Butterfly Wings

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Os pés de Yuri estavam devidamente aquecidos em meias tricotadas cor de salmão, apoiados de forma preguiçosa sobre o colo de seu, agora, noivo. Deitados na cama de madeira simples que ocupava a maior parte do quarto do loiro.

— Você quer uma menina ou um menino? — Otabek divagava, sua mente passeando entre crianças correndo pelo quintal com os animais. A cena aquecia seu peito.

O ômega passou a mão na barriga, sorriu de canto. As pontas de suas orelhas avermelharam-se.

— Eu acho que... Que eu não quero saber até nascer. — Encarou o cazaque, que também sorriu e lançou-lhe um olhar cumplice.

— Acho que pode ser legal ser surpresa. — Otabek se mexeu, ficando com o rosto sobre a barriga já avantajada — Você já sente ele chutar? — Os olhos castanhos brilharam em expectativa.

— Eu não tenho certeza se são chutes, mas eu já senti algumas vezes. — Yuri apoiou uma mãos na cabeça do cazaque, lhe fazendo um afago carinhoso. — Mas podem ser só gases. — Riu.

— Você sabe acabar com o clima, não é mesmo?

— É um dom! — O russo puxou Otabek pelos cabelos, para que aproximasse o rosto do seu, e sem desgrudar os olhos dos dele, iniciou um beijo calmo.

Logo Otabek tinha o deitado carinhosamente na cama, e com o corpo sob o seu, continuava o ósculo. As mãos firmes percorriam o corpo esguio, causando-lhe arrepios, os lábios gelados encontraram o pescoço, aspirando com desejo daquela glândula que soltava o cheiro que tanto amava. Estava com tantas saudades.

Yuri gemia e se contorcia a cada toque, cada beijo. Queria tanto sentì-lo, queria saciar toda a vontade que tinha sido repelida durantes o tempo que ficaram separados.
As pernas se cruzaram em torno da cintura alheia, às mãos lhe arranhavam as costas.

As mãos de Otabek retiraram sem pressa seus casacos e camiseta, Yuri apenas seguia os instintos, sendo guiado por seu alfa.

Quando a realidade o atingiu.

Seus olhos verdes arregalaram, empurrou o peito do maior.

— Beka, espera. Eu... Eu preciso fazer algo. — Apontou para o banheiro. O maior assentiu com a cabeça, embora o bico em seus lábios indicassem que não estava plenamente satisfeito com aquela situação.

Levantou-se, as pernas cruzando e embolando-se nas cobertas grossas perante a pressa que percorria seu ser. Todo seu sangue fervia. Otabek riu da cena, Yuri correndo para o banheiro como se um bicho estivesse o perseguindo. Deitou-se na cama e esperou pelo retorno do loiro, abrindo uma risada larga ao ouvir a porta fechar com um estrondo alto.

Loiro esse que se encontrava escorado à porta, suspirando forte. Ele precisava realmente fazer aquilo. Escovou os dentes, arrumou o cabelo e juntou confiança. Ele iria conseguir.

E o tempo passou. Alguns minutos que para Otabek pareceram horas. Claro, havia ficado tanto tempo sem o russo, que até essa pequena distância lembrava seu coração da dor que sentira.

A dor da solidão.

Balançou a cabeça, espantando os sentimentos ruins. Os pensamentos ruins. Estava noivo de sua alma conectada, do amor de sua vida. Não havia motivo para temer. Eles estavam juntos, com uma nova vida sendo gerada a partir do fruto de seu deleite.

Resolveu pegar o celular. Jogou um joguinho, dois, enviou mensagem para Jean avisando que havia encontrado Yuri e que estava bem. O loiro demorava. Otabek começou a ficar curioso.

— Yuri, está tudo bem? Você está passando mal? Você caiu aí dentro? — O cazaque sabia que se algo tivesse ocorrido com o ômega, ele iria suportar o máximo que pudesse só para manter seu orgulho de pedir ajuda para um alfa. Isso não era um problema, mas preocupava Otabek. Ouviu um grunhido de raiva do loiro, seguido de um "eu 'tô bem" abafado. Riu, abrindo a porta. — Tem certeza?.... Eita viado.

I can't FlyWhere stories live. Discover now