yuri, iria mostrar que se importava.

Após sair mais uma vez do restaurante de Yuuri e Viktor, Otabek ainda não desistira. Sua frustração em não encontrar o loiro o deixou aparentando mais doente que o normal. Suas usuais olheiras marcavam o rosto em tons de marrom e seus lábios rachados indicavam a falta de cuidado que tinha com o próprio ser.

I can't FlyWhere stories live. Discover now