Após aquele dia, visitaram mais um ou outro apartamento. Nada agradava Yuri, eles já estavam quase esgotando o total de lares disponíveis para compra. O clima entre os dois era ameno, como se ignorassem o que havia acontecido. Era apenas resquícios de um cio animado, definiram.Otabek guiava Yuri até o interior de um dos apartamentos que tinha separado para visitarem, era um local bastante espaçoso em um bairro considerado de luxo e, como era o mais distante da descrição que o loiro lhe dera, optou por visitá-lo depois. Ao chegarem, o rosto de Yuri estendeu-se em choque.
— Caralho alfa, eu te disse que precisava de algo simples, nunca poderei pagar por uma mansão assim. — Yuri passeava pela grande cozinha extremamente bem decorada do lugar. Imaginou que quem morasse ali seria um casal de alfas, extremamente tradicional. Resolveu brincar com o moreno, virando-se para ele ao chegar perto dos fogões.
— Oh querido, chegou bem a tempo para o jantar, hoje teremos javali assado, aligot de batatas e salada de agrião salteado, junto de uma deliciosa limonada siciliana e a sobremesa sou eu. — O loiro brincava, gesticulando como uma dona de casa faria, o moreno encarou seu rosto, arqueando uma sobrancelha.
Yuri, ao ver a falta de expressão no rosto do outro, pigarreou e virou o rosto sem graça. Após poucos segundos, Otabek riu. Gargalhou. Yuri sentiu seu rosto corar, mas não queria encarar o maior.
— Foi bem ruim minha piada, eu sei. — Respirou fundo, juntando toda a confiança que tinha. — Mas não precisa rir da minha cara assim, cuzão.
— Não estou rindo da sua cara. — Otabek respondeu em meio a pausas para respirar e rir. Buscou ar, encarando o loiro com um sorriso pequeno e singelo ornando a face. — Eu achei fofo. Surpreendente. Não imaginava isso de você.
— Isso o quê? Brincadeiras? Eu sou um ser humano normal, ok? — Yuri cruzou os braços, apoiando no balcão de mármore e exibindo sua maior pose desafiante. Otabek virou o rosto, encarando o relógio. Viu que ainda tinham tempo, então resolveu entrar com tudo na cena que o outro criara.
— Querido. — Otabek fez uma voz anasalada, arrancando um risinho de um Yuri que se segurava com todas as forças. — Você sabe que eu não gosto de agrião, prefiro couve-de-bruxelas. Podemos pular para a sobremesa?
O sangue de Yuri correu cheio de adrenalina para sua face, aquecendo. Os dedos tremeram, contorceram em arrepio.
Otabek aproximou-se, passando a mão no rosto do outro. Ele não entendia como Yuri fazia aquilo com ele. Sentia-se tão excitado, sentia-se tão quente. Desejava, salivava pelo outro. Seu corpo ansiou o toque que se seguiu pelo pescoço, arrancando um gemido rouco da garganta do outro.
Os lábios macios do ômega encaixavam bem nos rachados do alfa, até mesmo as ranhuras da boca combinavam. Beijaram-se de forma sutil, apenas um selar. Porém a ansiedade de seus corpos percorriam como correntes elétricas que atravessava ambos e extraviava seus sentidos.
O selar tornou-se um confronto pela dominação do beijo, agora intenso, quente e molhado. Os barulhos estalados percorriam por toda a casa, da mesma forma que os dedos grossos de Otabek percorriam a cintura do menor. Contornava, brincava. Subia até o topo de suas omoplatas, para só então descer até seus quadris, causando tremores em Yuri. Ofegavam entre o beijo, seus narizes buscando ar de forma desesperada. Os corações palpitavam, avidos por um contato mais íntimo.
Contato que foi efetivado pelas mãos ágeis do ômega, que puxou ferozmente o suéter que Otabek trajava, e junto com ele, puxará também a camisa.
Encarou então o corpo moreno que arquejava. Os gomos do abdômen eram definidos, e foram delineados pela ponta dos dígitos finos. Os olhos verdes voltaram a encarar os morenos, e sorriram. O beijo voltou-se, e o blazer de Yuri foi ao chão. Os botões da camisa abriram com o toque de Otabek, e então a mesma encontrou o mesmo fim da última peça.

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I can't Fly
FantasiCOAUTORIA: @Jaine_Nina Seria possível ter tanto azar? Fazia anos que Otabek não encontrava alguém interessante de verdade. Não esperava que encontraria naquele mercado, também. Devia ser um castigo divino que, justamente quando sentiu aquela famosa...