Light Rain

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Fazia pouco mais de quatro horas que Otabek e Yuri tinham chego ao hospital, ambos ansiosos. Viktor ainda não havia dado a luz, e os médicos decidiram levá-lo para a cesárea, já que o mesmo não tinha a dilatação certa, e o bebê já estava pronto.

No entanto o platinado não estava nada feliz com essa decisão, gritando que queriam arrancar o filho a força de si, e que iriam rasgá-lo.

Otabek fazia o trabalho de segurar o namorado, que queria arrancar os olhos do médico de plantão que estava o tempo todo fazendo piadas omegafóbicas, dizendo que na hora do cio Viktor não reclamou de ser rasgado, ou como dali dois anos o irmão estaria grávido novamente, ali na sala de parto. O moreno sabia que se deixasse Yuri se levar pela raiva, a confusão não acabaria cedo. Então apenas enlaçou seu corpo e o prendeu no lugar.

– Yuri, calma, brigar não vai resolver. Viktor precisa que você fique calmo.

–Porra. Olha, quando eu engravidar eu vou parir em casa, não vou passar por essa merda de médico, de hospital, de tudo. – Yuri rosnou, apertado nos músculos quentes do moreno. O mesmo riu abafado, mordendo os lábios para o loiro não pensar que fazia graça de si. Não fazia, pelo contrário. Achava fofo, Yuri queria não só uma família, como queria parir como gatos, no conforto do ninho.

–Achei que você não quisesse filhos.

–É claro que eu quero, seu idiota. Cale a boca.

Uma enfermeira beta aproximou com seus passos lentos e macios, perguntou pelos parentes de Viktor Nikiforov, e Yuri e Mila levantaram as mãos. Os primos se entreolharam, e Yuri entrou primeiro.

O rosto de Viktor estava pálido, olheiras marcadas e o suor do cansaço. As bochechas coradas combinavam com o sorriso puro que se estendia pela face, de canto a canto. O azul lacrimejava, e fitava com intensidade o pequeno ser que se encontrava aninhado nos braços finos.

Mesmo que Viktor parecesse frágil, a felicidade que emanava de cada um de seus músculos irradiava por todo o quarto. Yuri entrou, fechou a porta, caminhou até o platinado e tirou de sua testa sua franja que teimava em lhe cobrir as vistas. E então fitou o bebê. As ondinhas de cabelo castanho eram tímidas, finas. Mal cobriam parte da cabeça. A pele pálida era tão fina que quase todas as veias podiam ser vistas, dando um tom vermelho forte. Os olhos fechados firmemente, enquanto os lábios se encontravam no seio de Viktor. Não eram muito grandes, afinal era homem. Mas lá havia leite o suficiente para sua filha. "Leite de ômega é mais forte, por isso os seios são menores", é o que sua mãe sempre lhe dizia. Yuri sorriu, o que importava é que sua sobrinha cresceria forte, tal qual o irmão.

– Ela é linda, né Yurio? Ela saiu de mim, Yurio. – Viktor estava embargado, a voz soluçava.

–Ainda bem que não puxou você. – Yuri riu, e Viktor mostrou a língua. Arfava de cansaço, mas sabia que tudo tinha valido a pena. Seus músculos ardiam, suas costas doíam pelos 8 meses que se passaram. Mas segurar aquele pequeno ser nos braços, ah, Viktor sabia que tinha valido a pena.

–Cadê seu alfa?–A voz de Yuri despertou Viktor dos pensamentos. O platinado respondeu que o homem havia ido buscar o filho mais velho, Mika, para conhecer a irmã. Yuri concordou, e continuou fitando o bebê que se alimentava.

Yuri se orgulhava em dizer que não queria filhos. Dizia que não havia motivos racionais para ter filhos em pleno século XXI. Que era perda de tempo e de dinheiro. Mas não conseguia tirar os olhos da menina. Dentro de si, seu corpo gritava e ansiava por ter filhos também.

–Qual vai ser o nome? –Yuri perguntou com a voz trêmula, o choro de felicidade querendo sair. Mas não o iria fazer, não iria provar para todos que ômegas são frágeis. Não o são. Ele não o é.

–Alissa. Alissa Nikiforov Katsuki. – Viktor respondeu sem hesitar, e então batidas na porta foram ouvidas. Era Yuuri, com o pequeno Mika. O menino de olhos castanhos puxados e fios brancos curtos segurava nas calças do pai alfa. Sua camiseta amarela estava presa dentro do macacão jeans claro com margaridas bordadas nas barras. Sorriu travesso, dando um beijo em seu tio Yurio para então babar a nova irmã.

Ao ver que tudo estava bem, o corpo do loiro entendeu que era hora de ir para casa. O cansaço vencera, e ele precisava dormir. Despediu-se de forma ligeira de sua família, brigou com Yuuri para o moreno ser um alfa forte para o irmão.

No corredor, Otabek estava sentado em um banco, as pernas abertas e os olhos firmes no celular.

–Me leva pra casa? – Otabek sorriu ao ver os olhos e bochechas vermelhos do menor. Ele estava emocionado. Não disse nada, no entanto. Apenas acatou a ordem, ainda lembrando do que Yuri havia dito sobre ter bebês.

Otabek não queria se lembrar que Yuri nunca teria filhos com um alfa como ele. Ele queria viver na ilusão perfeita que sua mente criara. Queria aceitar que seu cérebro pregasse essa peça, para poder sorrir para sempre como uma máscara. E então sorriu, ouvindo o menor bocejar na garupa de sua moto.

***

Faziam cerca de dois meses que Yuri e Otabek estavam naquele relacionamento. Podia nomeá-lo de namoro, já que não tinha saído com mais ninguém além do cazaque, e sabia que o mesmo também lhe dava sua total atenção. Mas como não não tinha recebido um pedido oficial, não sabia se era assim que o outro o via, não que isso o importasse. Estavam num clima bom, tinham um ritmo ótimo, Otabek era o único alfa a quem Yuri respeitava, e muitas vezes ele até mesmo se esquecia que ele de fato era um alfa. Apenas se lembrava quando o maior estava prestes a enfiar seu nó em si, e não reclamava disso.

Estava agora em casa, era quarta a noite, e ele gostaria muito de estar junto do seu moreno, mas tinha que atualizar alguns relatórios para o dia seguinte, mas não os encontrava em lugar algum. Já estava entrando em pânico quando lembrou-se que tinha almoçado com Otabek, e deixado sua pasta no compartimento traseiro da moto, aliviou-se e caminhou até o celular, discando o número do amante, enquanto vestia o casaco e pegava o capacete e chaves para sair.

— Beka, 'cê tá em casa? - perguntou assim que o outro atendeu a chamada.

"Oi gatinho, eu estou sim, estava indo pra cama. Aconteceu alguma coisa?"

— Eu esqueci a merda da pasta com o processo de amanhã na sua moto, eu vou ai buscar tá?

"Eu levo pra você, não tem problema"

— Não precisa, eu já estou saindo, te vejo daqui a pouco, beijo.

***

Otabek estava sentado de forma largada no sofá azul que seu irmão havia escolhido. Ele odiava a cor daquele sofá. Sua mente divagava entre pensar em Yuri sorrindo e Yuri cavalgando sobre seu membro. Já havia pego a pasta do menor, realmente estava em sua moto, e agora aguardava a chegada do loiro que poderia fazê-lo gozar até mesmo em sonho.

Seu corpo arrepiava-se sempre que lembrava do toque do menor, e quando o interfone tocou, levantou praticamente correndo do sofá para atender. A voz do loiro fez seu baixo-ventre fisgar, suas pernas esticaram e os músculos contraíram. Enquanto esperava o rapaz subir, os olhos correram pelo calendário. Ao ver a data, resmungou. Seu cio havia chegado antes da hora.

A campainha tocou, e enquanto limpava o suor que escorria por suas costas, abriu a porta. Yuri encarou assustado o moreno com pupilas dilatas, arfante. O corpo parecia querer saltar sobre o ômega, que se inebriava com o cheiro amadeirado que emanava do alfa. A ereção se fazia visível na calça de moletom.

—Merda, Yuri.

— Be-beka e-eu, seu cheiro, eu... - o loiro olhou para baixo, para o líquido que lhe escorria pelas pernas.

O moreno não deixou o menor responder, segurou seu pescoço com firmeza e enfiou sua língua dentro da boca pequena. Puxou Yuri para dentro do apartamento, os corpos se esfregavam. Os dedos ossudos de Otabek seguraram fortemente a pele macia do ômega.

Puxou o corpo que rebolava para cima, roçando os pênis já úmidos, e então jogou-se com ele no sofá.

—Beka... Eu odeio esse sofá. — Otabek riu da frase do outro, e voltou a beijar cada pedaço de pele que encontrava.

I can't FlyWhere stories live. Discover now